Introdução
Roquete e sobrepeliz são duas vestes muito semelhantes. Seus papéis também podem se confundir. Apresentamos aqui a história de tais peças de maneira resumida. Tratamos ainda de seus usos na liturgia e suas principais diferenças. 
O Roquete
Do que se trata
Trata-se de uma "túnica" de cor branca. Geralmente feita de linho fino ou tecido semelhante. Atinge os joelhos. Distingue-se da sobrepeliz principalmente pelas mangas mais estreitas, frequentemente enfeitados com rendas. Pode ser forrada nos punhos e/ou na barra. 
Quem usa e como usa
Esta peça é usada na atualidade por bispos e alguns prelados. Entretanto o direito de usar pode ser concedido à outros: como os cônegos  da igreja catedral. Seu uso se dá com as vestes corais. Não é uma veste  sacra, não podendo ser utilizado como um substituto para o sobrepeliz.  Quando o bispo se troca, pode manter o roquete sobre a batina,  colocando sobre eles o amito, a alva e os demais paramentos. Não pode,  porém usar a sobrepeliz sobre o roquete, no caso de administrar algum  sacramento. 
História
As  primeiras conhecimento do uso do Roquete datam do século IX. Trata-se  de um inventário dos paramentos do clero romano. Neste ele é chamado "camisia". O nome "rochettum" apareceu em Roma no século XIV, não demorou muito para substituir todas as demais denominações. 
Fora de Roma, tal paramento também era usado. No império franco (século IX) , como "Clericalis alba"; e na Inglaterra (século X), sob o nome de "oferslip". No início do século XII, o Roquete é mencionado por Gerloh de Reichersperg como "Talaris túnica". A partir do século XIII em diante, é frequentemente encontrado nos textos sobre liturgia.Um bom exemplo da "camisia" do século XII é o Roquete de Thomas Becket, o único sobrevivente medieval. 
 
O IV Concílio de Latrão prescreveu  seu uso para os bispos que não pertencem a uma ordem religiosa, tanto  na igreja quanto em todas as demais aparições públicas. 
Significado
Com  o resumo de seu uso aos bispos e alguns prelados, o roquete ganhou ao  longo do tempo, o significado de autoridade e jurisdição. 
 Papa em vestes corais com roquete, detalhe nas mangas com renda 
 Dom Eugênio Cardeal Sales com roquete na posse de Dom Orani 
 O então cardeal Ratzinger com roquete 
Pio XII com roquete 
 D. António Barreto, Bispo do Porto (Portugal) 
 Papa João XXIII 
 Bispos de roquete nas vestes corais A sobrepeliz
Do que se trata
Veste branca usada pelos sacerdotes em rituais que não se juntou à missa, por vários ministros no exercício  de suas funções. A liturgia sempre quis colocar uma veste branca como  base, à semelhança dos 24 anciãos que estão nos céus em volta do trono  do Cordeiro (Ap 4, 4). 
Não se sabe ao certo, o início do uso da sobrepeliz.  Sem dúvida era originalmente uma veste reservada para procissões  enterros e ocasiões semelhantes. Na Inglaterra e na França, já era  encontrada no século XI. Na Itália, somente no século XII. Fora usada em  casos isolados, como na administração de alguns sacramentos. Ao fim  deste século já era característica do baixo-clero em suas funções litúrgicas. A vestição da sobrepeliz  sobre os clérigos após a tonsura é descrita nos livros litúrgicos nos  séculos XIV e XV. Os agostinianos tiveram, certamente,um papel  fundamental na propagação do uso da sobrepeliz, usando-a nos serviços litúrgicos e como parte do próprio hábito. Nesta última função a sobrepeliz foi sendo substituída pelo escapulário. Originalmente, a sobrepeliz  era uma vestimenta longa chegando aos pés, no século XIII começou a se  reduzir, até atingir a forma que tem hoje. Seu nome se deve aos países  nórdicos, onde era endossada sobre roupas de pele, por conta do clima frio. 
Acólitos
A sobrepeliz é usada por acólitos que servem à missa como turiferário, cruciferário, ceroferário, etc, tanto na forma ordinária como na forma extraordinária do rito romano. Conforme era usada pelos agostinianos e posteriormente em toda a Itália, no fim do século XII. 
Forma ordinária do rito romano celebrada pelo Papa Bento XVI 
Acólito servindo na forma extraordinária do rito romano 
Idem Cerimoniários
Um dos casos mais notáveis do uso da sobrepeliz é pelos cerimoniários. Eles endossam a sobrepeliz sobre o hábito talar que lhes é conveniente. Abaixo tem-se algumas fotos dos cerimoniários pontifícios usando sobrepeliz.  
Cerimoniários assistindo ao papa durante o rito do lava-pés. Observe que Mons. Guido Marini (à direita) usa sobrepeliz com renda e não roquete. Observe as mangas: são largas. 
Na celebração da sexta-feira santa, durante o rito da adoração da Santa Cruz. Diáconos, Presbíteros e Acólitos assistentes
Na forma extraordinário do rito romano, os diáconos-assistentes usam sobrepeliz. Eles vestem-se ainda com batina e dalmática ao desempenharem sua função. Deixam à mostra, a parte inferior da batina. 
De igual maneira, o presbítero-assistente e os acólitos-assistentes usam a sobrepeliz sob o pluvial; o primeiro com amito. 
À frente do bispo, os dois diáconos assistentes e o presbítero assistente. 
Procissão: os diáconos assisntes à frente do bispo. Podemos observar claramente as sobrepelizes.
Pontifical ao trono na forma extraordinária, os diaconos-assistentes estão à frente com dalmáticas Diferenças básicas
Concluindo  esta pequena esplanação acerca dessas duas vestimentas. Gostaria de  enfatizar as diferenças básicas entre os atuais modelos de roquete e  sobrepeliz. O primeiro é estreito, apresenta grande quantidade de rendas  e notavelmente mandas unidas às da batina. A sobrepeliz é mais larga,  não possui necessariamente rendas e, se as possui, é em menos  quantidade. As mangas são mais largas e não rentes às da batina. Abaixo  detalhe das mangas: 







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