domingo, julho 11, 2010

O Bom Samaritano

Quando nos colocamos a caminho pelas ruas de nossa cidade, sem demora encontramos homens cobertos de feridas expostas muitas vezes sangrando, sem ter ninguém para socorrê-los, chegando até mesmo a se tornar criatório de bichos, exalando um cheiro insuportável.

Diante desta cena a primeira coisa que nos vem a mente e ao nosso coração é a parábola contada por nosso Divino Mestre no Evangelho de São Lucas, no Capítulo 10, versículos do 25 ao 37, onde nos relata a história do Bom Samaritano, que ao encontrar um homem pelo caído pelo caminho, vítima de assaltantes, desce de sua montaria, acolhe a vítima, cuida de suas feridas, leva-o para um lugar seguro, paga suas despesas, e ainda, promete pagar o que for gasto a mais. E o mais belo é que ele nem conhecia tal homem, e que possivelmente, o mesmo era judeu, povo que odiava os samaritanos.
Certa vez estávamos vindo da casa das irmãs e no caminho encontramos um homem, todo ensangüentado, com hematomas por todo o corpo, quase não podendo andar, sentindo dores insuportáveis. Levamo-lo para nossa casa, onde ele pode tomar banho, trocar de roupas… Cuidamos de suas feridas, depois deitou-se e dormiu.
Cena como essa se repete constantemente, e a nossa alegria é muito grande em poder perceber que as páginas do Evangelho ganham vida nos dias de hoje.
Uma outra vez enquanto fazíamos a Pastoral de Rua, encontramos um senhor de idade avançada jogado na calçada, com um buraco na cabeça que estava cheio de bichos (tapuru), a sujeira formava uma crosta em sua pele e o seu cheiro embrulhava o estomago. Ele era surdo e também estava cego de um olho. Trouxemo-lo com muito custo para casa, cuidamos dele. Atualmente o mesmo se encontra internado num Pronto Socorro e é acompanhado por nós dia e noite.
Diariamente batem em nossa porta, esfaqueados, baleados, atropelados, homens e mulheres que apanharam na rua. Recebem de nós não só os primeiros socorros, mas principalmente atenção, carinho e amor. Amor esse que aprendemos com nosso Senhor que nos ama quando menos merecíamos ser amados, que nos busca no fundo do poço e nos faz experimentar a sua misericórdia. Amor que não tem hora nem lugar para ser manifestado, e não necessita que conheçamos o destinatário. Amor que ama aquele que se faz próximo.
Ainda hoje ecoa em nossa alma a ordem de Jesus: “Vai e faz o mesmo”(Luc 10, 37)

Ir. Kephas Filho das Santas Chagas
Fraternidade O Caminho

 

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