quarta-feira, janeiro 19, 2011

PENSAMENTOS DE SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD



"Dai-me a alegria de celebrar ao menos uma missa. Apenas uma e, depois, morrer!"



"Deus me chama hoje, amanhã seria muito tarde!"



"A Eucaristia é a suprema manifestação do amor de Jesus; depois dele nada há mais, senão o céu"



"Quando penetrou numa alma uma centelha eucarística, lançou-se no coração um germe divino de vida e de todas as virtudes, e que vale por assim dizer, por si mesmo".




"Prometi a Deus que nada me deteria, devesse eu embora comer pedras e acabar no hospital. E principalmente, pedi a Deus (e talvez fosse isto presunção de minha parte) trabalhar sem o menor conforto humano"



"Nós cremos no amor que Deus nos tem. Crer no amor é tudo aqui; não basta crer na verdade, é preciso crer no amor"



"A melhor preparação para a santa Comunhão é a que se faz em Maria"



"Salvar a minha alma é negócio pessoal. Não posso descansar em ninguém, nem com ninguém repartir o trabalho"



"Dar a uma pessoa a fé, a devoção para com Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, equivale a dar-lhe o segredo e a chave da graça e de todas as demais virtudes"



"Uma boa hora de adoração diante do Santíssimo Sacramento produz maior bem do que todas as igrejas de mármore que possamos visitar ou todos os túmulos que possamos venerar"



"A sagrada Eucaristia é Jesus passado, presente e futuro... É Jesus feito sacramento. Bem-aventurada a alma que sabe encontrar Jesus na Eucaristia, e em Jesus Hóstia tudo"



"A Santa comunhão deve ser o fim de toda vida cristã: todo exercício que não se relaciona com a comunhão está fora de sua melhor finalidade"



"Convencido de que o sacrifício da Santa Missa e a comunhão ao corpo do Senhor são a fonte viva e o ápice de toda a religião, cada um tem o dever de orientar sua piedade, suas virtudes e seu amor de tal modo que se tornem meios que lhe permitam alcançar esse fim: a digna celebração e a recepção frutuosa destes divinos mistérios"



"Quem quiser perseverar que receba a nosso Senhor. É um pão que alimentará seus pobres, força, que o sustentará. E é a Igreja que o quer assim"



"Eu lhes digo que este alimento tomado com intervalos tão prolongados não é mais que um alimento extraordinário, mas onde está o alimento ordinário que deve me sustentar diariamente?"



"Quem não comunga não tem mais que uma ciência especulativa; não conhece nada a não ser palavras, teorias, das quais desconhece o sentido... A alma que comunga não tem primeiro uma idéia de Deus, mas agora o vê, reconhece-o na sagrada mesa"



"A fim de que a alma devota se fortaleça e cresça na vida de Jesus Cristo, tem necessidade de nutrir-se em primeiro lugar de sua verdade divina e da bondade de seu amor de tal modo que possa passar da luz ao amor, e do amor às virtudes"



"A Eucaristia é a vida dos povos. A Eucaristia lhes oferece um centro de vida. Todos podem encontrar-se sem barreira de raça nem de língua para a celebração das festas da Igreja"



"Quão feliz, mil vezes feliz, a alma fiel que encontrou este tesouro escondido, que vai beber neste manancial vivo, que come com freqüência este Pão de vida eterna!"



"O grande mal de nossa época é que não vamos a Jesus Cristo como a seu Salvador e a seu Deus. Abandona-se o único fundamento, a única fé, a única graça da salvação... Então o que fazer? Retornar à fonte da vida, mas não ao Jesus histórico ou ao Jesus glorificado no céu mas sim ao Jesus que está na Eucaristia. Temos que fazê-lo sair de seu esconderijo para que possa de novo colocar-se à cabeça da sociedade cristã... Que venha cada vez mais o reino da Eucaristia: Adveniat regnum tuum!"

São Pedro Julião Eymard: criador da adoração perpétua do Santíssimo Sacramento

Por Roberto Alves Leite




De humilde fabricante de azeite, transformou-se em pregador com palavras de fogo, em profeta, operou milagres e conheceu com antecedência o trono que ocuparia na corte celeste

Em 1804, apareceu no vilarejo de La Mure um amolador de objetos, acompanhado de sua filha de cinco anos de idade, órfã de mãe, que perguntava de casa em casa se havia utensílios para serem afiados por seu pai.
Este tinha por nome Julião Eymard, originário de outra localidade, Auris, onde se casara e tivera seis filhos desse casamento. Perseguido pelos "patriotas" da Revolução Francesa, perdeu boa parte de seu patrimônio. Com a morte da esposa, em 1804, resolveu tentar a sorte noutro lugar.

Deixou então cinco filhos com pessoas amigas e saiu à procura de sustento, levando apenas a caçula. O espírito de solidariedade católica, que ainda havia em La Mure, facilitou o estabelecimento de Julião naquele local, onde prosperou e contraiu novas núpcias.

De seu segundo casamento, nasceu Pedro Julião Eymard em 4 de fevereiro de 1811.
Com o correr dos anos, o menino mostrou-se inteligente e jeitoso, tornando-se a grande esperança do pai para fazer prosperar o negócio que havia montado naquela localidade: uma usina de azeite.

O menino, porém, sentia que era chamado para algo de bem mais elevado do que ser fabricante de azeite. Após várias dificuldades postas pelo pai, conseguiu entrar no seminário para seguir o que sua vocação lhe pedia: tornar-se sacerdote.
Após ordenar-se, celebrou sua primeira Missa em 26 de outubro de 1834.

O novo sacerdote cativava as almas. Após o ofício divino, saía com os fiéis e ficava em frente à igreja, conversando com eles e os instruindo. Operavam-se então conversões impressionantes.

Em 1839 decidiu entrar na Sociedade de Maria para desenvolver cada vez mais sua devoção à Sagrada Eucaristia, a paixão de sua vida. Sua irmã -- aquela menininha que percorria as casas pedindo trabalhos -- insistiu com ele para que ficasse mais um dia em casa, antes de partir para seu novo destino. "Um dia bastará para perder minha vocação" foi a resposta. E seguiu em frente.

Nessa época a todos impressionava sua piedade profunda e terna, enquanto no seu caminhar havia algo de harmonioso que lhe conferia um aspecto militar.

Pregava a Eucaristia e somente a Eucaristia. Porém o fazia de maneira pessoal, concreta e viva, sem muitas especulações meramente teóricas e abstratas. Sua pregação tocava de modo especial as necessidades espirituais de seus ouvintes. Sua palavra de fogo esclarecia, abrasava e ganhava as almas. Seus sermões eram verdadeiras meditações íntimas que lhe saíam pelos lábios, expressão de sua intensa vida interior.

Sua alma era de tal maneira luminosa, que pessoas das mais diversas condições sociais e econômicas, bem como das mais distintas profissões, vinham lhe pedir luzes fora e dentro do confessionário.

Certo dia, em 1853, durante a ação de graças, por solicitação de Nosso Senhor, ele se ofereceu por inteiro a Deus, recebendo então muitas graças, consolações e forças para realizar a tarefa que lhe estava destinada.

Seis anos mais tarde, confidenciou que naquela ocasião prometera a Deus que nada o reteria, mesmo que precisasse comer pedras e morrer em um hospital, trabalhando em Sua obra sem consolações humanas.

Era o primeiro passo para a fundação de seu Instituto, dedicado à adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. As dificuldades fizeram-no soltar essa exclamação: "Chego como um soldado do campo de batalha, não se achando vitorioso, mas cansado e esgotado pelo combate".


E anunciou ao Arcebispo de Paris que queria pôr fogo nos quatro cantos da França, e especialmente em Paris, com a comunhão dos adultos.

O Pe. Eymard e o Cura d'Ars se conheciam e se tornaram verdadeiros amigos em Nosso Senhor Jesus Cristo, cada um procurando estar a par das atividades do outro.

O Cura d'Ars teria mesmo profetizado que o Pe. Eymard sofreria muito, inclusive perseguições de seus melhores amigos. Mas que a congregação por ele fundada seria próspera e se espalharia por todos os países, apesar de tudo e contra todos...

De fato, na obra recém-fundada continuava faltando quase tudo e as deserções começavam. O fundador tornou-se objeto de críticas e perseguições. Escreveram-lhe cartas extremamente mortificantes, profetizando quedas e catástrofes. Como se isso não bastasse apareceu uma ameaça de despejo. Obrigado a se afastar por cinco semanas para tratar da saúde, encontrou a casa com menos gente e com traidores.

Tinha um culto entusiasmado pelo Papado. E não foi sem emoção que se dirigiu a Roma para pedir a aprovação de sua obra, o Instituto do Santíssimo Sacramento.

Uma feliz coincidência facilitou as coisas. Estava orando no altar da Confissão, na Basílica de São Pedro, quando entrou em êxtase e não percebeu um cortejo que se aproximava. Era Pio IX, que ia rezar ali também. Os numerosos fiéis que se encontravam no local, se afastaram para dar passagem ao Papa, ficando somente um padre austero ajoelhado. Quando voltou a si, todo confuso, refugiou-se em um canto; o Papa acabara de se retirar.

No dia seguinte recebeu o Breve Laudatório, assinado na véspera pelo Sumo Pontífice!

Sua palavra era um fogo de caridade e de fé. Havia um tal brilho de santidade em seu olhar, que se pensava em Nosso Senhor. Mesmo antes de começar a falar, já tocava as almas pela sua simples presença. Mais do que a fé, era quase a visão real do Divino Mestre que ele imprimia nas almas. Parecia ver o que falava.

Quanta vida, quanta luz! Seus ouvintes mantinham o olhar fixo na sua pessoa durante toda a pregação. Diz-se que ele desejava ter a voz do trovão para ser entendido por toda parte e por todos.

Traçava, para cada sermão, os limites, as divisões e o encaminhamento do raciocínio, mas... na hora entrava a palavra e a inspiração do coração. Preparava suas homilias diante do Sacrário pois, segundo ele, uma hora na presença do Santíssimo Sacramento valia mais do que uma manhã de estudos nos livros.

Não era raro dizer a uma pessoa os pensamentos que tivera; e aconselhá-la de acordo com tal discernimento.
Certo dia, uma moça da sociedade foi procurá-lo, sem que os pais soubessem, para pedir-lhe um conselho sobre sua vocação. Ao chegar, soube que ele se encontrava em sua hora de adoração ao Santíssimo, durante a qual não costumava atender absolutamente ninguém. Resignada, dirigiu-se à igreja e o viu de costas, ajoelhado, em oração. Nesse mesmo instante Eymard levantou-se, indicando à moça o caminho do confessionário. Comentou depois que sentira que uma pessoa o procurava e tinha necessidade de ajuda.

Entre 1860 e 1868 previu várias vezes os desastres da guerra franco-prussiana e o movimento revolucionário da Comuna de Paris.

Em Saint-Julien de Tours, o Pe. Eymard deu provas de ser santo, vidente e profeta diante de um auditório que o ouvia pela tarde e pela manhã, sempre recolhido e sempre entusiasta.

Certo dia, duas horas antes da procissão de São Julião, o céu escureceu e se armou uma tempestade. O Pe. Eymard, calmo, ordenou que a procissão saísse e... surpresa! Em lugar dos raios e da chuva que já haviam começado, aparece céu azul e um grande sol! "Milagre"! Foi a palavra que aflorou a todos os lábios.

Muitas vezes passava as noites lutando contra o demônio. Pela manhã, no seu quarto havia móveis quebrados ou avariados e sinais em sua face. Comentava que os golpes do demônio são secos como se bate em mármore, mas a dor desaparecia com a pancada.

Em 1861, após comer parte de uma maçã oferecida por uma mulher tida como mágica, uma menina ficou possessa. A mãe, ouvindo falar de Eymard, foi procurá-lo. Este enviou uma camisa e um gorro com a medalha de São Bento, mas a menina os destroçou com seus dentes. O Padre então benzeu um pedaço de pão e o enviou à casa da menina, para que o engulisse na hora em que estaria celebrando uma missa por ela.

Quatro homens forçaram-na a engulir e ela começou a vomitar um liquido preto, cheirando a enxofre, em tal quantidade que escorreu até o chão, ficando então curada. O demônio foi derrotado duplamente, pois o pai de menina, que se encontrava afastado da religião, impressionado, confessou-se, comungou e voltou à prática religiosa.

No final de 1867 repreende os seus por não irem vê-lo com mais freqüência e mais confiança, a fim de pedir uma comunicação mais abundante do espírito da sua vocação. "Nada me perguntais. Quando eu não estiver mais aqui, ninguém terá a graça da fundação. Interrogai-me, usai mais de mim".

Em 1868 escreveu em suas notas que iria fazer parte da corte celeste, participar da bondade de Deus. Um trono lhe estava assegurado no Céu e seu nome estava inscrito no livro da vida; os Anjos e os Santos o esperavam no lugar dos Bem-aventurados e o chamavam de irmão.

Porém, para alcançar um tal píncaro é preciso não só sofrer, mas saber sofrer. Assim, seus últimos anos de vida foram repletos de sofrimentos, ocasionados estes em boa parte por seus próprios religiosos que já não tinham confiança em seu Santo Fundador. Disse ele nessa penosa conjuntura: "Eis-me aqui, Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".


No dia 1º de agosto de 1868, às 14:30 hs, exalou seu último suspiro. Tinha 57 anos e meio. Morreu em sua cidade natal, La Mure, na mesma casa onde nascera. Sua congregação tinha então cinco casas na França e duas na Bélgica, com cinqüenta religiosos.

"Nosso santo morreu!" foi o grito que se ouviu nas ruas e nas casas daquela pequena localidade. A população inteira desfilou diante de seus restos mortais. As pessoas iam com as duas mãos cheias de objetos para serem tocados no corpo do Santo. Seus olhos, que não foram fechados por respeito, guardavam uma expressão extraordinária de vida a ponto de dar a falsa impressão de que não morrera.


Foi beatificado solenemente por Pio XI no dia 12 de julho de 1925 e canonizado por João XXIII em 9 de dezembro de 1962.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Catequese do Santo Padre_ Quarta-Feira 12/01/2011

O primeiro traço original diz respeito ao 'lugar' da purificação das almas. Em Catarina, ao contrário [de sua época], o purgatório não é apresentado como um elemento de paisagem das vísceras da terra: é um fogo não exterior, mas interior. Esse é o purgatório, um fogo interior. [...] Sentimos no momento da conversão, onde Catarina sente de repente a bondade de Deus, a distância infinita da sua vida dessa bondade e um fogo queimando dentro de si mesma. E esse é o fogo que purifica, é o fogo interior do purgatório", ensinou.




O Papa acrescentou que, ali, "a alma é consciente do imenso amor e da perfeita justiça de Deus e, por consequência, sofre por não ter respondido de modo correto e perfeito a tal amor, e exatamente o próprio amor a Deus torna-se chama, o amor mesmo a purifica das suas escórias do pecado".



Apesar da clareza do ensinamento de Catarina, Bento XVI recordou que a santa, na sua experiência mística, nunca teve revelações específicas sobre o purgatório ou sobre almas que ali estão se purificando, mas escritos inspirados.



"Santa Catarina ensina-nos que quanto mais amamos a Deus e entramos em intimidade com Ele na oração, tanto mais Ele se faz conhecer e acende o nosso coração com o seu amor. Escrevendo sobre o purgatório, a Santa recorda-nos uma verdade fundamental da fé que se torna, para nós, convite a rezar pelos defuntos, a fim de que possam chegar à visão beatífica de Deus na comunhão dos santos".



Ele também salientou que as mulheres "dão uma contribuição fundamental à sociedade e à Igreja com a sua obra preciosa, enriquecida pela sua sensibilidade e atenção com os mais pobres e mais necessitados".



Da mesma forma, disse que os santos, "na sua experiência de união com Deus, alcançam um 'saber' tão profundo dos mistérios divinos, no qual amor e conhecimento se compenetram, que são auxílio aos próprios teólogos no seu empenho de estudo".



"Não devemos nunca esquecer que, quanto mais amamos a Deus e somos constantes na oração, tanto mais conseguiremos amar verdadeiramente quem está ao nosso redor, quem nos é próximo, porque seremos capazes de ver em toda a pessoa o rosto do Senhor, que ama sem limites e distinções. A mística não cria distância com o outro, não cria uma vida abstrata, mas, mais que tudo, aproxima do outro, porque se começa a ver e agir com os olhos, com o coração de Deus", explicou.





Santa Catarina



O texto que recolhe aspectos da vida e pensamento de Santa Catarina de Gênova foi publicado em 1551 e é dividido em três partes: a Vita propriamente dita, a Dimostratione et dechiaratione del purgatorio [Demonstração e declaração do purgatório] – mais conhecida como Trattato - e o Dialogo tra l’anima e il corpo [Diálogo entre a alma e o corpo]. A obra teve como autor final o confessor da santa, o sacerdote Cattaneo Marabotto.



Catarina nasceu em Gênova, em 1447. Foi a última de cinco filhos e ficou órfã de ainda quando pequena. A mãe deu-lhe uma válida educação cristã. Aos dezesseis anos, foi prometida em casamento a Giuliano Adorno, que gostava de jogos de azar.



"A própria Catarina foi induzida inicialmente a cultivar um tipo de vida mundana, na qual, contudo, não chegou a encontrar serenidade. Após dez anos, no seu coração havia um sentimento de profundo vazio e amargura", explicou o Pontífice.



Sua conversão iniciou em 20 de março de 1473, quando, indo à Igreja de São Bento e ao Mosteiro de Nossa Senhora das Graças para confessar-se, ajoelhou-se diante do sacerdote e teve uma visão tão clara de suas misérias e defeitos, bem como da bondade de Deus.



"Dessa experiência nasce a decisão que orientou toda a sua vida, expressa nas palavras: 'Não mais o mundo, não mais pecados' (cf. Vita mirabile, 3rv)", continua Bento XVI. A santa somente aceitou narrar as suas experiência de comunhão mística com Deus na perspectiva de dar-Lhe glória e poder beneficiar o caminho espiritual de outros.



Foi no hospital de Pammatone que ela alcançou vértices místicos e viveu uma existência totalmente ativa, apesar da profundidade de sua vida interior. O próprio marido foi conquistado a deixar sua vida dissipada, tornando-se terciário franciscano e transferindo-se ao hospital para dar o seu auxílio à mulher.



"O empenho de Catarina na cura dos doentes segue até o fim de seu caminho terreno, em 15 de setembro de 1510. Da conversão à morte não houve eventos extraordinários, mas dois elementos caracterizaram toda a sua existência: de um lado, a experiência mística, isto é, a profunda união com Deus, sentida como uma união esponsal, e, de outro, a assistência aos doentes, a organização do hospital, o serviço ao próximo, especialmente os mais necessitados e abandonados. Esses dois pólos – Deus e o próximo – preencheram totalmente a sua vida, transcorrida praticamente no interior dos muros do hospital", citou o Santo Padre.

domingo, janeiro 09, 2011

Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Oratio in sancta Lumina, 14-16. 20:PG 36, 350-351. 354. 358-359)
(Séc. IV)

O batismo de Cristo



Cristo é iluminado no batismo, recebemos com ele a luz; Cristo é batizado, desçamos com ele às águas para com ele subirmos. João batiza e Jesus se aproxima; talvez para santificar igualmente aquele que o batiza e, sem dúvida, para sepultar nas águas o velho Adão. Antes de nós, e por nossa causa, ele que é Espírito e carne santificou as águas do Jordão, para assim nos iniciar nos sacramentos mediante o Espírito e a água.



João reluta, Jesus insiste. Eu é que devo ser batizado por ti (cf. Mt 3,14), diz a lâmpada ao Sol, a voz à Palavra, o amigo ao Esposo, diz o maior entre todos os nascidos de mulher ao Primogênito de toda criatura, aquele que estremecera de alegria no seio materno ao que fora adorado no seio de sua Mãe, o que era e seria precursor ao que já tinha vindo e de novo há de vir. Eu é que devo ser batizado por ti. Podia ainda acrescentar: e por causa de ti. Pois sabia que ia receber o batismo de sangue ou que, como Pedro, não lhe seriam apenas lavados os pés.



Jesus sai das águas, elevando consigo o mundo que estava submerso, e vê abrirem-se os céus de par em par, que Adão tinha fechado para si e sua posteridade, assim como o paraíso lhe fora fechado por uma espada de fogo. O Espírito, acorrendo àquele que lhe é igual, dá testemunho da sua divindade. Vem do céu uma voz, pois também vinha do céu aquele de quem se dava testemunho. E ao mostrar-se na forma corporal de uma pomba, o Espírito glorifica o corpo de Cristo, já que este, por sua união com a divindade, é o corpo de Deus. De modo semelhante, muitos séculos antes, uma pomba anunciara o fim do dilúvio.



Veneremos hoje o batismo de Cristo e celebremos dignamente esta festa. Permanecei inteiramente puros e purificai-vos sempre mais. Nada agrada tanto a Deus quanto o arrependimento e a salvação do homem, para quem se destinam todas as suas palavras e mistérios. Sede como luzes no mundo, isto é, como uma força vivificante para os outros homens. Permanecendo como luzes perfeitas diante da grande luz, sereis inundados pelo esplendor dessa luz que brilha no céu e iluminados com maior pureza e fulgor pela Trindade. Dela acabastes de receber, embora não em plenitude, o único raio que procede da única Divindade, em Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem pertencem a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.