segunda-feira, maio 24, 2010

Pentecostes, infinita misericórdia de Deus!


Amados irmãos e irmãs

Durante todos esses dias que antecedem Pentecostes tenho aumentado minhas súplicas e orações pedindo que verdadeiramente o fervor daquele primeiro e inesquecível encontro com o Senhor possa ser suscitado em todo o vosso ser novamente.

Tenho visto com um enorme pesar que com o passar do tempo o cristianismo tem se tornado para muitos um fardo pesado a carregar. O que deveria constituir-se numa experiência profundamente libertadora acabou-se por se tornar uma experiência altamente castradora e punitiva. As vezes fico a me perguntar o que o cristianismo ainda tem para alguns, de Cristo.

Tal postura lembra mais um psêudo-cristianismo do que o cristianismo autêntico. Um exemplo disso foi o que aconteceu com Martinho Lutero. Lutero foi um homem que se deixou consumir pela imagem de um Deus severo cujo único propósito seria punir implacavelmente os homens pelos pecados cometidos.

Desde que era frade agostiniano assim já se comportava. Tomado por um incomensurável escrupúlo, se confessava toda semana e mesmo assim não acreditava que Deus o havia perdoado. Poderá existir, por acaso, pior pecado do que o de duvidar que Deus possa nos perdoar?

Peçamos que a graça desse Pentecostes possa fazer-nos realmente voltar aquela experiência primeira da infinita misericórdia de um Deus que nos tomou nos braços e nos apertando ao peito nos amou profundamente. Se naquele dia sentimos o amor de um Deus que nos amou na situação de miséria que nos encontrávamos, o cristianismo precisa ser a garantia da perpetuação desse amor e não um pesado fardo a carregar.

Se Ele morreu por nós quando ainda éramos pecadores imagine agora que Ele tem visto nosso esforço em sermos melhores a cada dia. Quem sabe o que nos falta é olharmos para nós mesmos como Deus nos olha; com longanimidade.

A longanimidade é um fruto do Espírito Santo que nos leva a ter uma atitude paciente e respeitosa diante de nossas fragilidades e das fragilidades dos outros. É poder dizer para si mesmo “sei que não vos amo Senhor como gostaria mais sei que chegarei lá”; “sei que meu irmão não é o cristão que deveria ser mais sei que um dia será”.

Santo Agostinho depois de uma vida de erros e buscas assim exclamou quando experimentou o amor misericordioso do Senhor: “Não sou aquilo que gostariam que eu fosse e nem tão pouco sou aquilo que gostaria de ser. De uma coisa, porém, estou certo, eu já não sou mais o mesmo”. Isso é ter sobre si um olhar de longanimidade.

Desejo do mais profundo de minha alma que esse Pentecostes traga para todos vós esse olhar de quem se auto percebe como alguém que hoje mais ama do que odeia, mais acerta do que erra, mais ajuda do que se omite, mais tenta do que se deixa abater por um espírito de derrotismo.

O cristianismo não pode ser um fardo pesado a carregar, mas sim uma jornada segura a ser trihada, passo a passo, em meio a tensão constitutiva dessa aventura que se chama viver.

Portanto não desperdice os teus dias se auto-condenando, Deus te garante o agora para poder recomeçar.

Invista teus dias construindo relacionamentos que te garantam o amor incondicional (expressão maior do amor de Deus) pois são estes que estarão por perto quando você mais precisar.

Um santo e poderoso Pentecostes em tua vida.

Pe. Gilson Sobreiro
Fundador da Fraternidade O Caminho

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