O discípulo, no caso, esta nossa Irmã, não é alguém que perde, mas alguém que encontra; não alguém que deixa, mas alguém que toma; não alguém que paga, mas alguém que recebe.
O vender tudo, para quem encontrou um tesouro, não é sacrifício: é um acúmulo de fortuna que faz exultar o coração e o enche de felicidade.
Diante de Cristo – o verdadeiro Tesouro, a verdadeira Pérola – tudo perde o seu valor, se relativiza; mesmo a atitude de “vender” os bens não significa outra coisa senão reunir forças suficientes para dar um passo definitivo para a posse do Bem Supremo. “Vender” os bens com alegria é exatamente a atitude amorosa de despojamento, de resignação e de renúncia.
Considerando... Uma pérola preciosa deve ser buscada na profundidade do mar. Por outro lado, uma pérola é fruto do sofrimento da ostra: quando um grãozinho de areia do fundo do mar se insere no interior da conchinha, acaba por ferir o molusco provocando-lhe um grande sofrimento. Tentando expulsá-lo, começa a envolvê-lo com uma secreção que vai pouco a pouco, tornando as arestas pontiagudas do grão de areia em superfície lisa e arredondada que, endurecendo, forma a PÉROLA.
O chamado para a vida em Cristo, na realidade é esse incômodo grão de areia que tanto faz sofrer aqueles que se apaixonam pelo Reino. O que leva a dar um passo tão empenhativo a não ser o fato de ter compreendido, como ensina o Evangelho, que o Reino dos Céus é “um tesouro” pelo qual vale verdadeiramente a pena abandonar tudo?
Só a adesão à Pessoa de Cristo torna uma entrega tão radical. Esta nossa Irmã se apercebeu quanto é amada por Deus e a sua entrega é a maneira de corresponder ao Seu Amor, de identificar-se com Ele, assumindo seus sentimentos e forma de vida.
Com a pobreza, proclama Cristo como sua única riqueza: “Tudo é meu, pois Cristo é meu!”...Não tem outro interesse que os de Deus.
Seguindo Cristo obediente, que em tudo depende de Deus, não tem outro projeto que aquele de Deus; seguindo Cristo casto, para com Ele e por Ele viver em uma relação de amor com o Pai quase total absorvente.
Os conselhos evangélicos são, pois, os traços característicos de Jesus, o primeiro consagrado do Pai.
Rezemos por nossa Irmã, para que, sustentada pela graça saiba proclamar com a vida a beleza e a felicidade de pertencer a Cristo, único e verdadeiro Esposo.
Seja-lhe concedida a capacidade cotidiana de viver a vocação como dom sempre novo e acolhê-la com um coração agradecido. “Dom sempre novo!”: a Profissão é algo dinâmico; é um ponto de chegada e um ponto de partida. É a vida segundo o Espírito, a vida do homem novo. Exige renovada tensão à santidade de vida de cada dia, tenha como escopo o radicalismo das bem-aventuranças, do amor exigente, vivido numa relação apaixonante e pessoal com o Senhor.
Nossa Mãe do Carmo sustente a fidelidade do seu “sim” e a ajude a conservar o olha sempre fixo em seu Divino Filho Jesus.
(Alocução da Priora em uma Profissão Temporária)
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