quarta-feira, setembro 07, 2011

Das Confissões de Santo Agostinho, Bispo

Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar!
Eu, disforme, me atirava à beleza das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti. Retinham-me longe de ti aquilo que nem existiria se não existisse em ti. 
Tu me chamaste, gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor afugentou minha cegueira. 
Exalaste teu perfume, respirei-o, e suspiro por ti. 
Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti.
Tocaste-me, e o desejo de tua paz me inflama.

domingo, setembro 04, 2011

Santa Maria Goretti

Quando tinha seis anos, sua família tornou-se tão pobre que foram forçados a deixar sua fazenda e trabalhar para outros fazendeiros. O pai de Maria, Luigi contraiu malária e morreu quando ela tinha apenas nove anos. Enquanto seus irmãos, mãe e irmãs mais velhas trabalhavam nos campos, Maria cozinhava, limpava a casa e cuidava de sua irmã menor. Era uma vida dificil, mas a família estava sempre próxima, compartilhando um profundo amor por Deus e sua fé. Após algum tempo, em 1899, se mudaram para Le Ferriere, próximo a atual Latina e Nettuno, em Lazio, onde viviam em prédio conhecido como "La Cascina Antica", compartilhada com a família Serenelli, incluindo seu filho Alessandro.
Em 5 de Julho de 1902, Alessandro Serenelli, um jovem de 20 anos, encontrou a menina de 11 anos costurando, sozinha em casa. Ele entrou e a ameaçou de morte se ela não fizesse o que ele mandava. A intenção do rapaz era estuprá-la, porém, ela não se submeteu, ajoelhou-se, protestando que seria um pecado mortal e avisando Alessandro que poderia ir para o Inferno. Ela desesperadamente lutou para evitar o estupro, gritava "Não! É um pecado! Deus não precisa disto!". Alessandro primeiro tentou controlá-la, mas como ela insistia que preferia morrer, ele a apunhalou 11 vezes. Ferida, Maria tentou alcançar a porta, mas ele a agarrou e deu mais três punhaladas, antes de fugir.


A irmã menor de Maria acordou com o barulho e começou a chorar. Quando o pai de Alessandro e a sua mãe chegaram, encontraram Maria sangrando. Levaram-na para o hospital em Netuno. Ela foi operada, sem anestesia, mas os ferimentos estavam além da capacidade dos médicos. Durante a cirurgia, Maria recobrou os sentidos e insistiu que preferia ficar acordada. O farmacêutico do hospital respondeu: "Maria, quando estiveres no céu, pense em mim" Ela olhou para o homem e disse: "Mas quem sabe qual de nós chegará primeiro ao céu?" Ele respondeu "Você, Maria". "Então ficarei feliz em pensar em você". No dia seguinte, ela perdoou seu agressor e afirmou que gostaria de encontrá-lo no Céu. Morreu vinte horas após o ataque enquanto olhava uma bela pintura da Virgem Maria. Inspirada em suas mestras Santa Cecília e Santa Inês, aceitou o martírio piedosamente.

Escrito em 2002, baseado em entrevistas de Alessandro Serenelli e da irmã Ersilia, feitas em 1952, o jornalista Noel Cruz adiciona novos detalhes: Em 5 de Julho de 1902, às 15:00 horas, Serenelli que insistentemente pedia favores sexuais à menina, aproximou-se. Ela estava cuidando de sua irmã menor, na casa da família. Ele a ameaçou com uma adaga de quase 30 centímetros. Quando Maria recusou, como sempre fazia, ele a apunhalou 14 vezes. Os ferimentos atingiram a garganta, coração, pulmões e diafragma. Os cirurgiões no hospital ficaram surpresos que ela ainda estivesse viva. Na presença do chefe de polícia, Maria disse a sua mãe que Alessandro já havia tentado estuprá-la duas vezes. Como ele a ameaçava de morte, ela não contou para ninguém.

Alessandro Serenelli foi capturado logo após a morte de Maria. Inicialmente, seria condenado à prisão perpétua, mas como era menor, a sentença foi comutada para 30 anos na prisão. Ele manteve-se isolado do mundo por três anos, sem demonstrar arrependimento. Até o bispo local, Monsenhor Giovanni Blandini visitá-lo na cadeia. Serenelli escreveu uma nota de agradecimento ao bispo, pedindo que o incluísse em suas orações e contando sobre um sonho que tivera, onde a santa lhe alcançava flores, que se queimavam imediatamente em suas mãos.

Após sair da prisão, visitou a mãe de Maria, Assunta, e implorou seu perdão. Ela respondeu que se a filha lhe havia perdoado em seu leito de morte, ela não poderia fazer diferente. No seguinte, ambos foram juntos a Santa Missa, recebendo a Eucaristia lado a lado. Ele foi aceito na Ordem Menor dos Frades Capuchinhos, vivendo em um monastério e trabalhando como recepcionista e jardineiro até morrer tranquilamente em 1970. Referia-se a Maria como "sua pequena santa" e esteve presente na sua canonização.