Quando tinha seis anos, sua família tornou-se tão pobre que foram
forçados a deixar sua fazenda e trabalhar para outros fazendeiros. O pai
de Maria, Luigi contraiu malária e morreu quando ela tinha apenas nove
anos. Enquanto seus irmãos, mãe e irmãs mais velhas trabalhavam nos
campos, Maria cozinhava, limpava a casa e cuidava de sua irmã menor. Era
uma vida dificil, mas a família estava sempre próxima, compartilhando
um profundo amor por Deus e sua fé. Após algum tempo, em 1899,
se mudaram para Le Ferriere, próximo a atual Latina e Nettuno, em
Lazio, onde viviam em prédio conhecido como "La Cascina Antica",
compartilhada com a família Serenelli, incluindo seu filho Alessandro.
Em 5 de Julho de 1902,
Alessandro Serenelli, um jovem de 20 anos, encontrou a menina de 11
anos costurando, sozinha em casa. Ele entrou e a ameaçou de morte se ela
não fizesse o que ele mandava. A intenção do rapaz era estuprá-la,
porém, ela não se submeteu, ajoelhou-se, protestando que seria um pecado
mortal e avisando Alessandro que poderia ir para o Inferno. Ela desesperadamente lutou para evitar o estupro, gritava "Não! É um pecado! Deus
não precisa disto!". Alessandro primeiro tentou controlá-la, mas como
ela insistia que preferia morrer, ele a apunhalou 11 vezes. Ferida,
Maria tentou alcançar a porta, mas ele a agarrou e deu mais três
punhaladas, antes de fugir.
A irmã menor de Maria acordou com o barulho e começou a chorar.
Quando o pai de Alessandro e a sua mãe chegaram, encontraram Maria
sangrando. Levaram-na para o hospital em Netuno. Ela foi operada, sem
anestesia, mas os ferimentos estavam além da capacidade dos médicos.
Durante a cirurgia, Maria recobrou os sentidos e insistiu que preferia
ficar acordada. O farmacêutico do hospital respondeu: "Maria, quando
estiveres no céu, pense em mim" Ela olhou para o homem e disse: "Mas
quem sabe qual de nós chegará primeiro ao céu?" Ele respondeu "Você,
Maria". "Então ficarei feliz em pensar em você". No dia seguinte, ela
perdoou seu agressor e afirmou que gostaria de encontrá-lo no Céu. Morreu vinte horas após o ataque enquanto olhava uma bela pintura da Virgem Maria. Inspirada em suas mestras Santa Cecília e Santa Inês, aceitou o martírio piedosamente.
Escrito em 2002, baseado em entrevistas de Alessandro Serenelli e da irmã Ersilia, feitas em 1952,
o jornalista Noel Cruz adiciona novos detalhes: Em 5 de Julho de 1902,
às 15:00 horas, Serenelli que insistentemente pedia favores sexuais à
menina, aproximou-se. Ela estava cuidando de sua irmã menor, na casa da
família. Ele a ameaçou com uma adaga de quase 30 centímetros. Quando
Maria recusou, como sempre fazia, ele a apunhalou 14 vezes. Os
ferimentos atingiram a garganta, coração, pulmões e diafragma. Os
cirurgiões no hospital ficaram surpresos que ela ainda estivesse viva.
Na presença do chefe de polícia, Maria disse a sua mãe que Alessandro já
havia tentado estuprá-la duas vezes. Como ele a ameaçava de morte, ela
não contou para ninguém.
Alessandro Serenelli foi capturado logo após a morte de Maria.
Inicialmente, seria condenado à prisão perpétua, mas como era menor, a
sentença foi comutada para 30 anos na prisão. Ele manteve-se isolado do
mundo por três anos, sem demonstrar arrependimento. Até o bispo local,
Monsenhor Giovanni Blandini visitá-lo na cadeia. Serenelli escreveu uma
nota de agradecimento ao bispo, pedindo que o incluísse em suas orações e
contando sobre um sonho que tivera, onde a santa lhe alcançava flores,
que se queimavam imediatamente em suas mãos.
Após sair da prisão, visitou a mãe de Maria, Assunta, e implorou seu
perdão. Ela respondeu que se a filha lhe havia perdoado em seu leito de
morte, ela não poderia fazer diferente. No seguinte, ambos foram juntos a
Santa Missa, recebendo a Eucaristia lado a lado. Ele foi aceito na
Ordem Menor dos Frades Capuchinhos, vivendo em um monastério e
trabalhando como recepcionista e jardineiro até morrer tranquilamente em
1970. Referia-se a Maria como "sua pequena santa" e esteve presente na
sua canonização.