domingo, março 27, 2011

Das Homilias de São Basílio Magno, bispo

Quem se gloria, glorie-se no Senhor


Não se glorie o sábio de seu saber, não se glorie o forte de sua força, nem o rico de suas riquezas (Jr 9,22). Qual é então o verdadeiro motivo de glória e em que consiste a grandeza do homem? Quem se gloria – diz a Escritura – glorie-se nisto: em conhecer e compreender que eu sou do Senhor (Jr 9,23).


A nobreza do homem, a sua glória e a sua dignidade consistem em saber onde está a verdadeira grandeza, aderir a ela e buscar a glória que procede do Senhor da glória. Diz efetivamente o Apóstolo: Quem se gloria, glorie-se no Senhor. Estas palavras encontram-se na seguinte passagem: Cristo se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor” (1Cor 1,31).

Por conseguinte, é perfeito e legítimo nos gloriarmos no Senhor quando, longe de orgulhar-nos de nossa própria justiça, reconhecemos que estamos realmente destituídos dela e só pela fé em Cristo somos justificados.

É nisto que Paulo se gloria: desprezando sua própria justiça, busca apenas a que vem por meio de Cristo, ou seja, a que se obtém pela fé e procede de Deus; para assim conhecer a Cristo, o poder de sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, configurando-se à sua morte, na esperança de alcançar a ressurreição dos mortos.

Aqui desaparece todo e qualquer orgulho. Nada te resta para que te possas gloriar, ó homem, pois tua única glória e esperança está em fazeres morrer tudo que é teu e procurares a vida futura em Cristo. E como possuímos as primícias desta vida, já a iniciamos desde agora, uma vez que vivemos inteiramente na graça e no dom de Deus.

É certamente Deus quem realiza em nós tanto o querer como o fazer, conforme o seu desígnio benevolente (Fl 2,13). E é ainda Deus que pelo seu Espírito nos revela a sabedoria que, de antemão, destinou para nossa glória. Deus nos concede força e resistência em nossos trabalhos. Tenho trabalhado mais do que os outros – diz também Paulo – não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo (1Cor 15,10).


Deus nos livra dos perigos para além de toda esperança humana. Experimentamos, em nós mesmos, – diz ainda o Apóstolo – a angústia de estarmos condenados à morte. Assim, aprendemos a não confiar em nós mesmos, mas a confiar somente em Deus que ressuscita os mortos. Ele nos livrou, e continuará a livrar-nos, de um tão grande perigo de morte. Nele temos firme esperança de que nos livrará ainda, em outras ocasiões (2Cor 1,9-10).

Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo

Veio uma mulher da Samaria para tirar água


Veio uma mulher. Esta mulher é figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação. É disso que iremos tratar. A mulher veio sem saber o que ali a esperava; encontrou Jesus, e Jesus dirigiu-lhe a palavra.

Vejamos o fato e a razão por que veio uma mulher da Samaria para tirar água (Jo 4,7). Os samaritanos não pertenciam ao povo judeu; não eram do povo escolhido. Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica.

Ouçamos, portanto, a nós mesmos nas palavras desta mulher, reconheçamo-nos nela e nela demos graças a Deus por nós. Ela era uma figura, não a realidade; começou por ser figura, e tornou-se realidade. Pois acreditou naquele que queria torná-la uma figura de nós mesmos. Veio para tirar água. Viera simplesmente para tirar água, como costumam fazer os homens e as mulheres.

Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato os judeus não se dão com os samaritanos (Jo 4,7-9.)

Estais vendo que são estrangeiros. Os judeus de modo algum se serviam dos cântaros dos samaritanos. Como a mulher trazia consigo um cântaro para tirar água, admirou-se que um judeu lhe pedisse de beber, pois os judeus não costumavam fazer isso. Mas aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher.
Escuta agora quem pede de beber. Respondeu-lhe Jesus? “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva (Jo 4,10).


Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz ele. O dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação? Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’,tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.


Que água lhe daria ele, senão aquela da qual está escrito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10). Pois como podem ter sede os que vêm saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35,9).

O Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo. Mas ela ainda não compreendia. E, na sua incompreensão, que respondeu? Disse-lhe então a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Jo 4,15). A necessidade a obrigava a trabalhar, mas sua fraqueza recusava o trabalho. Se ao menos ela tivesse ouvido aquelas palavras: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso! (Mt 11,28). Jesus dizia-lhe tudo aquilo para que não se cansasse mais; ela, porém, ainda não compreendia.

sábado, março 26, 2011

As ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz

Para continuar seguindo o Divino Pastor é necessário dedicar tempo, como esse, para escutar unicamente a Ele: “… as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10, 4).

Conhecem a sua voz porque estão acostumadas a partilharem de sua intimidade e por isso mesmo aprenderam a distinguir o timbre da sua voz das dos falsos pastores.

Da mesma forma que as ovelhas conhecem o pastor, Ele também conhece cada uma das suas ovelhas (Jo 10, 14) e as conhece pelo nome: “Ele chama pelo nome suas ovelhas” (Jo 10, 3). Ele mesmo foi quem nominou cada uma delas: “Receberás então um novo nome determinado pela boca do Senhor” (Is 62, 2). “Meus servos receberão um novo nome” (Is 65, 15). Só pode receber o novo nome, porém, quem recebeu antes a vocação de deixar tudo e todos.

A nossa vocação é a marca indelével (inapagável, permanente) de Deus em nós, por isso é que diante de uma tentação do tipo: “Será que vou perseverar?”; “Será que é isso mesmo?”, deveríamos afirmar para nós mesmos que é justamente pelo fato de termos vocação que conseguiremos vencer todos os obstáculos. O que estou querendo dizer é que diante das tentações deveríamos não questionar a nossa vocação como se ela fosse o problema, mas, de nos refugiar ainda mais nela. É ela o nosso escudo contra os dardos inflamados do inimigo. É ela que nos garante a vitória.

Quem escuta unicamente a voz do Bom Pastor não terá que se lamentar pelo resto da vida por uma vocação que não foi correspondida. “Todas as maldições cairão sobre ti… porque não ouviste a voz do Senhor” (Deut 28, 45).

Porque, poderíamos nos perguntar, algumas ovelhas se desviam do caminho e seguem a voz dos estranhos? A resposta é simples; porque agiram como a ovelha da parábola contada por Jesus que quis voluntariamente perder-se (Lc 15, 3-7).

Aborreceram-se de pastarem todos os dias nos mesmos campos, ou quem sabe até da própria presença do pastor a quem não viam mais como o amigo de todas as horas, mas, como alguém que as sufocava, que as cobrava, que as impedia de serem livres.

Sua voz já não falava mais aos seus corações. Outras vozes, as dos estranhos, se tornaram mais atraentes: “Seguirei os meus amantes, que me dão meu pão e minha água, minha lã e meu linho, meu óleo e minha bebida” (Os 2, 7b). Antes de seguir seus amantes, porém, já haviam abandonado o Primeiro Amor (Ap 2,4).

Dia após dia foram se alimentando do relapso, da rotina, das improvisações e das mentiras. Já não tinham mais domínio dos sentidos e cada vez mais se deixavam arrastar por aquilo que era imediato e prazeroso. O “Céu” tornou-se uma realidade muito longe e inacessível. Passaram a viver mais dos sonhos e fantasias sentimentais do que do ideal vocacional.

Da fidelidade depende a nossa felicidade, talvez a nossa salvação


Pe. Gilson

sexta-feira, março 25, 2011

Dos Sermões de Santo Antônio de Padua

"10.“O anjo Gabriel foi enviado” etc.
Acabamos de ouvir de que maneira a Virgem Maria concebeu o Filho de Deus Pai. Vamos ver agora, brevemente, de que jeito a alma concebe o espírito da salvação. Na Virgem Maria vemos representada a alma fiel: “virgem” pela integridade da fé. Com efeito, diz o Apóstolo: “Eu vos prometi a um único esposo, para apresentar-vos como virgem casta a Cristo” (2Cor 11,2). “Maria”, isto é, estrela do mar, pela profissão da própria fé. “Crê-se com o coração para obter a justiça”, eis a virgem. “Com a boca faz-se a profissão de fé para obter a salvação” (Rm 10,10): eis a estrela que da amargura do mundo guia ao porto da salvação eterna. Essa virgem mora em Nazaré da Galiléia, quer dizer, “na flor da emigração”.

A flor é a esperança do fruto. Com efeito, a alma fiel espera “emigrar”, passar da fé à visão, da sombra à verdade, da promessa à realidade, da flor ao fruto, do visível ao invisível. Dizem os pastores: “Vamos até Belém, porque ali encontraremos bons pastos, o pão dos anjos, o Verbo Encarnado”. Lemos em Isaías: “Alegria dos burros selvagens, pastagem dos rebanhos” (32,14). Nos burros selvagens estão simbolizados os justos, cuja alegria será a pastagem dos rebanhos, quer dizer, o esplendor e a felicidade dos anjos, porque junto com os anjos pastarão, isto é, gozarão da visão do Verbo Encarnado. A essa virgem é enviado o anjo Gabriel, cujo nome significa“Deus me confortou”. Nele é indicada a infusão da graça divina e sem o seu conforto a alma desfalece. Por isso diz Judite: “Dai-me forças, ó Senhor, Deus de Israel, nesta hora”. “E, com o punhal, golpeou duas vezes o pescoço de Holofernes e cortou-lhe a cabeça” (13,9-10). Holofernes significa “enfraquece o boizinho engordado”. Nele é representado o pecador que, engordado com a gordura das coisas temporais, é despojado pelo diabo das virtudes e assim se enfraquece e fica doente. A cabeça de Holofernes é a soberba do diabo.

Diz Gênesis: “Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (3,15). No calcanhar é indicado o fim da vida. A Virgem Maria esmigalhou a soberba do diabo por meio da humildade, mas ele a tentou, no calcanhar, durante a paixão de seu Filho. Quem quiser arrancar de si mesmo a soberba do diabo, deve golpeá-lo duas vezes. Esse duplo golpe é a lembrança do nosso nascimento e o pensamento da nossa morte. Quem medita assiduamente sobre esses dois momentos da sua vida arranca de si a soberba do diabo, mas antes é preciso que implore o sustento da graça divina. “Agi virilmente e o vosso coração será confortado” (Sl 30,25).

11. “Entrando o anjo onde ela estava”.
Aqui é colocada em evidência a solidão da alma que mora em si mesma, lendo no livro da própria miséria e indo à busca da doçura divina: por isso ela merece ouvir dizer: “Ave!” O nome de Eva que quer dizer “ai” ou desgraça. Lido ao contrário fica Ave. A alma que se encontra no pecado mortal é Eva, ou seja, “ai” e desgraça, mas se ela se converte à penitência e ouve dizer-lhe Ave, quer dizer “sem ai”. “Cheia de graça”. Quem derrama ainda alguma coisa numa vasilha cheia perde tudo aquilo que nela coloca. Assim também na alma, se ela for cheia de graça, não pode entrar nela a sujeira do pecado. A graça penetra todos os espaços e não deixa nenhum pedacinho vazio em que possa entrar e ficar aquilo que lhe é contrário. Quem tudo compra, tudo quer possuir. E a alma é tão grande que ninguém pode preenchê-la a não ser somente Deus que, como diz São João, “é infinitamente maior que o nosso coração e conhece todas as coisas” (1Jo 3,20).

Uma vasilha bem cheia derrama em todas as partes. Da plenitude da alma recebem todos os sentidos porque, como diz o profeta Isaías, “será de sábado a sábado” (66), quer dizer, da paz interior virá a paz dos sentidos e dos membros. “O Senhor é contigo”. Ao contrário, lemos no Êxodo: “Não irei contigo, porque tu és um povo de cabeça dura” (33,3), isto é, desobediente e soberbo. É como se dissesse: “Eu iria contigo se fosses humilde!” Por isso ao humilde ele promete: “Tu és o meu servo: mesmo que tiveres que atravessar as águas eu estarei contigo e os rios não te submergirão. Se tiveres que atravessar o fogo, não te queimarás, a chama não poderá te queimar” (Is 43,2). Nas águas é simbolizada a sugestão do diabo, nos rios a gula e a luxúria; no fogo, o dinheiro e a abundância das coisas materiais; na chama, a vanglória. O servo, isto é, a pessoa humilde com quem está o Senhor, passa ileso através das sugestões do diabo, porque nem a gula nem a luxúria o cobrem. Quem está com a cabeça totalmente coberta não pode ver, cheirar, falar e ouvir distintamente. Assim, também quem estiver totalmente coberto pela gula e pela luxúria fica privado da faculdade de contemplar, discernir, reconhecer o seu pecado e obedecer. O humilde, mesmo que caminhe através do fogo das coisas temporais, não se queima com a avareza ou com a vanglória.

12. “Tu és bendita entre as mulheres”.

Lê-se na História Natural que as mulheres sentem compaixão bem mais intensamente do que os homens, derramam lágrimas bem mais do que os homens e possuem uma memória muito mais duradoura do que os homens (Aristóteles). Nessas três qualidades são indicadas a piedade com o próximo, a devoção das lágrimas, a lembrança da paixão do Senhor. Lemos no Cântico dos Cânticos: “Coloca-me como um selo em teu coração, uma tatuagem em teu braço, porque forte como a morte é o amor!” (8,6): o teu amor pelo qual morreste! Bem-aventuradas aquelas almas que possuem essas três qualidades. Entre elas é bendita, com o privilégio de uma bênção especial, a alma fiel e humilde, rica de obras de caridade. E em mérito a essa bênção, continua:“Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus”. Lemos ainda na História Natural que as mulheres grávidas sentem dores, perdem o apetite, a vista fica anuviada. Outras mulheres grávidas não gostam de vinho, porque bebendo-o perdem as forças. Isso acontece também com a alma. Quando, sob a ação do Espírito Santo, concebe o espírito da salvação: começa a arrepender-se de seus pecados, sente repugnância pelas coisas temporais, desagrada-se a si mesma, (este é o significado do anuviamento da vista); acostumada a admirar-se com gosto, não gosta do vinho da luxúria.

Por estes sinais poderás julgar se a alma concebeu o espírito da salvação que em seguida dará à luz quando der fruto na luz das obras boas. E a esse fruto dará o nome de “salvação” (Jesus), porque tudo o que faz é em vista da salvação. É a intenção - foi dito - que qualifica a obra. A alma fiel age para agradar a Deus, para obter o perdão dos pecados, edificar o próximo e alcançar a salvação. Digne-se conceder a salvação também a nós Aquele que é bendito pelos séculos dos séculos. Amém."

(Tradução: Frei Geraldo Monteiro, OFM Conv

Sermões de Santo Antônio. Ed. Messaggero - Padova,1979 - Volume III, pp. 158-161)

sábado, março 05, 2011

Santa Teresa Margarida




Nasceu em Arezzo, na Toscana, da nobre família Redi, em 1747. Entrou para o Mosteiro das Carmelitas Descalças de Florença, no dia 1º de setembro de 1764. Teve uma particular experiência contemplativa, fundada na palavra do apóstolo: “Deus é Amor”. Viveu no amor e na imolação de si mesma e atingiu rapidamente a perfeição, no serviço constante e heróico das Irmãs. Morreu em Florença, em 1770.


Dos escritos de Santa Teresa Margarida

“Para viver em ato de perfeito amor ofereço-me em holocausto por vítima de vosso amor misericordioso, suplicando-vos que me façais consumir inteiramente... Sabeis que nada almejo senão ser vítima de vosso Sagrado Coração, consumida por inteiro em holocausto pelo fogo de vosso divino Amor.

Sim, meu Deus, mais não quero almejar que ser perfeita imitadora Vossa, e se Vossa vida foi uma vida oculta, de humilhação, de amor e sacrifício, assim há de ser a minha, desde agora.

Portanto, para sempre hei de me encerrar em vosso amabilíssimo Coração como em um deserto, para em vós, convosco e por vós levar uma vida oculta de amor e sacrifício.

Sabeis que nada almejo senão ser vítima de Vosso Sagrado Coração, consumida por inteiro em holocausto pelo fogo de vosso divino Amor.

Eis porque o vosso Coração há de ser o altar em que serei consumida em Vós, meu caro Esposo e Vós haveis de ser o Sacerdote que consumirá esta vítima com os ardores de Vosso Coração santo”.

Beata Elisabete da Trindade

Nasceu no acampamento militar de Avor (Bourges), em 1880. Em 1901, entrou no Carmelo de Dijon, emitindo os votos religiosos em 1903. Passou “à Luz, ao amor e à vida” da Pátria a 9 de novembro de 1906. Verdadeira adoradora em espírito e verdade, entre penas interiores e doenças viveu como “louvor de glória” da Santíssima Trindade presente na alma, encontrando no mistério da inabitação o seu “céu na terra”, seu carisma e missão eclesial.

Dos escritos espirituais da Beata Elisabete:

“No Céu a minha missão consistirá em atrair as almas, ajudando-as a sair de si mesmas para unirem-se ao Senhor, mediante um movimento espontâneo e cheio de amor, e em mantê-las naquele silêncio interior que permite a Deus imprimir-se nelas e transformá-las em Si.

Acreditar que um Ser, que é Amor, habite em nós a qualquer momento do dia e da noite e que nos pede vivamos em sociedade com Ele, eis o que transformou a minha vida num Céu antecipado!

Nós carregamos o Céu dentro de nós, porque Aquele que sacia os bem-aventurados, na luz da visão beatífica, entrega-se a nós na fé e no mistério. É a mesma coisa! Parece-me ter encontrado o meu Céu na terra, porque o céu é Deus e Deus está em minha alma. O dia em que compreendi isto, tudo se iluminou dentro de mim e muito gostaria de sussurrar este segredo àqueles que amo, para que também eles, através de todas as coisas, se unam sempre a Deus.

Embora a oração seja a nossa principal e até mesmo a nossa única ocupação – porque a oração de uma Carmelita nunca deva interromper-se, temos que coser e realizar outras atividades externa. Gostaria que me observassem na lavagem da roupa, chaspinhando na água com o Hábito arregaçado. Podem duvidar da minha destreza nesta matéria, e não sem razão; mas com Jesus tudo se enfrenta, acha-se tudo delicioso, não existe dificuldade e se está disposto a tudo. Oh! Como se vive bem no Carmelo! É o melhor país do mundo e posso dizer que me sinto tão feliz como peixe na água.

A Carmelita é uma alma que contemplou o Divino Crucificado, que o viu oferecer-se como vítima ao seu Pai em prol das almas; ela reflete à luz da grande visão da caridade de Cristo e compreendeu, assim, a paixão de amor da sua alma e quis entregar-se como Ele.

Constituo-o te depositária de minha fé na presença de Deus, do Deus que é todo amor e que habita em nossas almas. Quero comunicar-te meu segredo: esta intimidade com Ele, no santuário de meu coração, tem sido o sol resplandecente que iluminou minha vida, convertendo-a num Céu antecipado. É isto que hoje me sustenta no sofrimento. Minha fraqueza não infunde medo. Pelo contrário: minha confiança brota dela porque o Forte está em mim e a sua virtude é onipotente”.

Santa Teresa Benedita da Cruz


Nasceu em Breslávia, no dia 12 de outubro, de família hebréia. Apaixonada pesquisadora da verdade, através de aprofundados estudos de filosofia, encontrou-a mediante a leitura autobiográfica de Santa Teresa de Jesus. Em 1922 recebeu o batismo na Igreja Católica e, em 1933 entrou para o Carmelo de Colônia. Morreu mártir pela fé cristã aos 9 de agosto de 1942, nos fornos crematórios de Auschwitz, durante a perseguição nazista, oferecendo seu holocausto pelo povo de Israel.

Mulher de inteligência e cultura singulares deixou muitos escritos da alta doutrina e de profunda espiritualidade. Foi beatificada por João Paulo II em colônia, no dia 1º de maio de 1987. Canonizada em Roma em 13 de outubro de 1998.


Escritos espirituais de Santa Teresa Benedita da Cruz:

“Só se pode conquistar uma ciência da cruz quando se sente bem profundamente a cruz.
Deus não impõe a ninguém provações, sem dar a força necessária para suportá-las.
Não é a atividade humana que pode ajudar-nos, mas a Paixão de Cristo. Meu desejo é de nela participar!
A alma da mulher deve ser ampla e aberta a tudo o que é humano. Deve ser cheia de paz, porque as fracas chamas se apagam na tempestade; deve ser luminosa para que, nos cantos escuros, não cresçam ervas más; deve ser reservada, porque as interferências externas podem por em perigo sua vida íntima; deve ser vazia de si para deixar amplo espaço para os outros. Deve ser, acima de tudo, dona de si e do próprio corpo para que sua personalidade esteja pronta a servir em cada necessidade.

Mais uma mulher é santa, mais ela é mulher.

A virgindade no seu sentido mais alto e supremo não é algo de negativo: não vazia privação, renúncia a algo (...). É algo de extremamente positivo: unida a Cristo, em perpétua comunhão de vida”.
Vocação Carmelita- Parte II

"Sua Majestade parece ter escolhido as almas que trouxe para cá...

Essas religiosas suportam tudo com muita alegria e contentamento, achando-se cada uma indigna de merecer o lugar que ocupa. Isso ocorre especialmente com algumas que o Senhor tirou de muita vaidade e prazeres do mundo, onde poderiam ser felizes nos termos da terra; Deus lhes deu contentamentos tão maiores aqui que se verifica com clareza que elas receberam cem por um daquilo que deixaram, e essas religiosas não fartam de dar graças a Sua Majestade" (Santa Teresa).

Quando muitos encaram a vida contemplativa como um "desperdício" – afinal, vivemos em uma cultura utilitarista - nossas jovens procuram a radicalidade e são atraídas pela força do carisma: a interioridade, oração como "trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama", humanismo teresiano: alegria, simplicidade, afabilidade no trato.

A grande popularidade e contemporaneidade dos Santos do Carmelo se encarregam da divulgação do carisma através da devoção popular. Existe uma irradiação mística e espiritual da vida de clausura que exerce uma força de atração sobre as jovens vocações ao Carmelo.

"Na base de toda consagração religiosa há um chamado de Deus, que só se explica pelo amor que Ele tem à pessoa chamada. Este amor é absolutamente gratuito, pessoal e único. Abarca toda a pessoa, a tal ponto que esta já não se pertence, mas pertence a Cristo" (PI,8)


"Aquelas a que Deus chama dão a Cristo Redentor uma resposta de amor; um amor que se entrega totalmente e sem reserva e se concretiza na oferenda de todo ser ‘como hóstia viva, santa e agradável a Deus’. Unicamente este amor de caráter nupcial, implicando toda a afetividade da pessoa, permitirá motivar e sustentar as renúncias e as cruzes que necessariamente encontra quem quer ‘perder sua vida’ por Cristo e pelo Evangelho" (PI,9)


A vocação ao Carmelo na Igreja e a peculiar forma de vida instaurada e testemunhada por Santa Teresa de Jesus, exigem daquelas que, acolhendo o chamado divino, desejam abraçá-lo, determinem-se firmemente a seguir os conselhos evangélicos "com toda a perfeição possível", em prol das necessidades da Igreja, dentro de uma pequena Comunidade bem arraigada na solidão, na oração e na abnegação. (Const. 131)


Devem ser pessoas:

• de vivência cristã e inseridas em uma Paróquia;

• de oração, que aspirem a toda perfeição da caridade;

• de bom entendimento;

• boa saúde física e psíquica, com suficiente equilíbrio e fortaleza de ânimo;

• movidas por motivos sobrenaturais e claros.


Experiência:

Nossas Constituições oferecem, sabiamente, àquelas que mostrem sérios indícios de vocação à vida contemplativa a possibilidade de viver previamente algum tempo dentro do Mosteiro, para conhecer por própria experiência, nossa vida carmelitana e que se inicia após um acompanhamento vocacional.

Postulantado:

A candidata que, após maduro exame, demonstre sinais de vocação à nossa Ordem, poderá ser admitida ao postulantado; este serve de ensaio prévio, com a finalidade de permitir uma avaliação sobre as aptidões e a vocação da candidata e de facilitar uma passagem progressiva da vida do mundo à do noviciado.

Noviciado:

O noviciado começa com o rito de iniciação à vida religiosa, durante a qual se dá à candidata o Hábito da Ordem juntamente com o véu branco; tem como fim principal que a noviça assimile em profundidade o espírito próprio do seguimento de Cristo na forma do Carmelo teresiano contemplativo.


Profissão de Votos Temporários:

• Em virtude da Profissão religiosa, a candidata abraça com voto público o compromisso dos três conselhos evangélicos. Fará sua Profissão por 1 ano, com sucessivas renovações.

• Durante o período dos votos temporários, receberá formação para aperfeiçoar a própria experiência e o conhecimento da doutrina adquiridos durante o noviciado e preparar-se adequadamente para a Consagração definitiva pelos votos solenes.

Profissão Solene:

Com a Profissão pública e solene dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, são consagradas a Deus por mediação da Igreja; e, com um título novo e especial, entregam-se à sua glória, à edificação do Corpo Místico de Cristo e à salvação do mundo. Tal consagração, radicada na do batismo e ordenada ao desenvolvimento da sua graça em abundância, é um verdadeiro desposório com Cristo, mediante uma nova aliança de amor; união que manifesta o mistério da Igreja Esposa e antecipa o anúncio dos bens da glória futura". (Const. 21)


"Ser esposa é entregar-se como Ele se entregou, é ser imolada como Ele, por Ele e para Ele... É o Cristo fazendo-se todo nosso e tornando-nos toda "sua"!... Ser esposa é ser fecunda, co-redentora, gerar almas para a graça, multiplicar os filhos adotivos do Pai, os resgatados de Cristo, os co-herdeiros de Sua glória!"
Beata Elisabete da Trindade





quinta-feira, março 03, 2011

Mensagem Quaresmal 2011 do Santo Padre Bento XVI


«Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes» (cf. Cl 2, 12)


Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).

1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Baptismo, quando, «tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo» iniciou para nós «a aventura jubilosa e exaltante do discípulo» (Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010). São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O facto que na maioria dos casos o Baptismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2, 5), é comunicada gratuitamente ao homem.

O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa «conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fl 3, 10-11). O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.

Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De facto, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Baptismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8, 11). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Baptismo como um acto decisivo para toda a sua existência.

2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é baptizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.

O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), no qual o diabo é activo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.

O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.

O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.

O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz».

Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança.

O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas baptismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos «da água e do Espírito Santo», e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à acção da Graça para sermos seus discípulos.

3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra», que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a «palavra da Cruz» manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus caritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).

No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projectos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.

Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciámos no dia do Baptismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de facto, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que «as suas palavras não passarão» (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele «que ninguém nos poderá tirar» (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.

Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.

Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas acções. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.

Vaticano, 4 de Novembro de 2010

BENEDICTUS PP XVI

Veneravél Dulce


Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (Salvador, 26 de maio de 1914 — Salvador, 13 de março de 1992), melhor conhecida como Irmã Dulce, o Anjo bom da Bahia, foi uma religiosa católica brasileira. Ela notabilizou-se por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e aos necessitados.


Quando criança, Maria Rita, filha do Dr. Augusto Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), costumava rezar muito e pedia sinais a Santo Antônio, pois queria saber se deveria seguir a vida religiosa. Desde os treze anos de idade, ela começou a ajudar mendigos, enfermos e desvalidos. Nessa mesma idade, foi recusada pelo Convento do Desterro por ser jovem demais, voltando a estudar.


Em 1932, depois de se formar, entrou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição (Smic), localizada em Sergipe. Após seis meses de noviciado, tomou o hábito de freira. No dia 15 de agosto de 1934, ela fez sua profissão de fé e voltou à Bahia.

Desde então, dedicou toda a sua vida à caridade. Começou sua obra ocupando um barracão abandonado para abrigar mendigos. Chegou a receber a visita do Papa João Paulo II, quando esse esteve no Brasil, em virtude de seu trabalho com idosos, doentes, pobres, crianças e jovens carentes. Entre os diversos estabelecimentos que ela Irmã Dulce fundou estão o Hospital Santo Antônio, capaz de atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais; e o Centro Educacional Santo Antônio (CESA), instalado em Simões Filho, que abriga mais de trezentas crianças de 3 a 17 anos. No Centro, os jovens têm acesso a cursos profissionalizantes. Irmã Dulce fundou também o “Círculo Operário da Bahia”, que, além de escola de ofícios, proporcionava atividades culturais e recreativas.

Em 11 de novembro de 1990, Irmã Dulce começou a apresentar problemas respiratórios, sendo internada no Hospital Português e depois transferida à UTI do Hospital Aliança e finalmente ao Hospital Santo Antônio. Em 20 de outubro de 1991, recebe no seu leito de enferma a visita do Papa João Paulo II. O Anjo Bom da Bahia morreu em seu quarto, aos setenta e sete anos, às 16:45 do dia 13 de março de 1992, ao lado de pessoas queridas por ela. Seu corpo foi sepultado no alto do Santo Cristo, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e depois transferido para a Capela do Hospital Santo Antônio, centro das Obras Assistenciais Irmã Dulce.

A 21 de janeiro de 2009, a Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano anunciou o voto favorável que reconhece Irmã Dulce como venerável.

A 3 de abril de 2009, o papa Bento XVI aprovou o decreto de reconhecimento de suas virtudes heroicas.

No dia 9 de junho de 2010 o corpo de irmã Dulce foi desenterrado, exumado, velado e sepultado pela segunda vez, sendo este o último estágio do processo de beatificação.

No dia 27 de outubro de 2010, foi anunciada pelo cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, em coletiva de imprensa realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) a beatificação, última etapa antes da canonização, da religiosa Irmã Dulce, tornando-a a primeira beata da Bahia. O anúncio foi sucedido pelo decreto em 10 de dezembro de 2010 e aconteceu após o reconhecimento de um milagre pela intercessão da religiosa na recuperação de uma mulher sergipana, que havia sido desenganada pelos médicos após sofrer uma hemorragia durante o parto.

Irmãs Terciarias Franciscanas Regulares de Todos os Santos




Somos um daqueles infinitos ramos que ao longo dos séculos foram nascendo e crescendo em formas variadas, encarnando o carisma franciscano segundo o tempo e o espaço respondendo as necessidades de cada época. As nossas primeiras irmas foram da Ordem Terceira Franciscana da paróquia de “Ognissanti” (=Todos os Santos) na cidade de Florença- Itália. Foi aí que Francisco escreveu a forma de vida para os membros da Ordem Terceira e aí que Francisco deu o hábito aos primeiros terceiros. Desde entao até hoje sempre existiu a presença permanente da Ordem terceira junto com os Frades menores na sobredita paróquia.


No ano 1711, a ministra da Ordem Terceira, indo ao encontro das exigencias de algumas senhoras da sua Ordem, comprou uma casa para habitarem juntas, dedicando-se mais a oraçao e a prática da caridade fazendo especialmente visitas aos doentes da Ordem e cuidando da capela do Santíssimo Sacramento que era confiada aos cuidados da Ordem Terceira.
Por muitos anos eram em numero fixo de 12, como os 12 apóstolos e 12 tribos de Israel. Depois, por volta de 1792 começaram algumas atividades especiais indo ao encontro das exigencias do bairro e assim abriram uma escola dando educaçao gratuita as crianças pobres. E, portanto a estrutura da escola exigiu que entrassem mais membros na congregaçao e assim aumentou o número de irmas como também as atividades que desenvolviam.


Aos poucos começaram a abrir outras casas em outras paróquias e cidades e as irmas foram crescendo em estrutura e organizaçao interna. Os frades menores davam todo o apoio moral e espiritual, chegando até certo momento o ministro geral dos Frades Menores ser o superior maior da Congregaçao. No ano 1905 as Irmas já tem as Constituiçoes e Regra própria reconhecida pelo direito Diocesano e no ano 1939 como Instituto pontifício. E a partir daí o Instituto começou a se espalhar em várias partes da Itália.


Além do mar:

No ano 1976 o Instituto começa sua missao no extremo oriente abrindo assim casas na terra indiana, no primeiro momento no estado de kerala, sul da Índia e depois aos poucos espalhando-se nos vários estados do país. Hoje temos um número de 300 Irmas indianas que trabalham em vários estados da Índia e algumas ainda fora do país, como na Itália e aqui no Brasil.

No ano 1992, enquanto o Brasil e a Europa estavam celebrando os 500 anos da entrada dos europeus e do cristianismo na América Latina, especialmente no Brasil, nossas irmas foram convidadas pelo Primaz do Brasil de entao, Dom Lucas Moreira Neves, cardeal e arcebispo de Sao Salvador- Bahia de Todos os Santos, para trabalharem na sua diocese. Assim para a festa de Todos os santos, as primeiras tres irmas chegaram aqui e abriram a primeira casa na cidade de Candeias- BA.


As irmas começaram a dedicar-se mais ao serviço dos pobres e crianças carentes do bairro e assim surgiu a idéia de abrir uma escolinha para essas crianças carentes e necessitadas de tudo. Depois chegaram mais irmas e abriram outras casas na mesma diocese e no ano 2003 no estado de Pernambuco, na diocese de Afogados da Ingazeira, a pedido do bispo diocesano de entao, Dom Luis Pepeu, (OFM Cap). Hoje temos o noviciado na cidade de Salvador – BA e o postulantado e aspirantado na cidade de Candeias. As irmas dedicam-se nas várias atividades pastorais, nas escolas e dedicando, sobretudo na formaçao dos jovens e adolescentes.

No primeiro lugar verificar a motivaçao da sua entrada: Voce se sente apaixonada por Jesus? Deseja se entregar totalmente ao Amor que nunca trai e somente atrai cada vez mais ao amor?


Entao o segundo passo entrar em contato conosco por telefone, cartas ou por outros meios de comunicaçao: dialogo, colóquio, e-mail etc. Depois participe dos encontros vocacionais que serao momentos especiais para escutar a voz de Deus e discernir melhor no silencio e na escuta da Palavra. Quando voce faz o acompanhamento vocacional teria vários momentos para aprofundar e conhecer a vocaçao. E quando decidir mesmo que voce quer, vai haver um mes de experiencia da convivencia. Depois de tudo isso se voce quer mesmo abraçar essa vida, junto com a irma que lhe acompanha, vai decidir quando entrar definitivamente.


Uma vez que entrar, terá ainda momentos para discernir aprofundar: A formaçao inicial será etapa por etapa: Aspirantado (1 ano), postulantado (1 ano) e noviciado (2 ano). Depois disso fará a profissao simples fazendo votos da castidade, pobreza (sem nada de próprio) e obediencia. Assim por 5 anos renovará os votos a cada ano e depois dos 5 anos fará a profissao perpetua: a entrega perpetua e total a Deus e ao serviço da Igreja.

Nao mais voce terá nada para possuir, ganhar ou acumular se nao a santidade vivida na fraternidade e testemunhada nas atividades. Tudo o que fizer é simples e gratuitamente, pois, recebeu tudo gratuitamente. Somente a Ele toda a glória e toda a honra!


A oraçao comunitária e pessoal e a meditaçao cotidiana da Palavra e da consumaçao do Pao será o sustento no seu caminho. O serviço gratuito será seu salário. O amor gratuito dos milhares e miríades que vai encontrar cada dia na sua vida serao suas maes, irmaos e irmas.

O Carisma do nosso Instituto é a conversao continua, fruto da meditaçao da Palavra, vivenciada na oraçao - pessoal e comunitária -, na vida fraterna, nas atividades e em fim, em todos os momentos como as alegrias e tristezas cotidianas. As atividades pastorais sao: educaçao, especialmente as crianças carentes, assistencia a juventude, as famílias, aos doentes trabalhando nos hospitais e nos abrigos, catequese, missoes etc.


Há algumas características franciscanas que nos destacam: a simplicidade e menoridade, através as quais que Francisco conseguiu conquistar o mundo. A alegria franciscana provém do espírito de renúncia. Livre dos bens terrenos, mais facilmente a criatura humana poderá atravessar o caudaloso rio da vida. Ninguém como Francisco compreendeu de maneira mais clara a sublimidade da pobreza evangélica, meio admirável para se alcançar as alturas do céu.


A lógica de Francisco era deixar tudo para abraçar todos; nao possuir nada, para possuir tudo; abraçar nada para abraçar tudo. Francisco, em poucas palavras, renunciou tudo para possuir tudo! A convicçao de “ser filho” facilitou Francisco na prática da virtude.

A Obediencia ao Criador e aos mediadores (que sao os superiores), que sao a garantia certa da vontade de Deus. Amando todos sem excluir ninguém, Francisco conseguiu viver de maneira perfeita a virtude da castidade. O amor fraterno ele vivia nao somente para com os próprios frades, mas alargando até ao último irmao. Como a Igreja, a Ordem Franciscana também considera todos os homens essencialmente fraternos, feitos todos a imagem de Deus. Para Sao Francisco, nao havia, de modo algum, diferença de raça, cor, posiçao social, classe ou naçao, pois todos sao perfeitamente iguais; por todos eles morreu Jesus Cristo na Cruz. Todos sao justos em Jesus: brancos ou negros, europeus ou africanos, americanos ou asiáticos! Francisco, pessoa que desejou amar como Jesus amou e sofrer como Jesus sofreu, é um exemplo vivo para cada homem e mulher de cada tempo, que quer amar e sofrer por amor ao Amado, que quer apaixonar-se por aquele que é “o mais belo entre os filhos dos homens”, “o verdadeiro Homem e o verdadeiro Deus”!



Telefone de uma de nossa em Candeias-Ba: (71)36054951.

Venha conhecer nossa maneira de viver a alegria do Cristo Pobre, Casto e Obediente!

A Congregação da Paixão de Jesus Cristo

Uma das inumeras congregações que floresceram e ainda florescem dentro da Igreja Católica Apostólica Romana. Seu nome é latino: Congregatio Passionis Iesus Christi.

Os Passionistas são um grupo de cristão que buscam viver o carisma da paixão mais de perto, no seu seio existe Religiosos(as), Monjas e Sacerdotes, que vivem em comunidade fraterna, disposto a anunciar aos homens e ás mulheres do nosso tempo o evangelo de Cristo. Eles se comprometem, além dos votos da vida religiosa (pobreza, obediência e castidade) a um voto especial ou quarto voto, que é o de viver e promover a memória da paixão de Cristo (Memoria Passionis). Busacam também viver tudo em comum e dedicar-se a oração e a comtemplação, assim, eles são comtemplativos activos.

A familia passionista está presente em 56 nações dos cincos continentes.

Seu carisma nasceu por primeiro no coração de São Paulo da Cruz, que desde criança já era convidado por sua mãe a ver na Paixão de Cristo a força para superar todas as provações e dificuldades. Como é bonito ver que sua alma doi enamorada logo na infância, assim ele desejou entregar toda a sua vida ao Cristo Crucificado. Sua conversão se deu durante uma grave doença, durante essa doença Paulo deve a visão do inferno que o horrorizou. Assim, quando ouviu a pregação de um sacerdote, Nosso Senhor o iluminou sobre o seu amor no alto da Cruz.

Aqueles que se sentirem chamado a experimentar mais de perto nosso carisma pode entrar em contato pelo site: http://www.passionistas.org.br/. Lá também vocês encontram algo mais sólido sobre a congregação, pois esse texto é destinado somente ao conhecimento do carisma.


Teresa Newman

Alimentou-se do Santissimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, Remedio de Imortalidade, Doçura dos Anjos, durnate 36 anos.




Teresa Newman nasceu em Konnersreuth, em Alemanha, no dia 8 de abril de 1898 numa família muito pobre e profundamente católica. No seu diário escreveu que o seu maior desejo era ter sido missionária em África, mas infelizmente, um acidente que sofreu aos vinte anos impediu-a de realizar o seu sonho. Em 1918, uma fazenda vizinha incendiou-se e Teresa correu para ajudar, mas pelo esforço de carregar os baldes de água para apagar as chamas sofreu uma grave lesão na medula espinhal que a deixou paralisada e completamente cega. Teresa passava todo o dia em oração e um dia aconteceu o milagre da sanação em presença do Padre Naber que conta como tudo aconteceu: “Teresa disse que via uma grande luz e uma voz extraordinariamente doce perguntava se ela queria curar-se. A resposta de Teresa foi surpreendente; disse que para ela tudo estava bem, ficar curada, continuar doente, ou morrer, contanto que fosse feita a vontade de Deus. A voz misteriosa lhe disse que “hoje ela teria, sim, uma pequena alegria, ficaria curada da sua doença, mas que depois sofreria muito”.




Por um tempo, Teresa esteve bem de saúde, mas em 1926 começaram as experiências místicas que duraram até a sua morte: os estigmas, o jejum completo tendo a Eucaristia como o seu único alimento. Padre Naber, que lhe dava a Comunhão todos os dias até o momento da sua morte escreveu: “Nela se cumpre literalmente a Palavra de Deus: “Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida”. Teresa oferecia o seu sofrimento físico a Deus por causa da perda de sangue com os estigmas que durava desde a quinta-feira, dia do início da Paixão do Senhor até o domingo, dia da sua Ressurreição e rezava pelos pecadores que lhe pediam ajuda. Cada vez que era chamada ao leito de morte de uma pessoa testemunhava no juízo particular dela, o que ocorre imediatamente depois da morte.

As autoridades eclesiásticas realizaram muitos controles e monitorizaram o jejum de Teresa; o Jesuíta Carl Sträter, por ordem do Bispo de Ratisbonne, encarregou-se das investigações sobre a vida de Teresa e os seus estigmas e ele afirmava: “o jejum de Teresa Newman quis demostrar a todos os homens do mundo o valor da Eucaristia, dar a entender que Cristo é verdadeiramente presente sob as espécies do pão e que através da Eucaristia é possível conservar inclusive, a vida física”.