sábado, março 26, 2011

As ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz

Para continuar seguindo o Divino Pastor é necessário dedicar tempo, como esse, para escutar unicamente a Ele: “… as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10, 4).

Conhecem a sua voz porque estão acostumadas a partilharem de sua intimidade e por isso mesmo aprenderam a distinguir o timbre da sua voz das dos falsos pastores.

Da mesma forma que as ovelhas conhecem o pastor, Ele também conhece cada uma das suas ovelhas (Jo 10, 14) e as conhece pelo nome: “Ele chama pelo nome suas ovelhas” (Jo 10, 3). Ele mesmo foi quem nominou cada uma delas: “Receberás então um novo nome determinado pela boca do Senhor” (Is 62, 2). “Meus servos receberão um novo nome” (Is 65, 15). Só pode receber o novo nome, porém, quem recebeu antes a vocação de deixar tudo e todos.

A nossa vocação é a marca indelével (inapagável, permanente) de Deus em nós, por isso é que diante de uma tentação do tipo: “Será que vou perseverar?”; “Será que é isso mesmo?”, deveríamos afirmar para nós mesmos que é justamente pelo fato de termos vocação que conseguiremos vencer todos os obstáculos. O que estou querendo dizer é que diante das tentações deveríamos não questionar a nossa vocação como se ela fosse o problema, mas, de nos refugiar ainda mais nela. É ela o nosso escudo contra os dardos inflamados do inimigo. É ela que nos garante a vitória.

Quem escuta unicamente a voz do Bom Pastor não terá que se lamentar pelo resto da vida por uma vocação que não foi correspondida. “Todas as maldições cairão sobre ti… porque não ouviste a voz do Senhor” (Deut 28, 45).

Porque, poderíamos nos perguntar, algumas ovelhas se desviam do caminho e seguem a voz dos estranhos? A resposta é simples; porque agiram como a ovelha da parábola contada por Jesus que quis voluntariamente perder-se (Lc 15, 3-7).

Aborreceram-se de pastarem todos os dias nos mesmos campos, ou quem sabe até da própria presença do pastor a quem não viam mais como o amigo de todas as horas, mas, como alguém que as sufocava, que as cobrava, que as impedia de serem livres.

Sua voz já não falava mais aos seus corações. Outras vozes, as dos estranhos, se tornaram mais atraentes: “Seguirei os meus amantes, que me dão meu pão e minha água, minha lã e meu linho, meu óleo e minha bebida” (Os 2, 7b). Antes de seguir seus amantes, porém, já haviam abandonado o Primeiro Amor (Ap 2,4).

Dia após dia foram se alimentando do relapso, da rotina, das improvisações e das mentiras. Já não tinham mais domínio dos sentidos e cada vez mais se deixavam arrastar por aquilo que era imediato e prazeroso. O “Céu” tornou-se uma realidade muito longe e inacessível. Passaram a viver mais dos sonhos e fantasias sentimentais do que do ideal vocacional.

Da fidelidade depende a nossa felicidade, talvez a nossa salvação


Pe. Gilson

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