Das Homilias em louvor da Virgem-Mãe, de São Bernardo, abade
(Hom. 2,1-2.4: Operaomnia, Edit. Cisterc. 4 [1966], 21. 23) (Séc.XI)
Preparada pelo Altíssimo, prometida pelos Patriarcas
A Deus competia nascer de uma virgem unicamente; e era claro que do parto da Virgem
somente viesse Deus à luz. Por este motivo, o Criador dos homens, para se fazer homem
nascido de ser humano, devia dentre todas escolher, ou melhor, criar para si a mãe tal, como
sabia convir a si e ser-lhe agradável em tudo.
Quis então que fosse uma virgem. Da imaculada nascendo o imaculado, aquele que purificaria
as máculas de todos.
Ele a quis também humilde, donde proviesse o manso e humilde de coração, que iria mostrar a
todos o necessário e salubérrimo exemplo destas virtudes. Concedeu, pois, à Virgem a
fecundidade, a ela a quem já antes inspirara o voto de virgindade e lhe antecipara o mérito da
humildade.
A não ser assim, como poderia o anjo dizê-la cheia de graça, se algo, por mínimo que fosse,
faltasse à graça? Assim, aquela que iria conceber e dar à luz o Santo dos santos, recebeu o dom
da virgindade para que fosse santa no corpo, e, para ser santa no espírito, recebeu o dom da
humildade.
Esta Virgem régia, ornada com as jóias das virtudes, refulgente pela dupla majestade da alma e
do corpo, por sua beleza e formosura conhecida nos céus, atraiu sobre si o olhar dos anjos. Até
atraiu sobre si a atenção do Rei,que a desejou e arrebatou das alturas até si o mensageiro
celeste.
O anjo foi enviado à Virgem (Lc 1,26-27). Virgem na alma, virgem na carne, virgem pelo
propósito, virgem enfim tal como a descreve o Apóstolo, santa de espírito e de corpo. Não
pouco antes, nem por acaso encontrada, mas eleita desde o princípio dos séculos, conhecida
pelo Altíssimo e preparada para ele, guardada pelos anjos, prefigurada pelos patriarcas,
prometida pelos profetas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário