terça-feira, abril 26, 2011

Da Homilia pascal de um Autor antigo

Cristo, autor da ressurreição e da vida

Lembrando a felicidade da salvação recuperada, Paulo exclama: assim como por Adão entrou a
morte neste mundo, da mesma forma por Cristo foi restituída a salvação ao mundo.
(cf. Rm
5,12). E ainda: O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo homem, que vem do
céu, é celeste
(1Cor 15,47).

E prossegue, dizendo: Como já refletimos a imagem do homem terreno, isto é, envelhecido pelo
pecado, assim também refletimos a imagem do celeste
(1Cor 15,49), ou seja, conservaremos a
salvação do homem recuperado, redimido, renovado e purificado em Cristo. Segundo o mesmo
Apóstolo, Cristo é o princípio, quer dizer, é o autor da ressurreição e da vida; em seguida, vêm
os que são de Cristo, isto é, os que vivendo na imitação da sua santidade, podem considerar-se
sempre seguros na esperança da sua ressurreição e receber com ele a glória da promessa celeste.
É o próprio Senhor quem afirma no Evangelho: Quem me segue não perecerá, mas passará da
morte para a vida
(cf. Jo 5,24).

Deste modo, a paixão do Salvador é a salvação da vida humana. Precisamente para isso ele quis
morrer por nós, a fim de que, acreditando nele, vivamos para sempre. Ele quis, por algum
tempo, tornar-se o que somos, para que, alcançando a sua promessa de eternidade, vivamos com
ele para sempre.

É esta a imensa graça dos mistérios celestes, é este o dom da Páscoa, é esta a grande festa anual
tão esperada, é este o princípio da nova criação.

Nesta solenidade, os novos filhos que são gerados nas águas vivificantes da santa Igreja, com a
simplicidade de crianças recém-nascidas, fazem ouvir o balbuciar da sua consciência inocente.
Nesta solenidade, os pais e mães cristãos obtêm, por meio da fé, uma nova e inumerável
descendência.

Nesta solenidade, à sombra da árvore da fé, brilha o esplendor dos círios com o fulgor que
irradia da pura fonte batismal. Nesta solenidade, desce do céu o dom da graça que santifica os
recém-nascidos e o sacramento espiritual do admirável mistério que os alimenta.

Nesta solenidade, a assembléia dos fiéis, alimentada no regaço materno da santa Igreja,
formando um só povo e uma só família, adorando a Unidade da natureza divina e o nome da
Trindade, canta com o Profeta o salmo da grande festa anual: Este é o dia que o Senhor fez para
nós, alegremo-nos e nele exultemos
(Sl 117,24).

Mas, pergunto, que dia é este? Precisamente, aquele que nos trouxe o princípio da vida, a
origem e o autor da luz, o próprio Senhor Jesus Cristo que de si mesmo afirma: Eu sou a luz. Se
alguém caminha de dia, não tropeça
(Jo 8,12; 11,9), quer dizer, aquele que em todas as coisas
segue a Cristo, chegará, seguindo os seus passos, ao trono da eterna luz. Assim pedia ele ao Pai
em nosso favor, quando ainda vivia em seu corpo mortal, ao dizer: Pai, quero que onde eu
estou, aí estejam também os que acreditaram em mim; para que assim como tu estás em mim e
eu em ti, assim também eles estejam em nós
(cf. Jo 17,20s).

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