quinta-feira, outubro 27, 2011

São Bento: O copo de vidro quebrado com o sinal da cruz

 “Vencida a tentação, o homem de Deus, como terra bem
cultivada e expurgada de espinhos, produziu com maior abundância o fruto da seara das virtudes. E, com a divulgação da fama de sua exímia vida monacal, ia-lhe o nome ficando célebre. 

Ora, havia a não grande distância um mosteiro cujo abade falecera. Toda a comunidade foi ter então com o venerável Bento, e instantemente pediu-lhe quisesse ficar à sua frente. O santo recusou por muito tempo, predizendo que não poderia harmonizar os seus costumes com os daqueles irmãos. Mas, afinal, vencido pelos rogos, cedeu. 

Já porém, que vigiava naquele mosteiro pela observância da vida regular e a ninguém permitia que por ações ilícitas se desviasse, como antes, do caminho monástico, os irmãos que ele aceitara, encheram-se de fúria e puseram-se primeiro a acusar a si mesmos por terem pedido a Bento que os regesse; sua vida tortuosa ia em oposição à reta norma do abade. Como viam que, sob tal abade, o ilícito já não lhes era permitido, e como lhes doía abandonar os antigos hábitos, achando eles dura a obrigação de meditar coisas novas na sua mente velha, alguns deles - já que aos maus é sempre pesada a vida dos bons - tramaram a 
morte do abade, e, tomado o alvitre em conselho,  deitaram-lhe veneno ao vinho. Quando apresentaram ao Pai, sentado à mesa, o copo da bebida pestífera para ser abençoado segundo o costume da casa, Bento estendeu a mão e fez o sinal da cruz. A este gesto, o vaso, que estava distante, estalou e fez-se em pedaços, como se naquela taça de morte tivesse dado, em vez da cruz, uma pedrada. 
Compreendeu logo o homem de Deus que o copo contivera uma bebida mortal, pois não pudera suportar o sinal da vida. Levantou-se no mesmo instante, e, com o rosto plácido, a mente tranqüila, convocou os irmãos, aos quais assim falou: “Deus tenha compaixão de vós, irmãos. Porque me quisestes fazer isto? Não vos disse eu previamente que não se harmonizariam os vossos e os meus costumes? Ide, e procurai para vós um Pai consoante à vossa vida; depois disto já não me podereis reter”.

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