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sexta-feira, abril 29, 2011

Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

Provei e vi

Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o
sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto
mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu
sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma
permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à
luz de tua luz.

Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a
beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência
que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é
apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a
vontade que me torna capaz de amar-te.

Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender
quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza
de tua criatura.

Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a
ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor
todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas
as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o
Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a
Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu,o pão dos anjos, que
no fogo da caridade te deste aos homens.

Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce
sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!

Um comentário:

  1. Realmente é um grande santa, e que foi iluminada pela chama eterna da Trindade! É impressionante! Eu já senti um pouco isto, um início de êxtase, e imagino o que é viver em êxtase, ou inúmeras vezes, como ela! Pôxa, é impressionante!
    Prof. Milton Madeira
    Porto, Portugal

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