Nossos primeiros pais, Adão e Eva,  tinham uma visão plena de Deus e gozavam de uma intimidade única com o  Criador. A condição perfeita em que foram criados lhes proporcionava  este privilégio.
Em seu estado originário, o homem era,  por conseguinte, templo vivo de Deus e na sua alma, habitava em graça a  Santíssima Trindade. Na realidade, quando Deus criou o homem, foi para  que esse recebesse os bens sobrenaturais.
Nenhuma outra criatura sobre a terra tem  natureza disposta para receber essa espécie de bens. E é esta elevação  do homem à ordem sobrenatural, que o tornava capaz de um relacionamento  com Deus tão confiante e familiar.
Em tais condições, o corpo do homem era  imortal, e este foi um dos dons preternaturais que foram concedidos à  natureza humana, dom completamente gratuito.
Quando eles pecaram, foram expulsos da  presença de Deus, pois mesmo com todos os dons dados pelo Criador à  criatura, esta tinha um dever de obediência:
“Mas da árvore do conhecimento do bem e  do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer”  (Gen 2,17).
As conseqüências da queda de Adão e Eva  foram terríveis para a humanidade inteira, pois tendo perdido a  inocência, os nossos primeiros pais não poderiam transmiti-la às  gerações futuras. Assim herdamos as conseqüências do pecado original.
Ora, se o pecado original foi capaz de  obscurecer a imagem de Deus no homem, não foi capaz de apagar. Se teve  força para enfraquecer a vontade, não teve força para anular; se pode  desviar a razão, não teve poder bastante para o impedir de conhecer a  verdade.
Quando Deus declara a hostilidade entre a  serpente e a mulher: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua  linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o  calcanhar” (Gen 3,15), pode-se entrever a vitória final da humanidade. É  um primeiro clarão de salvação.
O homem, expulso do paraíso, desejava  ver a Face de Deus novamente; gemia por salvação.
A consciência de dívida para com Deus  foi uma das conseqüências do pecado. Todo homem se considerava devedor  para com o seu Criador. Esta consciência de devedores, levava-os a  oferecer dons ao Senhor de uma forma quase espontânea, ou seja, era  natural que se oferecesse algo do que tenho como sinal de que reconheço  que recebi como graça e dom: “Passado o tempo, Caim apresentou produtos  do solo em oferenda ao Senhor; Abel, por sua vez, também ofereceu as  primícias e a gordura do seu rebanho” (Gen 4,3).
Deus, contudo, não abandonou em  definitivo a criatura decaída no pecado; deu-lhe a lei, expressão de sua  misericórdia, objetivando tornar evidente o caminho da salvação,  permitindo a reparação do pecado e como evitar seus malefícios e, dessa  forma, preparar o homem para a redenção definitiva pela graça  justificadora do cristão.
A lei mosaica prescrevia sacrifícios que  eram distintos por suas formas e aplicações. Alguns destes eram:
• Holocausto (Adoração a Deus)  – As vítimas eram oferecidas ao domínio de Deus. Queimava-se a vítima  completamente, ninguém a comia, para prestar, por essa consumação, uma  homenagem e um reconhecimento pleno ao soberano domínio de Deus, também  chamado sacrifício latrêutico.
• Hóstia pelo pecado (pedido de  perdão) – Era oferecido para a expiação dos pecados, de modo a  tornar Deus propício. A vítima era dividida em três partes, uma parte  consumida no fogo no altar, outra queimada fora do acampamento e uma  terceira, comida pelos sacerdotes, também chamado sacrifício  propiciatório.
• Hóstia pacifica (pedido de  graças) – Eram sacrifícios de ação de graças. Este sacrifício  era feito para pedir a Deus qualquer graça importante, também chamado  sacrifício impetratório.
Estes sacrifícios tinham caráter de  preparação para o sacrifício de Cristo, que os substituiu e os superou,  como um sacrifício perfeito e eterno, que aplacou definitivamente a ira  divina, tornando Deus propício aos homens, tornando também a alma humana  agradável a Deus e a criatura humana eternamente agradecida pela  justificação oferecida pela graça de Deus. Criatura justificada e  liberta do sofrimento eterno na Pessoa do Cristo.
Ir. Hariel do Sacrifício  Eucarístico,PJC

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