quarta-feira, dezembro 22, 2010

Obra dos Santos Anjos

A PASSIO DOMINI


Na Quinta-feira Santa, Nosso Senhor foi até o Jardim das Oliveiras para rezar, começando assim a Sua Divina Paixão. Ali Ele rezou: "Pai, se for da Vossa vontade, afastai de mim este cálice: no entanto, não se faça a minha vontade, mas a Vossa". Então um Anjo descendo do céu apareceu-Lhe para O fortalecer. Do mesmo modo como o Anjo fortaleceu e consolou Nosso Senhor, o Eterno Sumo Sacerdote, assim nos reunimos na presença de Jesus na Eucaristia para fortalecer espiritualmente e nutrir os nosso sacerdotes, através da intercessão dos santos Anjos. Jesus quis que o Seu sacerdócio permanecesse na Igreja, de uma forma visível através dos sacerdotes. Por essa razão, a atenção para o sacerdócio sacramental da Igreja é uma característica essencial da Obra dos Santos Anjos.

O "mistério pascal" de Jesus Cristo está no centro da nossa fé cristã. A Páscoa de Jesus realizada através de seu sofrimento, morte e ressurreição também está no centro da espiritualidade da Obra dos Santos Anjos. Os membros da OA são encorajados a realizar a memória semanal da Paixão de Nosso Senhor em união com os santos Anjos. Começando cada quinta-feira à noite e prosseguindo até sexta-feira à tarde os membros são convidados a manter um certo grau de recolhimento e de reflexão sobre a Paixão do Senhor. Eles devem passar uma hora na quinta-feira à noite e outra hora na sexta-feira à tarde (de acordo com as possibilidades do próprio estado de vida) dedicando-se à oração e adoração, em união com Jesus Cristo assim como Ele passou através da agonia no Jardim das Oliveiras na Quinta-feira Santa, e morreu na cruz na Sexta-feira Santa.

Assim como o anjo veio fortalecer a Cristo no Jardim do Getsêmani, assim também invocamos os santos Anjos para fortalecer-nos no carregar as nossas próprias cruzes. No entanto, a observância da Passio Domini é acima de tudo uma oração de intercessão para os outros. Durante o tempo que acompanhamos Cristo na sua paixão, oferecemos as gotas do Preciosíssimo Sangue de Jesus que Ele derramou por amor a nós e para a salvação do mundo. Nós oferecemos o Seu sangue, de modo especial para os sacerdotes e para os religiosos, para que eles sejam fiéis no cumprimento de suas vocações. Também intercedemos por aqueles sacerdotes que abandonaram a sua vocação para que eles possam se reconciliar com Cristo e a Sua Igreja.

Nosso Senhor pede que vigiemos com Ele uma hora. Qualquer pessoa seguindo este apelo do Senhor e permitindo ser conduzida pelo seu santo Anjo, aprende, antes de mais, a força do silêncio; silêncio que é algo mais do que "Não falar". É o silêncio dos lábios e do coração, do amor à tranqüilidade e ao recolhimento; o silêncio que tem a reverência como o seu primeiro fruto. Ele também eleva o homem para o mundo das verdades da fé. Ele é o caminho para a purificação e integridade, uma arma contra toda a dissipação, distração e superficialidade.

Existem três fases na vida ascética que consideramos ser a Lei dos santos Anjos: silenciar - escutar - obedecer. Estas três práticas, a seu tempo, deverão dar frutos e tornarem-se, por assim dizer, os atributos característicos de quem é guiado pelos santos Anjos.

A manifestação externa destes atributos se concretiza nas quatro direções fundamentais da Obra: Adoração - Contemplação - Expiação - Missão. É nestas direções que a própria vida com o Anjo encontra a sua expressão. Estas quatro direções não são novas na Igreja. Os numerosos e diversos mosteiros, assim como diversas congregações religiosas o testemunham. Mas, aqui, é a maneira como são realizadas que é nova; também o objetivo é novo, em especial o de expiação pelos sacerdotes.

Ouvimos Nosso Senhor falando aos nossos corações, e imploramos ao Pai Celestial de permitir que uma gota do Preciosíssimo Sangue de Jesus, derramado no Jardim de Getsêmani, possa cair sobre aqueles por quem oramos. No mais profundo desespero de Nosso Senhor, Ele encontrou os Apóstolos dormindo e lhes perguntou: "Então não pudestes vigiar uma hora comigo?". Queremos passar estas três horas com nosso Salvador, para que neste tempo Ele não sofra sozinho.

Venha, então, convidamos você para se reunir conosco e com os santos Anjos neste trabalho abençoado que fazemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amen.

domingo, dezembro 05, 2010

O Segredo da Santidade

São Maximiliano Maria Kolbe dizia que o segredo da santidade é extremamente simples. É somente cumprir a fórmula matemática que diz (v=V). Nessa fórmula, "v" seria a nossa vontade e "V" a Vontade de Deus. Quando a nossa vontade for igual à Vontade de Deus, estraemos certamente no caminho da santidade.

Ano Mariano


Caros amigos, recebi o e-mail do amigo Pe. Rodrigo Maria, Fundador da Comunidade Arca, onde ele nos pede para juntos unirmo-nos e suplicar ao Santo Padre o Papa Bento XVI a graça de termos um novo Ano Mariano entre 2012-2013.

Sabemos que nestes ultimos tempos que estamos vivendo a Igreja está sofrendo muito pela apostasia do silêncio, pelo cisma de tantos padres e bispos que trocam o evangelho da cruz, pela comodidade do bem estar e de alianças políticas encabeçadas por uma falsa teologia da libertação e por um falso aparato ecumênico teológico, isto sem ressaltar a falta de fé e esperança que está reinando dentre muitos em nossas Igrejas e paróquias.


Nada melhor do que suplicar este Ano Mariano, para que juntos com Maria, possamos orar e receber uma nova Efusão do Espírito Santo, pois ninguém melhor do que Ela, para orar conosco e por nós junto ao seu Filho Jesus.


Lembo-lhes que a idéias deste Ano Mariano é comemorar a poderosa intercessão da Virgem Maria, tão estimulada pela Igreja, tão pedida com a prática devocional aprovada com o Tratado da Verdadeira Devoção e da Consagração total proposta pelo grande São Luis de Monfort em seu Tratado.


Mais do que nunca antes temos a necessidade de entregarmo-nos totalmente a Virgem Maria, para sermos todos dela, para que lutando com ela, possamos destruir satanas, que tenta macular a nossa alma, destruir a vida nascente, semear ódia na Igreja e no mundo, e profanando as famnílias. Mais do que nunca se faz necessário recorrermos a Mãe com toda a Igreja, para com Ela esmagarmos a cabeça do demônio que tentas a todo custo semear a morte destruindo o corpo e a alma dos filhos de Maria.


Como diz Nossa Senhora em Medjugorje: "Queridos Filhos, consagrem-se diariamente ao meu Imaculado coração, pois eu vim para vos ajudar a caminhar na estrada da santidade e da paz, sem a oração não sois nada, e com o terço na mão, conseguireis milagres em vossas vidas. Eu estou convosco!"


Desta forma quero estar em unidade com o Pe. Rodrigo Maria, e me unir a esta iniciativa tão santa e salutar, para pedir este ano mariano ao Santo Padre. Quero também contar com a vossa ajuda, para juntos divulgarmos esta carta de pedido ao Santo Padre, em blogs, orkuts. sites, e-mails, listas, twitter, radios, para quer juntos, enviando também a nossa carta ao Santo padre e possamos ter a graça de sermos atendidos.

 Pe. Mateus Maria

OBS.: Peço que envie a vossa carta de pedido, no endereço abaixo:


A Sua Santidade Bento XVI

Palazzo Apostolico
Città del Vaticano
Italy
Posta code: 00120

Com cópia para:


Em.mo Cardinale Tarcisio Bertone

Segreteria di Stato
Città Del Vaticano
Italy - 00120


CARTA ENVIADA PELO PE. RODRIGO MARIA:

Que reine em nossos corações o puro amor de Deus!

Aos católicos, movimentos, associações e a todos que ainda conservam a fé e acreditam no amor.


Caríssimos irmãos diante da situação dramática na qual se encontro o nosso mundo; tendo diante de nossos olhos o aumento da iniquidade, o avanço do mal, a destruição dos valores, a perca da fé e o esfriamento da caridade, somos impelidos a perguntar: Até quando isso continuará? O que podemos fazer para que tudo isso mude? Para que o mal seja superado e o amor volte a prevalecer? O que fazer para que Jesus seja mais conhecido, amado e adorado por todos?


Na verdade Deus já nos deu a resposta! Em meio a esta batalha espiritual O Senhor mesmo estabeleceu sua estratégia para esmagar a cabeça do inimigo, neutralizar a ação do mal. E estender seu reinado nos corações. Ele nos deu uma mãe!


O próprio Jesus consagrou a Igreja aos cuidados de sua mãe Santíssima (“Eis aí a tua mãe”, Jo 25,19), colocando-nos sob sua autoridade, fazendo de nós seus filhos na ordem da Graça, entendendo sua maternidade espiritual sobre todos os corações para que ela nos ensinasse a amar a Deus em verdade levando-nos a fazer tudo quanto Jesus mandou.


Em Fátima (1917) a Santíssima Virgem nos recordou a vontade de Deus e sua estratégia para vencer o inimigo em meio a esta guerra espiritual; Ela nos disse: “Meu filho quer estabelecer ao mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. Eis o remédio para os nossos tempos! Uma verdadeira devoção a Santíssima Virgem. Uma devoção que nos coloque em seu colo, ou melhor, na escola de seu Imaculado Coração, onde devemos aprender o verdadeiro amor a Deus, tornando-nos cristãos autênticos, santos, a altura dos tempos difíceis em que vivemos. O mundo precisa de santos… e Deus determinou que estes fossem formados na escola do Imaculado Coração de sua Mãe Santíssima.


A Total Consagração é um meio privilegiado para se entrar no coração da Santíssima Virgem, pois por este meio, nós aceitamos livremente a maternidade espiritual de Nossa Senhora sobre nós, assumindo a condição de filhos como Jesus determinou. Se os cristãos conhecessem e vivessem a Total consagração a Santíssima Virgem, aprenderiam com a Mãe do Céu a amar a Deus e ao próximo como Jesus ensinou.


Jesus quer que se estabeleça no mundo a devoção ao coração de sua Mãe Santíssima. Como fazer?


Em 2012, o “Tratado da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem” escrito por São Luís Grignion de Montfort completará 300 anos, dando – nos uma singular oportunidade para difundir a devoção ali tão sublimemente ensinada. A concretização deste desejo do coração de Jesus expresso por Nossa Senhora e Fátima, tomará grande impulso, se conseguíssemos junto Santo Padre a graça de um ano Mariano de 2012 a 2013. Pois a exemplo do que aconteceu no ano sacerdotal, toda Igreja se volta para meditar a pessoa e a missão da Santíssima Virgem, tal como apresenta o padre de Montfort que por sua vez, poderia ser apresentado como exemplo de devoção a Santíssima Virgem, e por isso mesmo, de amor a Jesus Cristo.


Irmãos, peçamos ao Santo Padre a Graça de um Ano Mariano em 2012 para que venha ao mundo o esperado Triunfo do Imaculado Coração de Maria e consequentemente o reinado de Jesus em cada coração. Falemos com todos para que enviem carta ao Santo Padre, o Papa, bem como para os cardeais; para os nossos bispos, padres, comunidades, associações e movimentos, pedindo a estes que façam o mesmo, ou seja, que envie ao Santo Padre e aos Cardeais um pedido para que em 2012 – 2013 sejam decretado Ano Mariano.


Segue em anexo um modelo de carta que foi enviada ao Santo Padre pedindo a Graça do Ano Mariano em 2012-2013.


Nos corações de Jesus e Maria,

Pe. Rodrigo Maria
Fraternidade Arca de Maria


MODELO DA CARTA A SER ENVIADA AO SANTO PADRE


A Sua Santidade

Papa Bento XVI

Beatissime Pater,


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Desejosos de contribuir com o retorno da humanidade a Cristo e com a restauração da Fé entre os batizados, queremos suplicar a Vossa Santidade a graça da proclamação de um Ano Mariano em 2012-2013 , quando o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” de São Luis Maria Grignion de Montfort completará 300 anos, bem como fará exatos 25 anos do último Ano Mariano que a Santa Igreja viveu (1987-1988), convocado pelo saudoso Papa João Paulo II.


A exemplo do que ocorreu no Ano Sacerdotal (2009-2010), quando toda Igreja meditou sobre a natureza e importância do sacerdócio cristão – havendo sido proposta a figura de são João Maria Vianney como modelo para os sacerdotes – um Ano Mariano que propusesse a Total Consagração a Jesus por Maria seria ocasião para renovação espiritual de todo povo e incremento de uma nova evangelização .


A Total Consagração ou Santa Escravidão de amor, como é ensinada pelo padre de Montfort é de uma perene atualidade pastoral uma vez que é radicada na renovação das promessas batismais, tornando-se assim meio privilegiado para recuperação da consciência de nosso batismo, bem como de nossa vocação a bem-aventurança eterna.


A proclamação de um Ano Mariano para toda a Igreja tornar-se-ia também uma resposta positiva ao desejo de Nosso Senhor expresso por sua Mãe Santíssima aos pastorinhos de Fátima em 1917, a qual disse : “Meu Filho quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. De fato, a total consagração a Santíssima Virgem traduz muito bem aquela santa dependência que Jesus quis que tivéssemos para com sua Mãe Santíssima a fim de que na escola de seu Imaculado Coração aprendessemos a fazer bem tudo quanto Ele mandou.


Por ser completamente cristocêntrica a devoção à Santíssima Virgem como é proposta por São Luis de Montfort, encontrou no Papa João Paulo II um grande acolhimento, aprovação e recomendação, ao ponto de tornar-se sua dileta via espiritual, mostrando mais uma vez sua atualidade.


Santidade, tudo que os nossos dias precisam é de verdadeiros seguidores de Cristo, de homens e mulheres santas que vivam o seu batismo, que amem a Santa Igreja e a humanidade e que não tenham medo de crer e viver a fé. E não temos duvidas que estes devem ser formados na bendita escola do Imaculado Coração de Maria, pois foi Cristo quem por primeiro nos consagrou e nos confiou aos cuidados desta Mãe Santíssima a fim de que ela nos ensinasse a amar a Deus de verdade.


Padre Santo, estamos em continua oração por Vossa Santidade e por Sua missão.


Em espírito de filial submissão, de joelhos, pedimos Sua Bênção paternal.


Nos corações de Jesus e Maria.


Assinada por....

terça-feira, novembro 30, 2010

A Transverberação do Coração

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De 5 a 7 de agosto de 1918, Padre Pio soube quase ininterruptamente, o que aquele fenômeno chamado misticamente de transverbação.
A transverberação é uma graça extraordinária que alguns santos como Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz tem recebido.
O coração da pessoa escolhida por Deus é traspassado por uma flecha misteriosa ou experimentado como um dardo que ao penetrar deixa atrás de si uma ferida de amor que queima enquanto a alma é elevada aos níveis mais altos da contemplação do amor e da dor. 

O padre Pio recebeu esta graça extraordinária no dia 5 de agosto de 1918.
 
Em grande simplicidade, o padre narrou a seu diretor espiritual o sucedido:
“Eu estava escutando as confissões dos jovens a noite do dia 5 de agosto quando, de repente, me assustei grandemente ao ver com os olhos de minha mente a um visitante celestial que se apareceu frente a mim. Em sua mão levava algo que parecia como uma lança larga de ferro, com uma ponta muito aguda. Parecia que saia fogo da ponta. Vi a pessoa fundir a lança violentamente em minha alma. Apenas pude queixar-me e senti como que se morresse. Disse ao menino que saísse do confessionário, porque me sentia muito enfermo e não tinha forças para continuar. Este martírio durou sem interrupção até a manhã do dia 7 de agosto. 

Desde esse dia sinto uma grande aflição e uma ferida em minha alma que está sempre aberta e me causa agonia.
 
Em 9 de agosto de 1912, assim escreveu a padre Agostino:
 
“Sinto pois, meu padre, que o Amor me vencerá finalmente; a alma corre o risco de dividir-se do corpo pela razão que não posso amar Jesus o suficiente na terra. Sim, minha alma está ferida de amor por Jesus; sou doente de amor; experimento continuamente a dor de amar, aquele ardor que queima e não se consome. Sugeri-me, se autoriza, o remédio para a atual estado de minha alma. Aqui está uma fraca imagem daquilo que Jesus opera em mim. À maneira que uma torrente arrasta bruscamente na profundidade do mar todos que encontra em seu curso, assim a minha alma é aprofundada no oceano, sem demora, reencontrando o amor de Jesus, sem mérito algum meu e sem me dar razão, seduz para dentro de Si todo o Seu tesouro”.
 
Em 12 de agosto deste mesmo ano:
 
“Estava na Igreja para fazer o agradecimento pela Missa quando, de repente, senti o coração ser ferido por um dardo de fogo, vivo e ardente, que pensei matar-me. Me faltam as palavras corretas para fazê-lo compreender a intensidade daquela chama: estou bastante impotente para poder expressar-me. Acredita? A alma, vítima desta consolação, ficou muda. Parecia que uma força invisível submergisse toda naquele fogo… Meu Deus, que fogo!… Um segundo, minha alma já havia sido separada do corpo… Andava com Jesus” (Ep I).

quarta-feira, novembro 24, 2010

Meditando sobre a causa da tristeza da Santíssima Virgem

No dia 16 de dezembro de 1957, esteve com a Irmã Lúcia de Fátima o padre mexicano Agostinho Fuentes, escolhido vice-postulante para a causa de beatificação dos partorzinhos Francisco e Jacinta. O encontro deu-se no Convento de clausura de Coimbra, onde Irmã Lúcia viveu desde que se tornou carmelita descalça.

O sacerdote relata que a religiosa o recebeu cheia de tristeza, magra e muito aflita, comunicando-lhe suas meditadas preocupações.

Passados quase 100 anos é realmente impressionante constatarmos a atualidade e o cumprimento à risca da Mensagem de Fátima; o meio caminho já andando; o quanto ainda falta e, sobretudo, os meios que a Providência continua nos concedendo para a reversão dos trágicos acontecimentos que, de acordo com nossa resposta aos apelos do Céu, implicam diretamente na salvação ou perda de nossas almas.
“Padre, é preciso dizer às pessoas que não devem permanecer à espera de uma convocação à oração e penitência, nem de parte do papa, nem dos bispos, nem dos párocos, nem dos superiores gerais. Chegou o tempo de cada um, por sua própria iniciativa, realizar santas obras e reformar a sua vida segundo a convocação de Nossa Santíssima Mãe”

A causa da tristeza de Nossa Senhora
“Padre, a Senhora está muito triste porque não se deu atenção à sua mensagem de 1917. Nem os bons nem os ruins tomaram conhecimento. Os bons seguem o seu caminho sem preocupar-se com atender às indicações celestes; os ruins, marcham na estrada larga da perdição sem tomar nenhum conhecimento das ameaças de castigo. Creia, padre, o Senhor Deus muito em breve castigará o mundo. O castigo será material e o padre pode imaginar quantas almas cairão no inferno se não se rezar e fizer penitência. Esta é a causa da tristeza de Nossa Senhora."

Catequese de Bento XVI sobre Santa Catarina de Sena

Queridos irmãos e irmãs,
hoje, eu gostaria de falar-vos sobre uma mulher que teve um papel de destaque na história da Igreja. Trata-se deSanta Catarina de Sena. O século em que viveu – o décimo quarto – foi uma época conturbada para a vida da Igreja e da sociedade em geral na Itália e na Europa. No entanto, mesmo nos momentos de maior dificuldade, o Senhor não cessa de abençoar o seu Povo, suscitando Santos e Santas que inspiram as mentes e os corações, levando à conversão e à renovação. Catarina é uma dessas e ainda hoje fala-nos e estimula-nos a caminhar com coragem rumo à santidade, para sermos cada vez mais plenamente discípulos do Senhor.

Nascida em Sena em 1347, em uma família muito numerosa, morreu em sua cidade natal, em 1380. Com a idade de 16 anos, impulsionada por uma visão de São Domingos, entrou na Ordem Terceira Dominicana, o ramo feminino dito das Mantellate. Permanecendo em família, confirmou o voto de virgindade feito privadamente quando ainda era adolescente, dedicou-se à oração, à penitência, às obras de caridade, especialmente em benefício dos doentes.

Quando a fama de sua santidade espalhou-se, foi protagonista de uma intensa atividade de aconselhamento espiritual na relação com todas as categorias de pessoas: nobres e políticos, artistas e gente do povo, pessoas consagradas, eclesiásticos, incluindo o Papa Gregório XI que, naquele período, residia em Avignon e ao qual Catarina exortou enérgica e eficazmente que retornasse para Roma. Viajou muito para solicitar a reforma interior da Igreja e promover a paz entre os Estados: também por esse motivo, o Venerável João Paulo II desejou declará-la copadroeira da Europa: o Velho Continente nunca poderá esquecer as raízes cristãs que formam a base de seu caminho e continua a desenhar, a partir do Evangelho, os valores fundamentais que asseguram a justiça e a harmonia.

Catarina sofreu muito, como muitos Santos. Alguns chegaram a pensar que se devesse ter cautela com ela ao ponto de que, em 1374, seis anos antes de sua morte, o capítulo geral dos Dominicanos convocou-a a Florença para interrogá-la. Colocaram-na junto a um frade douto e humilde, Raimundo de Cápua, futuro Mestre-Geral da Ordem. Ele tornou-se seu confessor e também seu "filho espiritual" e escreveu a primeira biografia completa da santa. Foi canonizada em 1461.

A doutrina de Catarina, que aprendeu a ler com dificuldade e aprendeu a escrever quando já era adulta, está contida no Il Dialogo della Divina Provvidenza ovvero Libro della Divina Dottrina [O Diálogo da Divina Providência ou Livro da Divina Doutrina], uma obra-prima da literatura espiritual, em seu Epistolario [Correspondências] e na reunião dasPreghiere [Orações]. Seu ensino possui uma riqueza tamanha que o Servo de Deus Paulo VI, em 1970, declarou-a Doutora da Igreja, título que se uniu àquele de copadroeira da cidade de Roma, por desejo do Beato Pio IX, e de Padroeira da Itália, de acordo com a decisão do Venerável Papa Pio XII.

Em uma visão que jamais se apagou do coração e da mente de Catarina, Nossa Senhor apresentou-a a Jesus, que lhe deu um esplêndido anel de ouro, dizendo: "Eu, teu Criador e Salvador, esposo-te na fé, que conservarás sempre pura, até quando vieres celebrar comigo no céu as tuas núpcias eternas" (Raimundo de Cápua, S. Caterina da Siena, Legenda maior, n. 115, Siena, 1998). Aquele anel foi visível somente para ela. Nesse episódio extraordinário, colhemos o centro vital da religiosidade de Catarina e de toda a espiritualidade verdadeira: o cristocentrismo. Cristo é para ela como o esposo, com quem há uma relação íntima, de comunhão e de fidelidade; é o bem amado acima de todos os outros bens.

Essa união profunda com o Senhor é ilustrada por um outro episódio da vida dessa grande mística: a troca de corações. Segundo Raimundo de Cápua, que transmite as confidências recebidas de Catarina, o Senhor Jesus lhe aparece segurando na mão um coração humano vermelho esplendente, abre-lhe o peito, introdu-lo e diz: "Querida filha, como no outro dia eu tomei o teu coração que tu me ofereceste, eis que agora te dou o meu, e de agora em diante ficará no lugar que ocupava o teu" (ibid.). Catarina viveu realmente as palavras de São Paulo, "[...] não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20).

Assim como a santa sienesa, todo o crente sente a necessidade de conformar-se com os sentimentos do Coração de Cristo para amar a Deus e o próximo como Cristo mesmo ama. E todos nós podemos deixar-nos transformar o coração e aprender a amar como Cristo, em uma familiaridade com ele nutrida pela oração, meditação da Palavra de Deus e dos Sacramentos, sobretudo recebendo frequentemente e com devoção a santa Comunhão. Também Catarina pertence àquela fileira de santos eucarísticos com que eu desejei concluir a minhaExortação Apostólica Sacramentum Caritatis (cf. n. 94). Queridos irmãos e irmãs, a Eucaristia é um dom extraordinário de amor que Deus nos renova continuamente para alimentar o nosso caminho de fé, revigorar a nossa esperança, inflamar a nossa caridade, para tornar-nos sempre mais semelhantes a Ele.

Em torno de uma personalidade tão forte e autêntica foi-se constituindo uma verdadeira e própria família espiritual. Tratava-se de pessoas fascinadas pela autoridade moral desta jovem mulher de elevadíssimo nível de vida, e às vezes impressionadas também pelos fenômenos místicos de que participava, como o êxtase frequente. Muitos colocaram-se ao seu serviço e, sobretudo, consideraram um privilégio serem guiados espiritualmente por Catarina. Eles chamavam-na de "mamãe", porque, como filhos espirituais, dela obtêm a nutrição do espírito.

Também hoje a Igreja recebe um grande benefício do exercício da maternidade espiritual de tantas mulheres, consagradas e leigas, que alimentam nas almas o pensamento por Deus, fortalecem a fé do povo e orientam a vida cristã rumo a picos sempre mais elevados. "Filho, digo-vos e chamo-vos – escreve Catarina dirigindo-se a um de seus filhos espirituais, o cartuxo João Sabatini –, enquanto dou-vos à luz através de contínuas orações e lembrança constante diante de Deus, como uma mãe dá à luz ao filho" (Epistolario, Lettera  n. 141: A don Giovanni de’ Sabbatini). Ao frade dominicano Bartolomeu de Dominici era usual dirigir-se com estas palavras: "Diletíssimo e queridíssimo irmão e filho em Cristo, doce Jesus".

Uma outra característica da espiritualidade de Catarina está relacionada com o dom das lágrimas. Elas expressam uma sensibilidade profunda e requintada, capacidade de comoção e ternura. Não poucos santos tiveram o dom das lágrimas, renovando a emoção do próprio Jesus, que não reteve ou escondeu suas lágrimas diante do sepulcro de seu amigo Lázaro e da tristeza de Maria e Marta, e à vista de Jerusalém, em seus últimos dias terrenos. Segundo Catarina, as lágrimas dos Santos se mesclam ao Sangue de Cristo, de quem ela falava com tons vibrantes e imagens simbólicas muito eficazes: "Fazei memória de Cristo crucificado, Deus e homem [...]. Tenhais como objetivo Cristo crucificado, esconde-te nas chagas de Cristo crucificado, mergulha-te no sangue de Cristo crucificado" (Epistolario, Lettera n. 16: Ad uno il cui nome si tace).

Aqui nós podemos entender porque Catarina, embora consciente das carências humanas dos padres, sempre teve uma grandíssima reverência por eles: dispensam, através dos Sacramentos e da Palavra, o poder salvador do Sangue de Cristo. A Santa Sienesa convidou sempre os ministros sagrados, também o Papa, a quem chamava de "doce Cristo na terra", a serem fiéis às suas responsabilidades, movida sempre e somente pelo seu amor profundo e constante pela Igreja. Antes de morrer, disse: "Partindo-me do corpo, na verdade, consumei e dei a vida na Igreja e pela Igreja Santa, o que me é singularíssima graça" (Raimundo de Cápua, S. Caterina da Siena, Legenda maior, n. 363).

De Santa Catarina, portanto, aprendemos a ciência mais sublime: conhecer e amar Jesus Cristo e sua Igreja. NoDialogo della Divina Provvidenza, ela, com uma imagem singular, descreve Cristo como uma ponte entre o céu e a terra. Essa ponte é composta por três escadas, constituídas pelos pés, pelo lado e pela boca de Jesus. Elevando-se através das escadas, a alma passa por três fases de toda a via de santificação: a separação do pecado, a prática das virtudes e do amor, a união doce e afetuosa com Deus.

Queridos irmãos e irmãs, aprendemos de Santa Catarina a amar com coragem, de modo intenso e sincero, Cristo e a Igreja. Façamos nossas, por isso, as palavras de Santa Catarina, que lemos no Dialogo della Divina Provvidenza, na conclusão do capítulo que fala de Cristo-ponte: "Por misericórdia lavou-nos no sangue, por misericórdia desejastes conversas com as criaturas. Ó, Louco de amor! Não te bastou encarnar-te, mas desejastes também morrer! [...] Ó misericórdia! O coração meu afoga-se no pensar em ti: que para onde quer que eu dirija meu pensamento, não encontro nada que não seja misericórdia" (cap. 30, pp 79-80). Obrigado

segunda-feira, novembro 22, 2010

Papa constata “primavera eucarística” na Igreja Dedica a catequese à impulsora da festa de “Corpus Christi.

CIDADE DO VATICANO, 17 de novembro de 2010.

"Eu gostaria de afirmar com alegria que hoje, na Igreja, há uma 'primavera eucarística'": esta foi a mensagem do Papa durante a audiência geral desta manhã, na Praça de São Pedro.Bento XVI constatou que muitas pessoas "dedicam seu tempo a estar diante do Tabernáculo, silenciosas, para desfrutar de um diálogo de amor com Jesus! É consolador saber que muitos grupos de jovens redescobriram a beleza de rezar em adoração diante da Santíssima Eucaristia".Diante dos milhares de peregrinos reunidos na praça, o Papa falou sobre outra mulher da Idade Média, Santa Juliana de Cornillon, mística e impulsora da festa de Corpus Christi em toda a Igreja, conhecida também como Juliana de Lieja, que viveu na Bélgica no século XIII.O Pontífice quis sublinhar a importância de recuperar a adoração eucarística fora da Missa: "A fidelidade ao encontro com o Cristo Eucarístico na Santa Missa dominical é essencial para o caminho de fé, mas tentemos também visitar frequentemente o Senhor presente no Tabernáculo!".Citando a encíclica Ecclesia de Eucharistia, constatou que "em muitos lugares, é dedicado amplo espaço à adoração do Santíssimo Sacramento, tornando-se fonte inesgotável de santidade"."Contemplando, em adoração, a Hóstia consagrada, encontramos o dom do amor de Deus, encontramos a Paixão e a Cruz de Jesus, assim como sua Ressurreição. Precisamente por meio do nosso olhar em adoração, o Senhor nos atrai a Si, dentro do seu mistério, para transformar-nos como transforma o pão e o vinho", afirmou.O Papa mostrou seu desejo de que "esta 'primavera eucarística' se difunda para vez mais em todas as paróquias, em particular na Bélgica, a pátria de Santa Juliana".

sexta-feira, outubro 08, 2010

Instruções gerais sobre o canto na Santa Missa – Parte 1


Dando continuidade à série “Canto Litúrgico”, falaremos das instruções gerais que a Igreja nos dá em relação a cantar a missa: gestos, momentos, tipo de texto musical e melodias mais apropriadas para este ministério.
Quando a Instrução Geral do Missal Romano* (IGMR) explana das partes próprias do sacerdote dentro da Santa Missa, deixa claro que existem partes do rito, chamadas de “presidenciais”, que exigem ser proferidas em voz alta e distinta, sendo por todos atentamente escutadas; assim, conclui o texto dizendo que “enquanto o sacerdote as profere, não haja outras orações nem cantos, e calem-se o órgão e qualquer outro instrumento” (IGRM 32). Portanto, embora pareça dar beleza a estas partes, como o “Por Cristo, com Cristo e em Cristo (…)”, não devemos dedilhar o teclado ou o violão como que fazendo um ‘fundo musical’ para estes momentos. É costume em muitos ministérios se fazer este pano de fundo durante os momentos de silêncio, como no momento da Consagração do pão e do vinho, quando ocorre a transubstanciação, onde o sacerdote proclama “TOMAI, TODOS, E COMEI: ISTO É O MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS (…)”; em algumas comunidades até se entoa um canto de adoração após a consagração de cada espécie. Porém, fica claro na IGMR que este é um momento de silêncio absoluto, para que o coração humano preste total atenção ao milagre que se manifesta diante de nossos olhos: Jesus Hóstia Santa, presença real no meio de nós. Este é apenas um exemplo, e para continuar a falar de quando não devemos cantar ou tocar, falemos do silêncio como ação litúrgica dentro da Missa.
Nos tempos de hoje o que percebemos é um grande medo do silêncio dentro do Santo Sacrifício. Creio que se manifesta em nós um receio de que no meio do calar o fiel se disperse do objetivo daquele momento, mas, na grande maioria das vezes, acho mesmo que temos medo de que o silêncio seja interpretado como um erro por parte do ministério de música. É que também a assembléia nem sempre sabe do lugar e da importância do silêncio para falar com Deus dentro da Santa Missa. E assim, preenchemos todos os “vazios” com música. E isso nem sempre é correto.
A Instrução Geral (45) nos apresenta o silêncio sagrado como parte da celebração, que tem uma natureza específica para cada momento. Assim, temos muitos sacerdotes que pedem um momento de silêncio durante o ato penitencial, antes de entoar o canto; após cada leitura e após a homilia pode-se guardar um momento de silêncio para a meditação; após a comunhão é necessário haver um momento de reflexão interior, de silêncio! O quanto nós, ministros de música, temos roubado daqueles que comungam o Senhor quando estendemos demasiadamente o canto de comunhão, mesmo após a fila ter acabado; como logo engatamos o chamado canto de pós-comunhão ou ação de graças – numa nomenclatura mais arcaica – não dando espaço para que a comunidade fique a sós um instante sequer com o Senhor em seu coração. O Guia Litúrgico-Pastoral, da CNBB, pede que “privilegie-se o silêncio, após a comunhão, como expressão da intimidade pessoal e comunitária com o mistério” (p. 30). Que o Senhor faça nossos ouvidos sensíveis ao silêncio sagrado!
Em breve continuaremos este vasto assunto, abordando o canto gregoriano e as melodias e letras que a Santa Mãe Igreja concebe como as mais litúrgicas, além de outros detalhes para melhor celebrar o Santo Sacrifício com música.
*IGMR (Instrução Geral do Missa Romano) é a grande primeira parte do conteúdo do Missal Romano, aquele Livro digno de cor vermelha que permanece sobre o altar e de onde o sacerdote proclama todas as orações durante a Santa Missa. Nada mais natural de que naquele livro haja todas as indicações de como se deve proceder com o Santo Sacrifício, quais suas partes, elementos, tempos litúrgicos, como todos os participantes devem se portar, desde o padre, passando por leitores, acólitos, ministério de música até cada fiel que compõe a assembléia. Sendo a Igreja mãe amorosa, disponibilizou todo este conteúdo num livro que se encontra em qualquer livraria católica, para ser adquirido por qualquer pessoa, com o título “Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário – texto oficial”, produzido pela própria CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a um preço bastante acessível. Os números indicados nesta formação são as referências aos tópicos base para cada comentário, pois na IGMR cada parágrafo é numerado para melhor consulta.

Natalie Rosa P. Neves
Leiga Associada da Fraternidade Missionária O Caminho
Ministério de Música – São Luís/MA

quarta-feira, outubro 06, 2010

Clausura: sinônimo de silêncio e meditação

O recolhimento dos filhos e filhas da Toca de Assis

Por João Paulo Costa Jr.


“A clausura é uma maneira de viver profundamente à Paixão de Cristo numa vida contemplativa vivendo em constante oração e penitência. É um voto de solidão e de recolhimento para encontrar sabedoria em Deus”, afirma a irmã Leocádia, da Toca de Assis de Betim, Sítio Tão Sublime Sacramento.
A clausura é um dos preceitos dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Por suas próprias escolhas, ambos entregam-se ao recolhimento e meditação renunciando ao mundo externo. Este modelo de vida contemplativa existe em diferentes religiões, seja no budismo, cristianismo, hinduísmo, islamismo, etc.
O significado da palavra clausura remete ao estado ou condição de quem não pode sair do claustro, ou seja, do recolhimento que é sempre voluntário e se faz num regime meditativo. É um carisma próprio, de caráter personalíssimo daquele(a) que opta por viver a fé primando pela oração, adoração e também pelo silêncio.
Segundo irmã Samira, “este clima de recolhimento e de silêncio facilita a oração, a ordem, a paz da pessoa no encontro com Deus, passando a ser sacrifício de louvor oferecido ao Pai em nome dos homens”.
A rotina dos enclausurados(as) começa cedo, com a oração da manhã e depois uma pausa para os trabalhos domésticos da Casa Fraterna. Após os cuidados com a Casa e acolhidos, mais oração e recolhimento. Depois de uma hora ou duas horas de recreação e estudos bíblicos, oração de novo até o fim do dia.
Irmã Samira que já viveu enclausurada e agora é a administradora da Casa de Betim, destaca que as religiosas vivem felizes na clausura, na pobreza e na penitência. “É muito bom para as irmãs que não reclamam, muito pelo contrário, ao orarem com a mente e coração, não oram sozinhas, oram com amor e pelo amor de Cristo”. Ela recorda ainda que antes de entrar para a Toca, era funcionária pública, tinha uma vida agitada e somente após a escolha de se tornar filha da pobreza e passar pela consagração em longos períodos de clausura, encontrou paz interior. “Senti um impulso muito forte para uma vida de oração. Só que no mundo lá fora, pela agitação, não tem como fazer isso. Hoje, por tudo que tenho  vivido, pelas orações que são diárias, mesmo não estando em clausura, me sinto muito melhor e um pouco mais completa”.














Para aqueles que se encantam pela vida solitária, os Cartuxos são monges que vivem em clausura.
Conheçam mais no site http://www.chartreux.org/pt/frame.html.

Pax et Bonum!

O enigma da Cartuxa

 
"A Grande Chartreuse!”
- Os mosteiros que não se visitam;
- Um licor famoso;
- Uns homens escondidos;
- O que implica uma vida pouco conhecida;
A través destas páginas poderás descobrir um pouco mais sobre nossa vida...





A realidade da Ordem da Cartuxa

Os Cartuxos formam uma Ordem milenar, fundada por São Bruno.
Hoje em dia, compõe-se de cerca de 450 monges e monjas que levam uma vida solitária no coração da Igreja, e inclui 24 casas distribuídas em três continentes, vivendo a mesma vocação contemplativa.



Monges solitários e contemplativos



Como todos os monges, os cartuxos consagram sua vida inteira à oração, para trabalhar por sua salvação e pela de toda a Igreja. Esta ordem contemplativa se apóia de maneira particular sobre três elementos:
  • a solidão;
  • certa combinação de vida solitária e de vida comunitária;
  • a liturgia cartusiana.



Monges separados do mundo



"Separados de todos, estamos unidos a todos já que é em nome de todos que nos mantemos na presença do Deus vivo." Estatutos 34.2

A solidão implica a separação do mundo. Assegurada pela clausura, esta solidão se concretiza, entre outros modos, em:
- Uma saída por semana, para o Passeio;
- Carência de visitas;
- Sem apostolado exterior;
- Não há rádio nem televisão.

Cristo: o Caminho, a Verdade, e a Vida

"Ego sum via, et veritas, et vita. Nemo venit ad Patrem, nisi per me."
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai senão por mim."
Jo 14, 6.
"[...] desde sempre, com o auxílio do Espírito Santo, Cristo, Verbo do Pai, escolheu homens para que vivam em solidão e se unam a Ele por um amor íntimo." Estatutos 1.1
Para isto é que vivem os cartuxos.


A vida solitária


"Nossa ocupação principal e nossa vocação é a de dedicar-nos ao silêncio e à solidão da cela.[...] Nela com freqüência a alma se une ao Verbo de Deus, a esposa ao Esposo, a terra ao céu, o humano ao divino." Estatutos 4.1

Assim, sacerdotes e irmãos vivem uma vida de oração e de trabalho solitários; os primeiros na cela, e os segundos nas obediências.

Os Ofícios e o trabalho se sucedem segundo um ritmo imutável, ao passo do ano litúrgico e das estações.


A vida comunitária

"A graça do Espírito Santo convoca aos solitários para construir uma comunhão no amor, à imagem da Igreja, que, sendo uma, está estendida por todas partes." Estatutos 21.1
Os cartuxos não são completamente ermitões. As duas dimensões (ativa e contemplativa) presentes em sua vida solitária também se expressam de maneira comunitária: em especial com a missa conventual, o longo ofício noturno, a recreação e o passeio.


A vida material

Conquanto os cartuxos estejam apartados do mundo, não vivem só do espírito. Também eles se vêem na necessidade de responder aos reclamos da humana natureza, ainda que com austeridade.
Os Irmãos se encarregam de uma grande parte destas tarefas. Aos sacerdotes também está reservada uma parte destas tarefas, tanto para ajudar a cobrir as necessidades materiais como para fomentar um bom equilíbrio corporal.

As rendas da Ordem estão em boa parte asseguradas pela comercialização do licor, mas também pelos produtos de artesanato provenientes de algumas das casas.


Maria, mãe e modelo dos Cartuxos

Sob teu amparo nos acolhemos Santa Mãe de Deus,
  não desprezes nossas súplicas nas necessidades,
  antes bem livra-nos sempre de todos os perigos,
  Oh Virgem gloriosa e bendita!
Sub tumm praesidium confugimus, Sancta Dei Genitrix,
  Nostras deprecationes ne despicias in necessitatibus,
  Sed a periculis cunctis libera nos semper,
  Virgo gloriosa et benedicta.


A origem

Um chamado: São Bruno

« Para louvor da glória de Deus, Cristo, palavra do Pai por mediação do Espírito Santo, elegeu desde o princípio alguns homens, a quem levou à solidão para uní-los a si em íntimo amor. Seguindo esta vocação, o Maestro Bruno entrou com seis colegas no deserto de Cartuxa e se instalou ali »
Estatutos 1.1
Quem era Bruno?
Nasceu em Colônia por volta do ano de 1030 e chegou, sendo ainda jovem, a estudar na escola catedralícia de Reins. Adquirido o grau de doutor e nomeado Cônego do Capítulo da catedral, foi designado em 1056 escolaster, isto é, Reitor da Universidade. Foi um dos maestros mais renomeados de seu tempo: «... um homem prudente, de palavra profunda».
Bruno encontra-se cada vez menos a vontade numa cidade onde não escasseiam os motivos de escândalo por parte do alto clero e inclusive mesmo do Arcebispo. Depois de ter lutado com sucesso contra estes problemas, Bruno experimenta o desejo de uma vida mais entregue exclusivamente a Deus.
Depois de uma experiência de vida solitária de breve duração, chegou à região de Grenoble onde o bispo, o futuro São Hugo, ofereceu-lhe um lugar solitário nas montanhas de sua diocese. No mês de junho de 1084 o mesmo bispo conduziu Bruno e seus seis colegas ao deserto do maciço montanhoso de Chartreuse (Cartuxa) que dará seu nome à Ordem. Ali constroem seu eremitério formado com algumas casinhas de madeira que se abrem a uma galeria, que permite aceder sem sofrer demasiado pela intempérie do tempo aos lugares de vida comunitária: A igreja, o refeitório e o Capítulo.
Depois de seis anos de aprazível vida solitária, Bruno foi chamado pelo Papa Urbano II (que fora seu aluno em seu tempo de maestro) ao serviço da Sede Apostólica. Crendo sua novel comunidade que não poderia continuar sem ele, sua Comunidade pensou primeiramente em separar-se, mas finalmente se deixou convencer por continuar a vida na qual tinham sido formados. Conselheiro do Papa, Bruno não se sentia à vontade na Corte Pontifícia. Ele permaneceu somente uns meses em Roma. Com a aprovação do Papa fundou um novo eremitério nos bosques da Calábria, ao sul da Itália, com alguns novos colegas. Ali faleceu a seis de outubro do ano de 1101.
Um depoimento de um de seus irmãos da Calábria :
« Por muitos motivos merece Bruno ser louvado, mas sobretudo por um: Foi um homem de caráter sempre igual (estável). De rosto sempre alegre, e a palavra modesta. Juntava à autoridade dum pai a ternura de uma mãe. Ante ninguém fez ostentação de grandeza, senão que se mostrou sempre manso como um cordeiro. Foi nesta vida, o verdadeiro israelita.»

A primeira Regra: Guigo

« A instâncias de outros eremitérios fundados a imitação de Cartuxa, Guigo, quinto Prior de Cartuxa pôs por escrito a norma de seu propósito (as "Costumes", ou usos de Cartuxa, para 1127) que todos se comprometeram a seguir e imitar como regra de sua observância e como vínculo de caridade da nascente família. »
Estatutos 1.1
Depois que uma avalanche destruiu o eremitério em 1132 sepultando sete monges, o Prior Guigo construiu o eremitério na localização que está até hoje na Grande Cartuxa.

O nascimento da Ordem : Santo Antelmo

« ...durante o priorato de Antelmo se reuniu o primeiro Capítulo Geral (1140) ao qual se submeteram para sempre todas as casas, junto com a mesma casa de Cartuxa. »
Estatutos 1.1
Portanto a partir de 1140 a Ordem dos cartuxos nasceu oficialmente e assim ficou situada entre as grandes instituições monásticas da Idade Média.

As monjas

« Por aquele tempo, as monjas de Prebayón abraçaram também espontaneamente o modo de vida cartusiano. »
Estatutos 1.1
A incorporação teve lugar para em 1145 e foi o início do ramo feminino da família cartusiana.  
Esta foi a origem da nossa Ordem.

A ORDEM HOJE


Situação da Ordem

Em 1984 foi celebrado o 900º aniversário do dia em que Maestro Bruno, nosso Pai, ao entrar com seus companheiros no deserto de Chartreuse. Ele foi o primeiro a praticar um gênero de vida que com a ajuda de Deus tratamos de seguir ainda hoje.
A perseverança ininterrupta de nossa Ordem em seu propósito através das vicissitudes da história, é um sinal de uma solicitude de Deus para ela.
Hoje em dia existem 18 casas de Cartuxos (com uns 370 monges) e 5 casas de Cartuxas (com cerca de 75 monjas). Estas últimas se encontram em França, em Itália e em Espanha. As casas de monges estão na Europa, América, do Norte e do Sul, e Ásia. As Cartuxas no mundo.
Efetivamente, damos muito valor ao fato de que JOÃO PAULO II estimule estimulasse aos Institutos de vida contemplativa para que estabelecessem comunidades nas jovens igrejas. Atualmente continuamos a exploração das possibilidades que existem para a presença da Ordem cartusiana fora do mundo ocidental e uma presença cartusiana na Coréia já foi decidida pelos últimos Capítulos Gerais.

O governo da Ordem

A autoridade suprema da Ordem cartusiana pertence ao Capítulo Geral, que se reúne cada dois anos na Grande Cartuxa, «mãe e origem de toda a Ordem».
Durante esse Capítulo, o Definitório, oito monges eleitos pelos priores (isto é, os superiores) das casas,  forma uma espécie de órgão executivo e a Assembléia plenária o órgão legislativo. Entre Capítulo e Capítulo, a Ordem é governada pelo Prior da Grande Cartuxa ao que se chama «Reverendo Pai», assistido de um Conselho. O último elemento muito importante do governo cartusiano é a instituição dos Visitadores: bienalmente, cada casa é visitada por dois Pais, normalmente Priores de outras Cartuxas.

Os Estatutos

Bruno foi para seus irmãos um modelo vivo, mas não escreveu nenhuma regra monástica para eles. Seus primeiros sucessores, « ... permaneceram naquele lugar sob a direção do Espírito Santo, e guiando-se pela experiência foram criando gradualmente um gênero de vida eremítica próprio, que se transmitia a seus continuadores, não por escrito, senão pelo exemplo. » Estatutos 1.1
Guigo consignou por escrito os Costumes que se usavam na Grande Cartuxa: este é o primeiro texto da Regra cartusiana. Com o correr do tempo se verificaram outras adições ou modificações necessárias. Tornava-se necessário adaptar-se às novas condições de tempos e lugares.
Muito cedo os cartuxos chamaram a sua Regra de vida os Estatutos.
Depois do Concílio Vaticano II, em 1971 e 1973, foram redigidos os «Estatutos renovados da Ordem cartusiana» Para que fossem conformes ao código de Direito canônico de 1983, estes Estatutos foram de novo revisados até chegar aos «Estatutos da Ordem cartusiana», aprovados pelo Capítulo Geral de 1987.
Estes Estatutos, verdadeira soma de espiritualidade monástica, são para nós a transmissão de um caminho de oração. Conduzem-nos à contemplação ou ao «conhecimento saboroso» de Deus, ao qual nossa vida está inteiramente consagrada. («Conhecimento saboroso»: Expressão de Guigo II, autor cartusiano do século 12).  


 

domingo, outubro 03, 2010

Da Verdadeira e Perfeita Alegria



17 0 mesmo (Frei Leonardo) contou que um dia o bem-aventurado Francisco, perto de Santa  Maria dos Anjos, chamou a Frei Leão e lhe disse: "Frei Leão, escreve".



18 Este respondeu: "Eis-me pronto".




19 "Escreve - disse - o que é a verdadeira alegria".



20 "Vem um mensageiro e diz que todos os mestres de Paris entraram na Ordem; escreve: não está aí a verdadeira alegria.


l 21 E igualmente que entraram na Ordem todos os prelados de Além-Alpes, arcebispos e bispos, o próprio rei da França e o da Inglaterra;




22 escreve: não está ai a verdadeira alegria.



23 E se receberes a notícia de que todos os meus irmãos foram pregar aos infiéis e converteram a todos para a fé, ou que eu recebi tanta graça de Deus que curo os enfermos e faço muitos milagres: digo-te que em tudo isso não está a verdadeira alegria".

24 "Mas, o que é a verdadeira alegria?"

25 "Eis que volto de Perusa no meio da noite, chego aqui num inverno de muita lama e tão frio que na extremidade da túnica se formaram caramelos de gelo que me batem continuamente nas pernas fazendo sangrar as feridas.

26 E todo envolvido na lama, no frio e no gelo, chego à porta, e depois de bater e chamar por muito tempo, vem um irmão e pergunta: 'Quem é?' E eu respondo: 'Frei Francisco'.

27 E ele diz: 'Vai-te embora; não é hora própria de chegar, não entrarás'.

28 E ao insistir, ele responde: 'Vai-te daqui, és um ignorante e idiota; agora não poderás entrar; somos tantos e tais que não precisamos de ti'.


29 E fico sempre diante da porta e digo: 'Por amor de Deus, acolhei-me por esta noite'.

30 E ele responde: 'Não o farei. Vai aos crucíferos e pede lá’.

31 Pois bem, se eu tiver tido paciência e permanecer imperturbável, digo-te que aí está a verdadeira alegria, a verdadeira virtude e salvação da alma".
Mensagem de do papa Bento XVI para a 25ª Jornada Mundial da Juventude
Sex, 19 de Março de 2010 14:14 cnbb
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Jornada Mundial da Juventude“Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” (Mc 10, 17)


Queridos amigos,


Celebra-se este ano o 25º aniversário de instituição da Jornada Mundial da Juventude, desejada pelo Venerável João Paulo II como encontro anual dos jovens crentes do mundo inteiro. Foi uma iniciativa profética que deu frutos abundantes, permitindo às novas gerações cristãs encontrar-se, pôr-se à escuta da Palavra de Deus, descobrir a beleza da Igreja e viver experiências fortes de fé que levaram muitos à decisão de doar-se totalmente a Cristo.


Esta XXV Jornada representa uma etapa rumo ao próximo Encontro Mundial dos Jovens, que terá lugar no mês de Agosto de 2011 em Madrid, onde espero sejais numerosos a viver este evento de graça.


Para nos prepararmos para tal celebração, gostaria de vos propor algumas reflexões sobre o tema deste ano: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (Mc 10, 17), tirado do episódio evangélico do encontro de Jesus com o jovem rico; um tema abordado já em 1985 pelo Papa João Paulo II numa belíssima Carta, a primeira dirigida aos jovens.
1. Jesus encontra um jovem


«Quando saía [Jesus], para se pôr a caminho – narra o Evangelho de São Marcos – aproximou-se dele um homem a correr e, ajoelhando-se, perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Sabes os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudarás, honrarás teu pai e tua mãe”. Ele respondeu-lhe: “Mestre, tenho guardado tudo isto desde a minha juventude”. Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele, e respondeu-lhe: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!”. Mas, ao ouvir tais palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, pois tinha grande fortuna» (Mc 10, 17-22).


Esta narração exprime de maneira eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, pelas vossas expectativas, pelas vossas esperanças, e mostra como é grande o seu desejo de vos encontrar pessoalmente e entrar em diálogo com cada um de vós. Com efeito, Cristo interrompe o seu caminho para responder ao pedido do seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade àquele jovem, que é impelido por um ardente desejo de falar com o «Bom Mestre», para aprender dele a percorrer o caminho da vida. Com este trecho evangélico, o meu Predecessor queria exortar cada um de vós a «desenvolver o próprio diálogo com Cristo – um diálogo que é de importância fundamental e essencial para um jovem» (Carta aos jovens, n. 2).
2. Jesus fitou-o e sentiu afeição por ele


Na narração evangélica, São Marcos sublinha como «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). No olhar do Senhor, está o coração deste encontro muito especial e de toda a experiência cristã. Com efeito, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos as costas.


Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: «Faço votos por que experimenteis um olhar assim! Faço votos por que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor» (Carta aos jovens, n. 7). Um amor, que se manifestou na Cruz de maneira tão plena e total, que São Paulo escreve maravilhado: «Amou-me e entregou-se por mim» (Gl 2, 20). «A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre – escreve ainda o Papa João Paulo II – torna-se um ponto de apoio firme para toda a nossa existência humana» (Carta aos jovens, n. 7) e permite-nos superar todas as provas: a descoberta dos nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.


Neste amor, encontra-se a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se verdadeiramente encontramos Jesus, não podemos deixar de o testemunhar àqueles que ainda não se cruzaram com o seu olhar.
3. A descoberta do projeto de vida


No jovem do Evangelho, podemos vislumbrar uma condição muito semelhante à de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.


O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» A estação da vida em que vos encontrais é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos concedeu e das vossas responsabilidades. É, igualmente, tempo de opções fundamentais para construir o vosso projeto de vida. Por outras palavras, é o momento de vos interrogardes sobre o sentido autêntico da existência, perguntando a vós mesmos: «Estou satisfeito com a minha vida? Ou falta-me ainda qualquer coisa»?


Como o jovem do Evangelho, talvez vós vivais também situações de instabilidade, de perturbação ou de sofrimento, que vos levam a aspirar a uma vida não medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? Que devo fazer? Qual poderia ser o meu projeto de vida? «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?» (Ibid., n. 3).


Não tenhais medo de enfrentar estas perguntas! Longe de vos acabrunhar, elas exprimem as grandes aspirações, que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Esperam respostas não superficiais, mas capazes de satisfazer as vossas autênticas expectativas de vida e felicidade.


Para descobrir o projeto de vida que vos pode tornar plenamente felizes, colocai-vos à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: «Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la». Estai certos de que vos responderá. Não tenhais medo da sua resposta! «Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo» (1 Jo 3, 20)!
4. Vem e segue-me!


Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projeto pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: «Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança sem reservas em Deus. Os santos acolhem este convite exigente e, com docilidade humilde, põe-se a seguir Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição na lógica da fé, às vezes humanamente incompreensível, consiste em nunca se colocarem a si mesmos no centro, mas decidirem ir contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho» (Bento XVI, «Homilia por ocasião das canonizações», in L'Osservatore Romano, 12-13/X/2009, pág. 6).


A exemplo de muitos discípulos de Cristo, acolhei também vós, queridos amigos, com alegria o convite a seguir Jesus, para viverdes intensa e fecundamente neste mundo. Com efeito, mediante o Batismo, Ele chama cada um a segui-lo com ações concretas, a amá-lo sobre todas as coisas e a servi-lo nos irmãos. Infelizmente, o jovem rico não acolheu o convite de Jesus e retirou-se pesaroso. Não encontrara coragem para se desapegar dos bens materiais a fim de possuir o bem maior proposto por Jesus.


A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um, quando não tem a coragem de seguir Cristo, de fazer a escolha justa. Mas nunca é tarde demais para lhe responder!


Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical. Neste Ano Sacerdotal, gostaria de exortar os jovens e adolescentes a estarem atentos para ver se o Senhor os convida a um dom maior, no caminho do sacerdócio ministerial, e a tornarem-se disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de predileção especial, empreendendo, com a ajuda de um sacerdote, do diretor espiritual, o necessário caminho de discernimento. Depois, não tenhais medo, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chamar à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe dar alegria profunda a quem responde com coragem.


E, a quantos sentem a vocação ao matrimônio, convido a acolhê-la com fé, comprometendo-se a lançar bases sólidas para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.
5. Orientados para a vida eterna


«Que devo fazer para alcançar a vida eterna?»: esta pergunta do jovem do Evangelho parece distante das preocupações de muitos jovens contemporâneos; porventura, como observava o meu Predecessor, «não somos nós a geração cujo horizonte da existência está completamente preenchido pelo mundo e pelo progresso temporal?» (Carta aos jovens, n. 5). Mas a questão acerca da «vida eterna» impõe-se em momentos particularmente dolorosos da existência, como quando sofremos a perda de uma pessoa querida ou experimentamos o insucesso.


Mas o que é a «vida eterna», de que fala o jovem rico? Jesus no-lo explica quando, dirigindo-se aos seus discípulos, afirma: «Ei de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). São palavras que indicam uma proposta sublime de felicidade sem fim: a alegria de sermos cumulados pelo amor divino para sempre.


O interrogar-se sobre o futuro definitivo que nos espera dá sentido pleno à existência, porque orienta o projeto de vida não para horizontes limitados e passageiros mas amplos e profundos, que levam a amar o mundo, tão amado pelo próprio Deus, a dedicar-se ao seu desenvolvimento, mas sempre com a liberdade e a alegria que nascem da fé e da esperança. São horizontes que nos ajudam a não absolutizar as realidades terrenas, sentindo que Deus nos prepara um bem maior, e a repetir com Santo Agostinho: «Desejemos juntos a pátria celeste, suspiremos pela pátria celeste, sintamo-nos peregrinos aqui na terra» (Comentário ao Evangelho de São João, Homilia 35, 9). Com o olhar fixo na vida eterna, o Beato Pier Giorgio Frassati – falecido em 1925, com a idade de 24 anos – dizia: «Quero viver; não ir vivendo!» e, numa fotografia a escalar uma montanha que enviou a um amigo, escrevera: «Rumo ao alto!», aludindo à perfeição cristã mas também à vida eterna.


Queridos jovens, exorto-vos a não esquecer esta perspectiva no vosso projeto de vida: somos chamados à eternidade. Deus criou-nos para estar com Ele, para sempre. Aquela ajudar-vos-á a dar um sentido pleno às vossas decisões e a dar qualidade à vossa existência.
6. Os mandamentos, caminho do amor autêntico


Jesus recorda ao jovem rico os dez mandamentos como condições necessárias para «alcançar a vida eterna». Constituem pontos de referência essenciais para viver no amor, para distinguir claramente o bem do mal e construir um projeto de vida sólido e duradouro. Também a vós, Jesus pergunta se conheceis os mandamentos, preocupando-vos em formar a vossa consciência segundo a lei divina, e se os pondes em prática.


Sem dúvida, trata-se de perguntas contra a corrente em relação à mentalidade contemporânea, que propõe uma liberdade desligada de valores, de regras, de normas objetivas, e convida a não colocar limites aos desejos do momento. Mas este tipo de proposta, em vez de conduzir à verdadeira liberdade, leva o homem a tornar-se escravo de si mesmo, dos seus desejos imediatos, de ídolos como o poder, o dinheiro, o prazer desenfreado e as seduções do mundo, tornando-o incapaz de seguir a sua vocação natural ao amor.


Deus dá-nos os mandamentos, porque nos quer educar para a verdadeira liberdade, porque quer construir conosco um Reino de amor, de justiça e de paz. Ouvi-los e pô-los em prática não significa alienar-se, mas encontrar o caminho da liberdade e do amor autênticos, porque os mandamentos não limitam a felicidade, mas indicam o modo como encontrá-la. No início do diálogo com o jovem rico, Jesus recorda que a lei dada por Deus é boa, porque «Deus é bom».
7. Temos necessidade de vós


Quem vive hoje a condição juvenil encontra-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises e derivas atuais. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz. O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor guardou no coração de cada um de vós, plasmados pelo encontro com Cristo, podem dar esperança autêntica ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de enfrentar com serenidade o caminho da vida e assumir as responsabilidades familiares e profissionais. Comprometei-vos a construir o vosso futuro através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, para servir o bem comum de maneira competente e generosa.


Na recente Carta Encíclica sobre o desenvolvimento humano integral, Caritas in veritate, enumerei alguns dos grandes desafios atuais que são urgentes e essenciais para a vida deste mundo: a utilização dos recursos da terra e o respeito pela ecologia, a justa repartição dos bens e o controle dos mecanismos financeiros, a solidariedade com os países pobres no âmbito da família humana, a luta contra a fome no mundo, a promoção da dignidade do trabalho humano, o serviço à cultura da vida, a construção da paz entre os povos, o diálogo inter-religioso, o bom uso dos meios de comunicação social.


São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projeto de vida exigente e apaixonante, no qual investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heróicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor.


Neste Ano Sacerdotal, convido-vos a conhecer a vida dos santos, em particular a dos santos sacerdotes. Vereis que Deus os guiou, tendo encontrado o seu caminho dia após dia precisamente na fé, na esperança e no amor. Cristo chama cada um de vós a comprometer-se com Ele e a assumir as próprias responsabilidades para construir a civilização do amor. Se seguirdes a sua Palavra, também o vosso caminho se iluminará e vos conduzirá rumo a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida.


Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com a sua proteção. Asseguro-vos uma lembrança particular na minha oração e, com grande afeto, vos abençôo.


BENEDICTUS PP. XVI