domingo, abril 18, 2010

Quereis vós também retirar-vos? (Jo. 6, 67)

Estimado irmão e irmã em Cristo desejo que esse texto possa te ajudar a permanecer no discipulado do Divino Mestre quando muitos se retirarem e não andarem mais com Ele.

Drasticamente haviam diminuídos as fileiras dos seus discípulos como nos informa Jo 6, 66: “Desde então, MUITOS dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com Ele”. Pelo que tudo indica restaram apenas os doze, pois é a eles que Jesus se dirige: “Então Jesus perguntou aos DOZE” (Jo 6, 67).

Qual a razão dessa deserção em massa? A resposta é dada pelos próprios desertores: “DURO é este discurso, quem o pode ouvir?” (Jo 6, 60). Se é verdade que tal questionamento foi proferido pelos lábios de alguns de seus discípulos, convém perguntarmos que tipos de discípulos eram estes.

São aqueles tipos de discípulos que seguiam Jesus somente por causa das suas obras grandiosas como nos apresenta João no cap. 2, 23: “Enquanto Jesus celebrava em Jerusalém a festa da Páscoa, MUITOS creram no seu nome à vista dos sinais que ele fazia”. Por mais que tivessem crido Nele, Jesus sabia que esse era o tipo de discípulo que não se podia confiar: “Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos” (Jo 2, 24).

Na parábola do semeador Jesus já havia falado sob essa espécie de discípulo: “É aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, mas não tem raízes, É INCONSTANTE sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da Palavra, logo encontra uma ocasião de queda”, (Mt 13, 20-21). A fé que os movia não passava de uma excitação transitória provocada por causas externas.

No começo tudo é novidade, com o passar do tempo, porém, as coisas começam a se tornar exigentes e maçantes. Um fardo a carregar. O livro do Apocalipse ilustra muito bem tal realidade: “Tomei então o pequeno livro da mão do Anjo e o comi. De fato, em minha boca tinha a doçura do mel, mas depois de tê-lo comido, amargou-me as entranhas” (10,10).

A partir daí uma bola de neve começa a se formar. Os descontentamentos geram as murmurações (Jo 6, 61), as murmurações geram as críticas acirradas e estas por fim levam ao abandono do discipulado.

Jesus percebe esta bola de neve crescer no meio dos seus discípulos: “Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam…” (Jo 6, 61) e que a única maneira de resolver tal situação era passar a “peneira” e separar os verdadeiros discípulos dos falsos discípulos. Jesus vai pro “tudo ou nada”. Primeiro faz com que assumam de uma vez por todas que Ele havia se tornado para muitos deles causa de escândalo (v. 61); Segundo, que muitos dos que O seguiam estavam em busca de comodidades passageiras (v. 63, cf. v. 26); e por fim que outros já não acreditavam mais n’Ele (v. 64).

Jesus não poupa sequer aqueles que lhe estavam mais próximos: “Quereis vós também retirar-vos?” (Jo 6,67). Na pergunta de Jesus está subtendida três perguntas: Eu também me tornei para vocês motivo de queda? Vocês também estão atrás de mim só buscando comodidades? Vocês ainda crêem nas minhas palavras?

Jesus precisava mais do que nunca testar-lhes a fé e a motivação pela qual haviam deixado tudo e O seguido. Sabia que os discípulos haviam de passar por outras “crises” e que só conseguiriam superá-las se estivessem convicto de que não haveria mais volta. É isso que Ele esperava e foi isso que Pedro respondeu.

A resposta de Pedro é a resposta de todos aqueles que descobriram que foram feitos para a Eternidade (Sl 41, 3). Pedro representa aqui todos nós que mesmo sendo debilitados desejamos estar com Ele, vivermos para Ele, como Ele. Representa a cada um de nós que mesmo quando pensamos em abandonar tudo, nos sentimos impossibilitados, porque ACREDITAMOS e SABEMOS que só Ele é que é a razão da nossa existência e da nossa felicidade.

“Senhor a quem iremos nós? Tu tens as palavras da Vida eterna. E nós já temos crido e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68-69).

Pe. Gilson Sobreiro

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