quarta-feira, abril 21, 2010

Testemunhas do Ressuscitado

Na Encarnação Jesus assumiu nossa natureza humana e todas aquelas realidades que a ela pertencem; mortalidade, temporalidade, necessidades e fraquezas.
No presépio era uma criancinha débil que dependia de todos os cuidados maternos para sobreviver e a medida que foi crescendo sentia, como qualquer um de nós, fome (Mt 4,2), sede (Jo 19,28), sono (Mt 8,24), cansaço (Jo 4,6), dor (Mc 15,37), emoção (Lc 19,41), indignação (Mt 21,12), etc. Assim, Ele partilhou, de tudo o que nos faz ser gente, menos o pecado (Heb 4,15).
Com a sua ressurreição, porém, desapareceu tudo o que antes era fraqueza. Já não há n’Ele nem fome, nem sede, nem sono, nem cansaço, nem qualquer outro tipo de debilidade.
Se assim o é, poderíamos nos perguntar; então, seu corpo já não é real? Evidentemente que sim! É o mesmíssimo corpo nascido de Maria e que padeceu os suplícios da Cruz. Ele mesmo testemunha isso. Na tarde da ressurreição quando aparece aos onze que ficam tomados de espanto, Ele diz; “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede minhas mãos e os meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho” (Lc 24,38-39).
Sou Eu mesmo, porém, agora, ressuscitado, imortalizado e glorificado. Foi morto uma vez, mas, agora está vivo para Deus; “Viventes Deo” (Rm 6,10).
A ressurreição é a certeza de que o Pai atendera ao seu pedido quando fazia sua oração de despedida; “Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tinha junto de ti, antes que o mundo fosse criado” (Jo 17,5). O Pai o fez “sentar-se a sua direita no céu, acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro. E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja” (Ef 1,20-22). Desde então Jesus Cristo tornou-se para sempre nossa única fonte de salvação.
Meus diletos irmãos em Cristo o que nos resta fazer diante de tão excelso mistério? Contentar-nos em contemplá-lo somente? Satisfazer nossa razão cartesiana especulando tal verdade? Respondo-vos que não! A glória que o Pai dá a Jesus deve nos transformar em testemunhas do Ressuscitado.
Em todos os lugares, por toda a parte e em qualquer situação, proclamemos que Deus constituiu Jesus em Senhor; “E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Flp 2, 11).
Confessar aqui não tem o sentido de uma declaração particular e inaudível, mas, como nos revela a própria palavra no grego – ekomologesetai – tem o sentido de uma declaração pública como fizera Pedro diante da grande multidão que se encontrava em Jerusalém; “Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos onze, com voz forte lhes disse: Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras… Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo” (At 2,14-36).
Hoje, no dia em que comemoramos a Ressurreição de Cristo, já tive oportunidade de proclamar diante de um pai e de seus filhos (uma adolescente de 14 anos e um guri de 10), que acabaram de perder a mãe por causa de um câncer, que maior que a dor e a saudade é a nossa fé que nos leva a crer que se Jesus ressuscitou nossa esperança não é vã. Dizia-lhes; “todas as vezes que vocês se lembrarem dela, precisam acreditar que ela já não sente mais dor ou sofrimento e que agora repousa feliz nos braços do Pai do Céu e ao lado de seu Filho Jesus que nos garantiu que nos prepararia um lugar para passarmos a eternidade com Ele” (cf. Jo 14,2-4).
À medida que “confessava publicamente” para aquele sofrido pai e seus filhos a certeza que tenho na Eternidade e a fé de que é para ela que fomos criados, suas lágrimas foram dando lugar a certeza de que aquilo que lhes partilhava era verdadeiro. Só pela fé seremos capazes de superar os sofrimentos do tempo presente. Só pela fé podemos dar sentido a eles. Só pela fé podemos superar a saudade de quem partiu.
O que você está esperando? Seja você também uma testemunha do Ressuscitado.
“Se confessares com tua boca que Jesus é o Senhor e creres com teu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9).
Para terminar gostaria de dizer ainda que no final da conversa nos demos as mãos e rezamos juntos “…mãe sabemos que a senhora está intercedendo por nós junto a Jesus e quanto a nós guardaremos sempre a sua memória no coração e prometemos cuidar um do outro como a senhora fazia”. Por fim convidei-os para vir a Santa Missa dizendo; “Quando queremos matar a saudade de quem amamos participemos da Missa, pois, ela reúne a Igreja triunfante, padecente e militante. A Missa é o Céu na terra”.
Feliz Páscoa e muita fé no Cristo ressuscitado!

Pe. Gilson Sobreiro PJC
Fundador da Fraternidade O Caminho

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