domingo, agosto 15, 2010

Santa Clara, seguidora fiel do Cristo Crucificado, amante da santa pobreza

“A nossa vocação é o maior de todos os benefícios que recebemos do nosso benfeitor, o Pai das Misericórdias, pelos quais devemos render infinitas graças; e quanto mais perfeita ela é, tanto mais d’Ele nos tornamos devedores” (TCL2).
A Cidade de Assis na Itália, conteve e contem até hoje dois grandes tesouros: São Francisco e a Jovem Clara. Clara no nome Clara na vida e Claríssima nas virtudes.
Clara nasceu no ano 1193, no seio de uma família nobre, culta e de condição financeira extremamente assente. Contudo o que a jovem santa mais queria era seguir os ensinamentos do “Poverello de Assis”, que a tinha como sua plantinha.
A jovem Clara era neta e filha de fidalgos guerreiros das mais ilustres e poderosas famílias de Assis. Viviam num palácio na cidade, possuíam um castelo nos arredores e consideráveis propriedades. Seus pais eram Hortolana, mulher de fé, e Favarone, conde da alta sociedade.
Clara foi batizada na mesma capela que Francisco fora batizado doze anos atrás. A sua infância e juventude foi a de uma menina fidalga. Gostava de vestidos de seda bordados, usava muitas vezes jóias quando com a família ia às festas da sua cidade ou assistia aos torneios onde a destreza dos irmãos e amigos era certamente para ela um motivo de aplauso.
Aos doze anos era considerada de uma beleza fora do comum e os seus dotes artísticos eram o orgulho da mãe e do pai. Sr. Favarone cria que já era chegada à idade de casá-la, mas a pura Clara foi dizendo que não estava preparada, pois já sabia deste sempre que sua vida era consagrada ao Senhor, o Esposo de sua alma.
Quando a jovem Clara tinha mais ou menos treze anos, na Cidade de Assis só se falava do filho de Sr. Bernardone e dona Pica, o “louco” Francisco, que tinha dado o cavalo a um pobre e depois desaparecido de casa, indo morar numa ermida abandonada a um quilômetro da cidade, recolhido em oração. Isso deixou a jovem extremamente inquieta!
Durante algum tempo, a jovem Clara foi à Capela de Santa Maria dos Anjos ouvir a pregação de Francisco e conversar com ele. Ia vestida de maneira discreta, sobre a cabeça colocava um manto pesado para não ser reconhecida, sendo acompanhada de uma amiga de confiança.
Na relação de Francisco e Clara percebemos claramente o valor abissal de um testemunho, onde a jovem segue Cristo na radicalidade do Evangelho pela vida incontestável de Francisco.
Durante quatro anos, silenciosamente, sem mesmo dizer à mãe o que se passava no seu pensamento, Clara vai meditar na sua vida. Aos dezoito anos, no dia 18 de Maio de 1212, sai de noite a casa, acompanhada da amiga fiel, Filipa de Guelfuccio, descem a encosta até a Porciúncula onde Francisco e os freis as esperam.
Levou por baixo do manto um vestido de noiva, adornada com jóias: é o costume que ainda hoje se mantém nas tomadas de hábito das freiras que depois despem as vestes da “riqueza mundana” para envergarem o hábito da pobreza. Neste caso a verdadeira pobreza franciscana, o véu branco da pureza e o negro símbolo da penitência. Inês, irmã de Clara, quinze dias depois fez o mesmo, e a própria mãe, mais tarde, já viúva, vai também entrar num convento.
Clara sempre foi uma mulher de vida interior e amante da santa pobreza. Nunca permitiu que nenhuma de suas irmãs levasse uma vida distante do Evangelho, pelo contrário, a vida da jovem abadessa era um convite diário a viver da essência evangélica.
A vida que as irmãs levavam no convento era diferente de todas as formas de vida consagrada feminina que a Igreja concebia naquela época, levavam uma vida de austeridade e fraternidade, onde em poucos anos a comunidade das Damas Pobres estava repleta de vocações, isso mostra que a radicalidade sempre será algo que atraia aos jovens.
Clara foi deposito de fé do carisma franciscano. Ela guardou com veemência a opção da comunidade nascente pelos pobres e pela vida simples. A opção pela mais absoluta pobreza, para melhor viver o cristianismo, faz dela uma mulher admirável para os parâmetros da sua época e para a eternidade.
A nossa Fraternidade tem um “santo orgulho” de ter como matrona Santa Clara de Assis, pois como ela queremos seguir a Cristo sem excessos, crendo que a brevidade desta vida não pode nos tirar o foco da Eternidade.
Clara tem nos ensinado muito na vivência do Evangelho, por isso, que a ela rendemos toda veneração, carinho e admiração, pois traçou com muita severidade e amor o caminho que trilhamos diariamente. Vejamos sua exortação:
“Mantém-te firme no que já alcançastes; sê constante no que fazes e não desanimes no caminho, corre veloz, com passo leve e sem tropeçar, que nem a teus pés o pó se apegue, avança segura, alegre e jovial, no caminho da felicidade, não acredites, nem confies, em quem te tentar desviar deste propósito; ultrapassa todo o obstáculo do caminho, e sê fiel ao altíssimo estado de perfeição a que te chamou o espírito Santo” (2 CCL).
Santa clara é uma descoberta que os homens da pós-modernidade precisam fazer, e uma re-descoberta que a vida religiosa necessita beber com abundancia.
Portanto, Seráfica Mãe Santa Clara intercedei por nós junto ao Amado Jesus, para que pela vossa oração sejamos mais fieis as propostas do Evangelho.
Oh, Santa Clara, seguidora fiel do Cristo Crucificado, amante da santa pobreza e portadora das virtudes do Senhor, olhai afetuosamente para a nossa Pequena Obra, a Fraternidade O Caminho, que com tanta devoção tem buscado vossa intercessão.
Ouvi as nossas súplicas e atendei-nos, pois confiantes recorremos a vossa diligente mediação. Necessitados das bênçãos do Senhor, rogamos-vos que alcanceis de Cristo a saúde espiritual e corporal, e que pela fidelidade ao carisma desta Obra sejamos abençoados com santas vocações.
Que a Virgem Maria nos ensine o caminho da docilidade e do verdadeiro serviço a Cristo e a Sua Igreja. Amém, Assim seja!



Ir. Raphael Estevão da Santa Cruz.
Forania Nossa Senhora da Assunção.

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