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terça-feira, maio 31, 2011

Das Homilias de São Beda, o Venerável, presbítero

Maria engrandece o Senhor que age nela

Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46).
Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram
especialmente concedidos; em seguida, enumera os benefícios universais com que Deus
favorece continuamente o gênero humano.

Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida
interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela
pensar sempre no poder da majestade divina.
Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu
Criador, de quem espera a salvação eterna.

Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a mais plena
ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio,
amava com perfeito amor espiritual aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa
de sua alegria.

Com toda razão pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que
todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua
carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao
mesmo tempo seu Filho e seu Senhor.

O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49). Maria nada atribui a
seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom daquele que, sendo por
essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis,pequenos e fracos, em fortes
e grandes.

Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor,
ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras, que pela fé em Deus e pela
invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da
verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: Então, todo aquele que invocar o nome do
Senhor, será salvo (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer:
Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador.

Por isso, se introduziu na liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar, de cantarem
todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis,
recordando freqüentemente o mistério da encarnação do Senhor, se entregue com
generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de
Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na
hora das Vésperas, para que nossa mente fatigada e distraída ao longo do dia por
pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo
do repouso.

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