terça-feira, agosto 30, 2011

Das Confissões de Santo Agostinho, Bispo

"Meu filho, nada mais me atrai nesta vida; não sei o que estou ainda fazendo aqui, nem por que estou ainda aqui"

No entando, Senhor, tu sabes como nessedia, durante esse colóquio, o mundo, com todos os seus prazeres, perdia para nós todo valor, e minha mãe me disse: "Meu filho, nada mais me atrai nesta vida; não sei o que estou ainda fazendo aqui, nem por que estou ainda aqui. Já se acabou toda a esperança terrena. Por um só motivo eu desejava prolongar a vida nesta terra: ver-te católico antes de eu morrer. deus me satisfez amplamente, porque te vejo desprezar a felicidade terrena para servi-Lo. Por isso, o qe é que estou fazendo aqui"?
Não me lembro bem o que foi que lhe respondi. Passados, porém, cinco dias ou pouco mais, ela caiu de cama com febre. Durante a doença perdeu os sentidos, mas logo voltou a si. Ela disse;" Enterrai este corpo em qualquer lugar, e não vos preocupeis com ele. Faço-vos apenas um pedido: lembrai-vos de mim no altar do Senhor, seja qual for o lugar em que estiverdes". Dito isso da maneira como lhe foi possivél, calou-se. A moléstia agravava-se e a fazia sofrer.
Certa vez, não estava eu em casa, e chegando alguns amigos e ela falava-lhes com confiança sobre o seu menosprezo por esta vida e sobre o grande bem que é a morte. Maravilhados diante da coragem dessa mulher- dádiva tua- perguntaram-lhe se não tinha medo de deixar o corpo tão longe de sua cidade natal. E ela respondeu: "Para Deus nada é longe, nem devo temer que no fim dos séculos ele não reconheça o lugar onde me ressucitará".
Pelo nono dia de doença, aos cinquenta e seis anos de idade, quando eu tinha trinta e três, essa alma fiel e piedosa libertou-se do corpo.

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