quinta-feira, maio 06, 2010

Santa Missa: Os Sacrifícios da Antiga Aliança


Nossos primeiros pais, Adão e Eva, tinham uma visão plena de Deus e gozavam de uma intimidade única com o Criador. A condição perfeita em que foram criados lhes proporcionava este privilégio.
Em seu estado originário, o homem era, por conseguinte, templo vivo de Deus e na sua alma, habitava em graça a Santíssima Trindade. Na realidade, quando Deus criou o homem, foi para que esse recebesse os bens sobrenaturais.
Nenhuma outra criatura sobre a terra tem natureza disposta para receber essa espécie de bens. E é esta elevação do homem à ordem sobrenatural, que o tornava capaz de um relacionamento com Deus tão confiante e familiar.
Em tais condições, o corpo do homem era imortal, e este foi um dos dons preternaturais que foram concedidos à natureza humana, dom completamente gratuito.
Quando eles pecaram, foram expulsos da presença de Deus, pois mesmo com todos os dons dados pelo Criador à criatura, esta tinha um dever de obediência:
“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer” (Gen 2,17).
As conseqüências da queda de Adão e Eva foram terríveis para a humanidade inteira, pois tendo perdido a inocência, os nossos primeiros pais não poderiam transmiti-la às gerações futuras. Assim herdamos as conseqüências do pecado original.
Ora, se o pecado original foi capaz de obscurecer a imagem de Deus no homem, não foi capaz de apagar. Se teve força para enfraquecer a vontade, não teve força para anular; se pode desviar a razão, não teve poder bastante para o impedir de conhecer a verdade.
Quando Deus declara a hostilidade entre a serpente e a mulher: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3,15), pode-se entrever a vitória final da humanidade. É um primeiro clarão de salvação.
O homem, expulso do paraíso, desejava ver a Face de Deus novamente; gemia por salvação.
A consciência de dívida para com Deus foi uma das conseqüências do pecado. Todo homem se considerava devedor para com o seu Criador. Esta consciência de devedores, levava-os a oferecer dons ao Senhor de uma forma quase espontânea, ou seja, era natural que se oferecesse algo do que tenho como sinal de que reconheço que recebi como graça e dom: “Passado o tempo, Caim apresentou produtos do solo em oferenda ao Senhor; Abel, por sua vez, também ofereceu as primícias e a gordura do seu rebanho” (Gen 4,3).
Deus, contudo, não abandonou em definitivo a criatura decaída no pecado; deu-lhe a lei, expressão de sua misericórdia, objetivando tornar evidente o caminho da salvação, permitindo a reparação do pecado e como evitar seus malefícios e, dessa forma, preparar o homem para a redenção definitiva pela graça justificadora do cristão.
A lei mosaica prescrevia sacrifícios que eram distintos por suas formas e aplicações. Alguns destes eram:
Holocausto (Adoração a Deus) – As vítimas eram oferecidas ao domínio de Deus. Queimava-se a vítima completamente, ninguém a comia, para prestar, por essa consumação, uma homenagem e um reconhecimento pleno ao soberano domínio de Deus, também chamado sacrifício latrêutico.
Hóstia pelo pecado (pedido de perdão) – Era oferecido para a expiação dos pecados, de modo a tornar Deus propício. A vítima era dividida em três partes, uma parte consumida no fogo no altar, outra queimada fora do acampamento e uma terceira, comida pelos sacerdotes, também chamado sacrifício propiciatório.
Hóstia pacifica (pedido de graças) – Eram sacrifícios de ação de graças. Este sacrifício era feito para pedir a Deus qualquer graça importante, também chamado sacrifício impetratório.
Estes sacrifícios tinham caráter de preparação para o sacrifício de Cristo, que os substituiu e os superou, como um sacrifício perfeito e eterno, que aplacou definitivamente a ira divina, tornando Deus propício aos homens, tornando também a alma humana agradável a Deus e a criatura humana eternamente agradecida pela justificação oferecida pela graça de Deus. Criatura justificada e liberta do sofrimento eterno na Pessoa do Cristo.

Ir. Hariel do Sacrifício Eucarístico,PJC

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