domingo, setembro 04, 2011

O Sofrimento é uma arte!‏‏

O Sofrimento é uma arte que devemos ter urgência em aprender, pois é uma realidade que faz parte de nossa existência humana. Quando sofremos estamos perto de Deus! Não que Deus esteja presente no sofrimento, mas, quando sofremos Ele cuida de nós. Os maiores cuidados de Deus encontrei no leito da dor.
Santa Teresa de Ávila nos lembra que “antes de dar o sofrimento, Deus dá a paciência”, isso significa que somos capacitados para lidar com o sofrimento, ele não é e nem pode ser o fim de tudo. A dor é uma grande ferramenta de crescimento, quando nos apoiamos no sofrimento alcançamos graças inexplicáveis. O sofrimento quando bem vivido tem a finalidade de nos levar a perfeição cristã. Escutemos o que diz o pensador Francês Antoine de Saint-Exupéry: “a perfeição não é alcançada quando não há mais nada a ser incluído, a perfeição é alcançada quando não há mais nada a ser retirado”, ou seja, a perfeição consiste no pleno esvaziamento, quando não se resta mais nada do nosso “EU”, Deus se faz presente. Afirmamos todos os dias que amamos a Deus, mas quando o sofrimento bate a nossa porta não é bem assim o nosso discurso. O sofrimento nos coloca no chão, nos faz pessoas derrotadas. O sofrimento se nutre de nossa fraqueza, angustia e medo, torna-se mais forte do que já é, um gigante. O rei David diante do gigante não estremeceu, mas na confiança do Senhor conseguiu derrotá-lo. Qual é o gigante que tem nos aterrorizado? Com qual força ele tem se levantado em nossa vida? Não importa, Deus é maior que todos os gigantes, com Deus o sofrimento ganha um novo sentido, como a Cruz, que de maldita se tornou em Cristo Sinal de nossa Salvação, penhor de nossa redenção. O verdadeiro amor nunca se desgasta, quanto mais se dá mais se tem. Gosto muito de Jacques Maritain, um filosofo neo-tomista que dizia que o “sinal de maturidade humana é aceitar o desafio do sofrimento”, pois o sofrimento não é algo que faz parte de uma espécie de destino, mas diante deste fato presente o que nos resta é esperar em Deus crendo que é permissão Dele para nosso crescimento. “É o sofrimento, só o sofrimento, que abre o homem a compreensão interior” (Gandhi). “Só o amor me atrai, só o abandono me guia”. Grande descoberta de Santa Teresinha em sua busca de santidade, no caminho da pequena via esta santa descobre que a solidão é uma particularidade do sofrimento. Quando sofremos sentimos que Deus nos abandonou, que está fugindo de nós, como se estivéssemos brincando de “esconde-esconde”. A dor é tanta que nos sentimos “abortados” por Deus, renegados, e assim como João da Cruz nossa alma chora “Aonde te escondeste, Amado, e me deixaste num gemido? Como um cervo fugiste havendo-me ferido, atrás de ti clamei: tinhas partido!”. Podemos sofrer no deserto e, no entanto, amá-lo, de resto, é por causa desse sofrimento que O amamos. O sofrimento não é um bom momento de decidir a vida, nem coisas importantes dela, mas é hora de silenciar e escutar a voz de Deus que ecoa em nosso coração. No dia 05/06/09 escutei de meu Amado Fundador que sofrimento tem começo e tem fim, e isso tem sido consolo nas horas difíceis, aprendi que a “noite escura” passa, e ao passar não poderá levar minhas opções primordiais, por exemplo, a minha vocação. “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (II Coríntios 12,10). Deus muitas vezes nos joga ao chão como ultima tentativa de nos fazer alguém melhor, isso é o amor desesperado de Deus por nós. O Senhor nos apresenta o nosso “nada” para nos lembrar a nossa dignidade de filhos, caímos num profundo desespero presos ao chão, mas basta olharmos para cima e veremos um Deus que é Pai, pois está a todo tempo inclinado sobre nossas fragilidades. “Onde a mão sente a picada dos espinhos, os olhos descobrem um ramo de rosas esplêndidas, cheias de aroma”. (São Josemaria Escrivá) Continuo afirmando que o sofrimento é uma arte, onde cada homem descobre que é maior que uma realidade presente. Não anulemos a nossa Cruz diária, precisaremos dela para entender a dor, quando constantemente afirmamos que Deus é amor!

 
Ir. Raphael Estevão da Santa Cruz, PJC.
Forania Nossa Senhora da Assunção – São Paulo.

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