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domingo, maio 08, 2011

Instruções Gerais sobre o Canto na Santa Missa

Série “Canto Litúrgico”, falaremos das instruções gerais que a Igreja nos dá em relação a cantar a missa: gestos, momentos, tipo de texto musical e melodias mais apropriadas para este ministério.
Quando a Instrução Geral do Missal Romano* (IGMR) explana das partes próprias do sacerdote dentro da Santa Missa, deixa claro que existem partes do rito, chamadas de “presidenciais”, que exigem ser proferidas em voz alta e distinta, sendo por todos atentamente escutadas; assim, conclui o texto dizendo que “enquanto o sacerdote as profere, não haja outras orações nem cantos, e calem-se o órgão e qualquer outro instrumento” (IGRM 32). Portanto, embora pareça dar beleza a estas partes, como o “Por Cristo, com Cristo e em Cristo (…)”, não devemos dedilhar o teclado ou o violão como que fazendo um ‘fundo musical’ para estes momentos. É costume em muitos ministérios se fazer este pano de fundo durante os momentos de silêncio, como no momento da Consagração do pão e do vinho, quando ocorre a transubstanciação, onde o sacerdote proclama “TOMAI, TODOS, E COMEI: ISTO É O MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS (…)”; em algumas comunidades até se entoa um canto de adoração após a consagração de cada espécie. Porém, fica claro na IGMR que este é um momento de silêncio absoluto, para que o coração humano preste total atenção ao milagre que se manifesta diante de nossos olhos: Jesus Hóstia Santa, presença real no meio de nós. Este é apenas um exemplo, e para continuar a falar de quando não devemos cantar ou tocar, falemos do silêncio como ação litúrgica dentro da Missa.
Nos tempos de hoje o que percebemos é um grande medo do silêncio dentro do Santo Sacrifício. Creio que se manifesta em nós um receio de que no meio do calar o fiel se disperse do objetivo daquele momento, mas, na grande maioria das vezes, acho mesmo que temos medo de que o silêncio seja interpretado como um erro por parte do ministério de música. É que também a assembléia nem sempre sabe do lugar e da importância do silêncio para falar com Deus dentro da Santa Missa. E assim, preenchemos todos os “vazios” com música. E isso nem sempre é correto.
A Instrução Geral (45) nos apresenta o silêncio sagrado como parte da celebração, que tem uma natureza específica para cada momento. Assim, temos muitos sacerdotes que pedem um momento de silêncio durante o ato penitencial, antes de entoar o canto; após cada leitura e após a homilia pode-se guardar um momento de silêncio para a meditação; após a comunhão é necessário haver um momento de reflexão interior, de silêncio! O quanto nós, ministros de música, temos roubado daqueles que comungam o Senhor quando estendemos demasiadamente o canto de comunhão, mesmo após a fila ter acabado; como logo engatamos o chamado canto de pós-comunhão ou ação de graças – numa nomenclatura mais arcaica – não dando espaço para que a comunidade fique a sós um instante sequer com o Senhor em seu coração. O Guia Litúrgico-Pastoral, da CNBB, pede que “privilegie-se o silêncio, após a comunhão, como expressão da intimidade pessoal e comunitária com o mistério” (p. 30). Que o Senhor faça nossos ouvidos sensíveis ao silêncio sagrado!
Em breve continuaremos este vasto assunto, abordando o canto gregoriano e as melodias e letras que a Santa Mãe Igreja concebe como as mais litúrgicas, além de outros detalhes para melhor celebrar o Santo Sacrifício com música.
*IGMR (Instrução Geral do Missa Romano) é a grande primeira parte do conteúdo do Missal Romano, aquele Livro digno de cor vermelha que permanece sobre o altar e de onde o sacerdote proclama todas as orações durante a Santa Missa. Nada mais natural de que naquele livro haja todas as indicações de como se deve proceder com o Santo Sacrifício, quais suas partes, elementos, tempos litúrgicos, como todos os participantes devem se portar, desde o padre, passando por leitores, acólitos, ministério de música até cada fiel que compõe a assembléia. Sendo a Igreja mãe amorosa, disponibilizou todo este conteúdo num livro que se encontra em qualquer livraria católica, para ser adquirido por qualquer pessoa, com o título “Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário – texto oficial”, produzido pela própria CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a um preço bastante acessível. Os números indicados nesta formação são as referências aos tópicos base para cada comentário, pois na IGMR cada parágrafo é numerado para melhor consulta.


Natalie Rosa P. Neves
Leiga Associada da Fraternidade Missionária O Caminho
Ministério de Música – São Luís/MA

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