Páginas
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
A Santa Missa
"As Três Pessoas Divinas contemplam a Santíssima Virgem. Ela é sem mancha, está ornada de todas as virtudes que a tornam tão formosa e agradável à Trindade".
"Deus podia ter criado um mundo mais belo do que este que existe, mas não podia ter dado o ser a uma criatura mais perfeita que Maria".
"O Pai compraz-se em olhar o Coração da Santíssima Virgem como a obra-prima das suas mãos".
"Se um pai ou uma mãe muito ricos tivessem muitos filhos e todos eles viessem a morrer, restando apenas um, esse herdaria todos os bens. Pelo pecado original, todos os filhos de Adão morreram para a graça, e somente Maria, isenta do pecado, herdou as graças de inocência e favores que caberiam aos filhos de Adão, se eles tivessem permanecido em estado de inocência. Deus tornou Maria depositária das suas graças".
"Nesse período [antes do Natal], Jesus e Maria eram por assim dizer uma só pessoa. Jesus, nesses tempos felizes para Maria, só respirava pela boca dEla".
"Maria deseja tanto que sejamos felizes!".
"São Bernardo diz que converteu mais almas por meio da Ave-Maria que por meio de todos os seus sermões".
"A Ave-Maria é uma oração que jamais cansa".
"O meio mais seguro de conhecermos a vontade de Deus é rezarmos à nossa boa Mãe".
"Se o pecador invoca essa boa Mãe, Ela fá-lo entrar de algum modo pela janela".
"Se o inferno pudesse arrepender-se, Maria alcançaria essa graça".
"Maria! Não me abandoneis um só instante, permanecei sempre ao meu lado!".
"Tenho bebido tanto nessa fonte [no coração da Santíssima Virgem], que há muito tempo teria secado se não fosse inesgotável".
"Quando as nossas mãos tocam uma substância aromática, perfumam tudo o que tocam. Façamos passar as nossas orações pelas mãos da Santíssima Virgem. Ela as perfumará".
sexta-feira, fevereiro 25, 2011
Marta Robin
terça-feira, fevereiro 15, 2011
Católico, seja DECIDIDO, CONVICTO, VERDADEIRO, CORAJOSO, FIRME, FIEL... e aprenda a dizer NÃO aos protestantes mentirosos, que, como SERPENTES VENENOSAS, trabalham FURIOSAMENTE para SEDUZIR as almas imortais.
Leia com ATENÇÃO esse trecho dos Atos dos Apóstolos 13, 6 - 10: “Tendo atravessado toda a ilha até Pafos, aí encontraram um mago, FALSO PROFETA, que era judeu e se chamava Bar-Jesus. Ele estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem prudente, o qual mandara chamar Barnabé e Saulo, desejoso de ouvir a Palavra de Deus. Elimas, porém, o mago - assim se traduz o seu nome - COMEÇOU A OPOR-SE A ELES, PROCURANDO AFASTAR o procônsul da FÉ. Então Saulo, que também se chamava Paulo, repleto do Espírito Santo, FIXANDO NELE OS OLHOS, disse: 'Homem CHEIO de TODA FALSIDADE e de TODA a MALÍCIA, FILHO do DIABO e INIMIGO de TODA a JUSTIÇA, não cessarás de PERVERTER os CAMINHOS do SENHOR, que são RETOS?”
Bar-Jesus (Elimas), FALSO PROFETA, começou a opor-se a eles, procurando AFASTAR o procônsul da FÉ.
Católico, é assim que agem os PROTESTANTES: mentem desavergonhadamente... caluniam violentamente... seduzem incansavelmente e trabalham furiosamente para perverterem os CATÓLICOS.
Diante dos ATAQUES FERRENHOS desses LOBOS MENTIROSOS e CALUNIADORES, devemos nos defender e responder com a mesma coragem do Apóstolo São Paulo: “FIXANDO NELE OS OLHOS, disse: 'Homem CHEIO de TODA FALSIDADE e de TODA a MALÍCIA, FILHO do DIABO e INIMIGO de TODA a JUSTIÇA, não cessarás de PERVERTER os CAMINHOS do SENHOR, que são RETOS?” (At 13, 9-10).
Católico, não tenha os PROTESTANTES como IRMÃOS SEPARADOS, mas sim, como INIMIGOS PERIGOSOS que querem te LEVAR para o INFERNO; porque FORA da Igreja Católica NÃO HÁ SALVAÇÃO: “Não há salvação fora da Igreja” (São Cipriano), e: “Firmemente crê, professa e prega que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também, judeus, hereges e cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se unam a Ela” (Concilio de Florença), e também: “Esta verdadeira fé católica, fora da qual ninguém pode se salvar” (Pio IV).
Católico, não se deixe SEDUZIR pelos PROTESTANTES, mas trate-os com FIRMEZA e CORAGEM, assim como o Apóstolo São Paulo tratou Bar-Jesus (Elimas).
Lembre-se continuamente de que o PRIMEIRO "DOGMA" PROTESTANTE é SEDUZIR os católicos, levá-los para o caminho da perdição, para o inferno eterno.
Católico, os MUÇULMANOS perseguem os católicos com a espada; os HINDUS perseguem os católicos com o fogo; os COMUNISTAS perseguem os católicos com o choque elétrico... e os PROTESTANTES perseguem os católicos com a LÍNGUA.
Católico, se PREPARE para os ATAQUES dos PROTESTANTES estudando os seguintes ESCLARECIMENTOS.
Martinho Lutero: Pai dos Protestantes
Dizia Martinho Lutero: “Só há uma maneira desse ‘povinho’ fazer sua obrigação. É constrangendo-o pela lei e pela espada, prendendo-o em cadeias e gaiolas, da mesma forma como se faz com bestas selvagens... melhor a morte de todos os camponeses do que a morte dos príncipes... estrangulem os rebeldes como fariam com cães raivosos” (Discurso aos príncipes alemães para reprimir a revolta camponesa).
domingo, fevereiro 13, 2011
A Palavra de Deus, fonte inexaurível de vida. Que inteligência poderá penetrar uma só de vossas palavras, Senhor? Como sedentos a beber de uma fonte, ali deixamos sempre mais do que aproveitamos. A palavra de Deus, diante das diversas percepções dos discípulos, oferece múltiplas facetas. O Senhor coloriu com muitos tons sua palavra. Assim, quem quiser conhecê-la, pode nela contemplar aquilo que lhe agrada. Nela escondeu inúmeros tesouros, para que neles se enriqueçam todos os que a eles se aplicarem.
A palavra de Deus é a árvore da vida a oferecer-te por todos os lados o fruto abençoado, à semelhança do rochedo fendido no deserto que, por todo lado, jorrou a bebida espiritual. Comiam, diz o Apóstolo, do alimento espiritual e bebiam da bebida espiritual.
Se, portanto, alguém alcançar uma parcela desse tesouro, não pense que este seja o único conteúdo desta palavra, mas considere que encontrou apenas uma porção do muito nela contido. Se só esta parcela esteve a seu alcance, não diga que essa palavra seja pobre e estéril, nem a despreze. Pelo contrário, visto que não pode abraçá-la totalmente, dê graças por sua riqueza. Alegra-te por seres vencido, não te entristeças por
te ultrapassar. O sedento enche-se de gozo ao beber e não se aborrece por não poder esgotar a fonte. Vença a fonte a tua sede, mas não vença a tua sede a fonte. Pois, se tuasede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedento, dela poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também se secasse a fonte, tua vitória redundaria em mal.
Dá graças, então, pelo que recebeste. Pelo que ainda restou e transbordou não te entristeças. Aquilo que recebeste e a que chegaste é a tua parte. O que sobrou é tua herança. Se, por fraqueza tua, em uma hora não consegues entender, em outras horas, se perseverares, poderás recebê-lo. Não te esforces, com maligna intenção, por beber de um só trago aquilo que não pode ser tomado de uma vez. Não desistas, por indolência, de tomá-lo aos poucos.
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
Santa Escolástica, Virgem
terça-feira, fevereiro 08, 2011
Santa Inês
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
São João da Cruz: Um santo louco de amor
Vivido entre 1542 e 1591 na Espanha, sua vida é marcada, por um lado, pela dor infligida-lhe pela dura realidade externa, e por outro pela alegria da descoberta crescente de uma vasta e luminosa realidade interior.
Órfão de pai aos 3 anos, João de Yepes – seu nome civil - prova o esforço da mãe que procura corações benevolentes a garantir-lhe a sobrevivência. Na adolescência pode trabalhar e estudar.
Aos 21 anos faz-se religioso carmelita, mas sofre a angústia de não poder viver ali como queria, e sonha com a austeridade e o silêncio monástico dos cartuxos.
No ano em que se ordena sacerdote, em 1567, encontra-se com Santa Teresa, que o conquista para a sua obra de reforma entre os frades. No ano seguinte, em 1568, torna-se o primeiro carmelita descalço, assume o novo nome de João da Cruz e vive momentos de indescritível felicidade, num casebre perdido da zona rural de Ávila. A partir daqui empenha-se, até o fim da vida, em diversas tarefas entre os carmelitas descalços que vêem-se em ligeira expansão. Sua missão somente é interrompida pela perseguição dos padres da Ordem Carmelitana, que o escolhem como vítima do conflito gerado pelo crescimento dos descalços. Durante 9 meses, entre 1577 e 1578, é encarcerado no convento da cidade de Toledo. No meio de um sofrimento físico e moral somente imaginável por quem passou pela dura realidade da prisão, brotam do seu coração as mais belas poesias místicas já escritas, que revelam a experiência de um Deus que se faz prisioneiro do nosso amor.
Terminado o tempo da prisão, retoma suas atividades, até o ano de 1591, quando, em meio a uma surda perseguição dos seus próprios superiores, alegra-se por ver aproximar-se o almejado momento de poder ver rompida a tênue tela que o separava do seu divino amado.
São João da Cruz deixou-nos escritos de maravilhosa profundidade de vida espiritual. Seus escritos revelam a densidade de vida que ele mesmo viveu, e constitui doutrina insuperável, pela originalidade das considerações, a respeito do itinerário da vida cristã, desde seus primeiros passos às mais altas realizações nesta vida. A forma que envolve o conteúdo dos ensinamentos do místico doutor, é de igual modo, plena de beleza poética, pois somente a poesia é capaz de expressar sentimentos e realidades indizíveis.
Além das cartas, de pensamentos e ditos e outros escritos menores, São João da Cruz deixou-nos quatro grandes escritos que interrelacionam-se e onde desenvolve o dinamismo que toda pessoa humana é chamada a percorrer em sua relação com Deus. Tais obras são: Subida do Monte Carmelo, Noite escura, Cântico espiritual e Chama viva de Amor. As duas primeiras obras acentuam a purificação como passagem e caminho que concretiza a união, purificação que envolve atitudes que têm por protagonismo ora a pessoa que responde à graça, ora Deus mesmo que, aos passos da pessoa, toma o processo em suas mãos. As outras obras, ainda que tocando a realidade da purificação, centram sua atenção na vivacidade do amor que tudo pervade e nas consequências positivas da união com Deus, ideal último para o qual todos nós fomos criados.
O centro de tudo é sem dúvida o amor: força propulsora do processo, objeto de purificação que consiste em concentrar toda a sua força para Deus, fim e ideal do caminho. A união com Deus é união de amor com aquele que é amor. Ordenado para Deus, nosso amor recupera sua veemência, sua característica de força e movimento, afinal o amor é forte como a morte e sua medida é ser sem medida. Tão infinito como Deus é o amor, e, do mesmo modo como ele nos amou, à loucura, quando o amamos, somos levados a cometer por ele loucuras de amor. "Com ânsias de amores inflamada", diz um trecho de uma sua poesia, é assim que a alma caminha em seu caminho com Deus e para Deus. Amando assim, este santo carmelita tornou-se, sem dúvida, um louco, louco de paixão por Deus, e nenhum de nós que dele se aproxima e por ele deixa-se guiar, pode deixar de almejar a mesma loucura, de um mesmo amor.
A vida das Carmelitas Descalças nasce da chamada de Deus, edifica-se em Cristo, através do dom do Espírito Santo dado a Teresa de Jesus e João da Cruz. Vivem este carisma como fraternidades orantes ao serviço da Igreja, comunicando com a vida a experiência de amizade e intimidade com o Senhor. Irmãs de Maria, as Carmelitas aprendem dela a colher e fazer presente Jesus, para continuar a tornar visível a realidade da Sua encarnação no mundo.
A vida do Carmelo é um viver para Deus, buscando-O sobre todas as coisas
"A vocação das Carmelitas Descalças é um dom do espírito, que as convida a uma “misteriosa união com Deus” vivendo em amizade com Cristo e em intimidade com a Bem Aventurada Virgem Maria; a oração e a imolação fundem-se vivamente com um grande amor a Igreja.
Por isso, em virtude de sua vocação, estão chamadas à contemplação, tanto na oração como na vida. Este compromisso de viver em contínua oração nutre-se com a fé, a esperança e, sobretudo com o amor de Deus. Desta maneira, com um coração puro, puderam conseguir a plenitude da vida em Cristo e dispor-se a receber a abundância dos dons do espírito.
Por exigência do carisma Teresiano, a oração, a consagração e todas as energias de uma Carmelita Descalça, devem estar orientadas para a salvação das almas. Chamadas a viver “em obséquio de Jesus Cristo servindo-o fielmente com puro coração e reta consciência,” as Carmelitas propõem-se seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição possível. Para tal fim comprometem-se de coração a se doarem “totalmente e sem partilhas Aquele que é nosso Tudo”; a “imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se a sua vida que devem meditar para saber imitá-la”; e a “resolver-se desde o principio, com determinação a seguir o caminho da cruz, pois o mesmo Senhor mostrou ser esta a estrada da perfeição”.
A vocação do Carmelo na Igreja e a peculiar forma de vida instaurada e testemunhada por Santa Teresa de Jesus exigem daquelas que, acolhendo o chamado divino, desejam abraçá-lo, determinem-se firmemente a seguir os conselhos evangélicos “com toda a perfeição possível”, em prol das necessidades da Igreja, dentro de uma pequena comunidade bem arraigada na solidão, na oração e na abnegação". (Cf. Constituições)
Se você sente o chamado divino a tomar a atitude de abraçar o mundo na montanha do Carmelo, como tantas jovens hoje que optaram a estar escondidas com Cristo em Deus nos Carmelos do Brasil, procure um sacerdote, ou entre em contato com um dos Carmelos, mande um e-mail, envie uma carta, e sobretudo ore o seu chamado.
Aquele que a chama, chama-a porque a ama. Sentir o desejo de iniciar a aventura carmelitana já é uma grande graça. Mas é preciso decidir-se. Estaremos orando por você e as portas do Carmelo abrem-se para aquelas que Deus verdadeiramente enviou.
Uma jovem que deixa a sua casa para ingressar no Carmelo tem seu lugar na família ocupado pelo próprio Cristo. Além disso, ao abraçar o Carmelo, em Deus, que em tudo se faz presente, leva todos consigo e a todos abraça com seu amor e sua doação.
É uma coisa que não pode causar estupor na leitura dos escritos de Santa Teresa de Lisieux o seu amor, o seu interesse, o seu respeito e estima pelos sacerdotes. Sente antes de tudo a necessidade da oração pelos sacedotes. Entre as várias experiências da sua viagem na Itália, houve aquela particular que diz respeito aos sacedotes: "Não tendo vivido na sua intimidade, não podia entender a finalidade principal da reforma do Carmelo. Orar pelos pecadores me atraia, mas orar pelas almas dos sacerdotes que eu cria mais puras que o cristal parecia-me surpreendente! Ah! Entendi a minha vocação na Itália e não foi preciso andar muito longe para um conhecimento tão útil. Por um mês vivi com muitos santos sacerdotes e vi que, se a dignidade os exalta acima dos anjos, eles são todavia homens débeis e frágeis... Se os santos sacerdotes que Jesus chama no Evangelho sal da terra mostram na sua conduta que têm uma grande necessidade das orações, o que dizer dos tíbios? Jesus não disse: "Se o sal torna-se insípido, com que salgaremos?" "Oh Madre! - continua a santa - Como é bela a vocação que tem por findalidade conservar o sal destinado às almas! É a vocação do Carmelo, porque o fim único das nossas orações e dos nossos sacrifícios é de ser apóstolo dos apóstolos, orando por eles, enquanto evangelizam as almas com as palavras e sobretudo com os exemplos (MA 157).
Teresa do Menino Jesus faz referência à finalidade da vocação carmelitana dada por Teresa de Jesus, a fundadora, como meta do Carmelo Descalço, quando para suas carmelitas escrevia no Caminho de Perfeição: "Quero fazê-las entender, irmãs, que nós devemos orar sem fim para que os bons cristãos que estão dentro da fortaleza não passe nenhum para o inimigo e para que o Senhor santifique os capitães da fortaleza e da cidade, que são os pregadores e os teólogos. E assim como a maior parte destes pertence às Ordens Religiosas, orai ainda para que alcancem a perfeição do seu estado. Isto é absolutamente indispensável. Podeis perguntar-me porque insisto tanto sobre este ponto e porque devemos ajudar aqueles que são melhores de nós (...) Os capitães devem viver com os homens, conversar com eles, entrar nos palácios, misturar-se nas conversações do mundo, e não obstante isto devem manter-se estranhos, inimigos do mundo, habitar aí como se fosse em um deserto, emfim, ser anjos e não homens? (...) Persuasa de que de santos prelados depende a nossa própria santidade, não esqueçamos jamais de lembrar-lhes ao Senhor, porque se trata de uma coisa muito importante. O dia em que as nossas orações, nossas penitências, nossos desejos e jejuns não fossem empregados nisto que disse, não alcançareis o fim para o qual o senhor vos reuniu aqui (Caminho 2,8,10).
"Vim para o Carmelo para salvar as almas, e sobretudo para orar pelos sacerdotes
Este pensamento a acompanhará também no seu ingresso no Carmelo e depois por toda a sua vida: "Aquilo que vim fazer no Carmelo, declarei-o aos pés de Jesus Hóstia, no exame que precedeu a minha profissão. Vim ao Carmelo para salvar as almas, e sobretudo para orar pelos sacerdotes" (M 195). À irmã Celina escrevia no mês de julho de 1889: "Ó minha cara Celina, vivamos pelas almas, salvemos sobretudo as almas dos sacerdotes. Estas almas deveriam ser mais transparentes que o cristal. Mas, ai de mim, quantos sacerdotes não são bastante santos... oremos, soframos por eles, e no último dia Jesus será nos será grato por isto. Nós lhe daremos almas... Celina, compreende o grito do meu coração" (Ct. 74). Em 1890 escreve à mesma Celina: "Celina cara, é sempre a mesma coisa que tenho a te dizer: oremos pelos sacerdotes... A cada dia nos damos conta de quão raros são os amigos de Jesus. Parece-me que seja isto o que mais o fere profundamente... a ingratidão, sobretudo o ver que almas a ele consagradas dão a outros aquele coração que lhe pertence de maneira absoluta. Se quiser poderemos converter as almas; é preciso que este ano façamos muitos sacerdotes amarem Jesus, que o toquem com as mesma delicadeza com a qual Maria o tocava na magedoura" (Ct. 102). Portanto Teresa tinha um conceito altíssimo da vocação sacerdotal: os sacerdotes devem ser anjos e não homens. A um certo momento também Celina quer entrar no Carmelo. Teresa defende a vocação daquelas que a deveriam acolher na comunidade: "Jesus nos defendeu na pessoa da Madalena. Era à mesa, Marta servia, Lázaro comia junto com Jesus e seus discípulos. Quanto a maria, não pensava em comer, mas em dar prazer àqueles que amava. Assim, tomou o vaso de alabastro cheio de perfume de grande valor e, tendo quebrado o vaso, o derramou sobre sua cabeça. Então toda a casa se encheu daquele perfume, mas os apóstolos murmuravam contra ela. A mesma coisa acontece conosco: os cristãos mais perfeitos, os sacerdotes, acham que somos exageradas, que deveríamos servir como Marta, ao invés de consagrar a Jesus os vasos das nossas vidas com os perfumes que estão aí dentro. Todavia, o que importa se os nossos vasos se quebrem, a partir do momento em que Jesus é consolado e o mundo levado a sentir os perfumes que exalam e que servem para purificar o ar envenenado que respiram?" (Ct 118).
Teresa, entre as várias vocações do seu coração sedento para doar-se a Deus e às almas, sente todas as vocações: de apóstolo, de mártir, de missionário, de guerreira, mas sente também a vocação do sacerdote. "Com que amor, Jesus, te levarei nas minhas mãos, quando, à minha voz, descereis do Céu! Com que amor te darei às almas!... (MA 251). Em São Paulo ela encontrará a realização da sua vocação no amor, "que abraça todas as vocações, porque o amor é tudo, e abraça todos os tempos e todos os lugares, em uma palavra é eterno!" (MA 254).
Em uma oração feita para suas noviças, Teresa assim dizia: "Senhor, temos necesssidade de almas! Especialmente de almas de apóstolos e mártires, a fim de que por meio deles, possamos inflamar do vosso amor a multidão dos pobres pecadores" (P. 8). Em uma composição poética sobre o pequeno mendicante do Natal, que é Jesus Menino, escreve, sonhando semeadores: "Lá em baixo, sob outros horizontes, não obstante as neves e os gelos, douram as messes que o Menino Jesus protege. Mas quais as almas ardentes seriam necessárias para colhê-las? Colhedores que não temem o ferro e o fogo, nem a vontade de sofrer. Eu venho ao Carmelo sabendo que os meus votos são também os teus: irmã, gera para o Salvador almas de apóstolos, multidões" (CP 15,12). Eis a finalidade: gerar para o Senhor almas de apóstolos: eis a sua vocação carmelitana.
Certamente chegavam ao Carmelo pedidos de oração neste sentido e o seu espírito delicado não podia não sofrer e por isso se empenhava ainda mais neste serviço. Formar sacerdotes santos, delicados com o Corpo do Senhor. Pode quase parecer uma obssessão para Teresa do Menino Jesus. Na sua conhecida poesia "Viver de Amor", Teresa, em um certo momento, explicando os vários significados do seu viver de amor, exprime também este: "Viver de amor, ó meu Divino Mestre, é suplicar-te para espandir os seus rais nas almas eleitas e santas dos sacerdotes, para que sejam mais que um celeste serafim, e protejam a tua Igreja imortal... (P. 9,10)
Entre outros sacerdotes presentes na vida de Santa Teresinha, dois se destacam. A santa tinha manifestado o prazer que seria ter um irmão sacerdote. Ela ganha dois, confiados às suas orações e ajuda espiritual. As toma como verdadeiros irmãos. E como é agradecida a Jesus por isto: "Jesus meu, vos agradeço por satisfazer-me em um dos mais grandes desejos: o de ter um irmão sacerdote e apóstolo: sou indigna de tanto favor" (P.11). Na sua autobiografia Teresa descreve longamente os caminhos do Senhor para fazê-la irmã de dois sacerdotes missionários. A convite da Priora de tomar-lhe como seus irmãos espirituais, a santa aceita e escreve: "Madre minha, dizê-la da minha felicidade seria algo impossível, o meu desejo satisfeito de modo inesperado me fez nascer no coração uma alegria infantil, porque devo voltar no tempo da minha infância para encontrar a recordação daquelas alegrias tão vivas que a alma torna-se pequena para contê-las" (MC 330).
O primeiro filho espiritual da santa foi Maruício Bartolomeu Bellière, aspirante missionário que no dia 29 de setembro de 1897, às vésperas da morte da santa, embarcava para a Algéria para entrar no noviciado dos Padres Brancos. Depois de alguns anos de missão na África, apareceu-lhe a doença do sono, e voltou para a França onde morreu em 1907, aos 33 anos.
O outro irmão missionário foi entregue aos cuidados de Teresa no mês de maio de 1896. Trata-se de Adolfo Giovanni Luigi Eugenio Roulland, das Missões estrangeiras de Paris, que foi ordenado sacerdote no mês seguinte e partiu no dia 2 de agosto daquele ano para a China.Em 1909 retornou à França, assumiu diversos cargos e morreu em 1934. Teresa tentou rejeitar o segundo irmão missionário porque já empenhada nas orações pelo primeiro. A Priora foi irremovível. "O zelo de uma Carmelita deve abraçar o mundo" recordou-lhe a Madre. Santa Teresinha pensava então "de poder ser útil a mais de dois missionários, e não podia esquecer de orar por todos, sem esquecer-se dos simples sacerdotes, cuja missão às vezes é tão difícil quanto aquela dos apóstolos que pregaram aos infiéis" (MC 333). Assim a santa conclui seu relato: "Eis como fui unida espiritualmente aos apóstolos que Jesus me deu como irmãos: tudo o que me pertence, pertence a cada um deles".
A partir daí Teresa coloca-se em correspondência epistolar com os dois sacerdotes e futuros missionários. As suas cartas são de uma profunda espiritualidade dificilmente encontrável em outros lugares. Não só se abre com eles, mas explica a eles os seus sentimentos sobre a bondade e a misericórdia divina, sobre a confiança nas quedas, sobre a eficácia da oração, sobre o amor que une aos dois. A santa busca sustentá-los nas dificuldades e os ajuda com todos os meios consentidos à sua condição de Carmelita. Vejamos algumas expressões mais significativas.
Ao P. Roulland diz, desde o início, que preparará para ele o corporal e um purificador com uma pala para que tivesse o prazer de enviar-lhe no dia da sua ordenação. E diz: "Suplico-lhe, reverendo Padre, peça a Jesus por mim no dia no qual se dignará descer pela primeira vez do céu chamado pela tua voz, peça-lhe de inflamar-me com o fogo do seu amor, para que eu possa depois ajudá-lo a descer até os corações. Faz tempo eu desejava conhecer um apóstolo que fosse contente de pronunciar o meu nome no santo altar, no dia da sua primeira Missa. Desejava preparar-lhe eu mesma as alfaias sagradas e a cândida hóstia destinada a esconder sob o véu o Rei dos reis. Este Deus de bondade quis realizar o meu sonho e mostrar-me uma vez mais o quanto é pronto a alegrar as almas que não buscam outro que Ele. Quando o oceano o separar da França, recordar-se-á, olhando a pala que eu pintei com tanta alegria, que sobre o Monte Carmelo uma alma ora sem cessar ao divino Prisioneiro do amor pelo sucesso da sua gloriosa conquista". E conclui a primeira carta ao irmão missionário com um desejo: "Desejo, Reverendo padre, que a nossa união apostólica não seja conhecida por ninguém, a não ser Jesus...".
Teresa, assim, vive a missão da carmelita: de oferecer suas orações e sacrifícios escondidos pelas almas expostas às dificuldades de quem está na primeira fila do apostolado da Igreja: solidão, desencorajamento, incerteza e incompreensão. Toda a correspondência com o Pare Roulland, bastante numerosa, vai nesta linha. Menos numerosas são as cartas com o Clérigo Bellière: mas a ele será particularmente próxima durante a crise vocacional que o tomou durante o serviço militar: crise felizmente superada, como demonstra a sua ordenação sacerdotal, o seu ingresso entre os Padres Brancos e o seu breve apostolado na África, do qual teve que distanciar-se por causa da doença.
Viver pelos sacerdotes, estes homens de Deus que têm a Missão de tornar o Cristo presente em sua Igreja, eis um ponto fundamental na vocação da Carmelita. Unidas a eles, como Santa Teresinha, elas serão missionárias e apostólicas, porque plenamente convictas da grandeza da vocação sacerdotal e do bem que faz o testemunho de uma vida santa, às almas confiadas aos sacerdotes. Vida que é dom de Deus e Graça inteiramente sua, humildemente implorada na oração e pelo sacrifício e imolação de Teresa e suas filhas, de Teresinha e suas irmãs.
As Carmelitas Descalças formam o ramo feminino contemplativo da Ordem fundada por Santa Teresa de Jesus (de Ávila). A obra da Santa Madre do Carmelo Reformado iniciou-se com a fundação do mosteiro de São José de Ávila no dia 24 de agosto de 1562. Portanto, as monjas são o primeiro grande fruto do carisma da Santa Carmelitana que, posteriormente, estende-se na fundação de conventos de frades com a colaboração de São João da Cruz. Mais tarde também a ordem vai estender-se na formação de um ramo formado por leigos.
"O essencial da vida das monjas carmelitas é a busca incessante do encontro com Deus e da experiência da sua presença; do cultivo de uma íntima amizade com Cristo através de uma intensa vida de oração, no silêncio e na solidão; o tom mariano confere às monjas um exercitar-se contínuo no desenvolvimento das virtudes de Maria, mãe e mestra da conformação a Cristo; com a oração e o sacrifício como oferta de si, querem contribuir para a renovação interior do mundo e da Igreja, apontando, com sua vida toda dedicada à sinalização do "unicum necessarium.
A carmelita deve ser apostólica: todas as suas orações, todos os seus sacrifícios tendem a isso. A vida do sacerdote como a da carmelita é um advento que prepara a Encarnação nas almas. Um e outra podem irradiar Deus, doá-Lo às almas somente se permanecem em contato com as fontes divinas..."
"Do fundo da mia solidão do Carmelo, quero ser apóstolo, quero trabalhar pela glória de Deus e para isso é preciso que eu seja toda plena d'Ele. Então serei onipotente: um olhar, um desejo que formem uma oração irresistível que pode obter tudo porque, em certo modo, é Deus mesmo que oferecemos a Deus. Que as nossas almas sejam uma alma só n'Ele, e enquanto o sacerdote O leva às almas, eu ficarei em silêncio e em adoração junto ao Mestre como Madalena que ora para tornar fecunda nas almas a sua Palavra. Apóstolo e Carmelita são a mesma coisa! Demo-nos totalmente a Ele, deixemo-nos invadir pela sua linfa divina; que Ele seja a vida da nossa vida, a alma da nossa alma e permaneçamos conscientemente, gia e noite, sob a sua ação divina" (Carta 171).
"Amo contemplar a minha vida de carmelita nesta dúplice vocação: Virgem e Mãe. Virgem, casada com o Cristo na fé. Mãe, salvando as almas, multiplicando os filhos adotivos do Pai, os co-herdeiros de Jesus Cristo.
Parece-me que no céu a minha missão será aquela de atrair as almas ajudando-as a sair de si mesmas para aderir a Deus, com um moto totalmente espontâneo e cheio de amor, e de tê-Lo naquele grande silêncio interno que permite a Deus de imprimir-se neles, de transformar-lhes n'Ele mesmo. Ora, tenho a impressão de ver todas as coisas à luz do bom Deus. Oh, se pudesse recomeçar a minha vida, como queria não perder um só instante! A nós, esposas do Carmelo, não nos é permitido fazer outra coisa que amar, que viver em modo divino" (Carta 280).
Certas de que a oração transforma e santifica o mundo, santa Madre Teresa era convicta que uma vida de oração não se sustenta senão com a humildade, pobreza e o amor fraterno. Por isso as monjas buscam viver em comunidade, amando-se na partilha da vida e do trabalho, na alegria, no respeito e na simplicidade, procurando serem amigas e querendo-se bem. Por este motivo Santa Madre quis que as suas comunidades fossem pequenas no número de componentes, para favorecer o encontro cordial, amigável e afável entre todas. Santa Teresa idealizou e organizou seus Carmelos como comunidades orantes, pequenas e pobres, reunidas pelo amor ao redor do Cristo, com estilo próprio de alegria, fraternidade e humildade.
"Para uma carmelita não existe senão uma ocupação: amar e orar. Mas porque, ainda que vivendo já no céus, ela tem um corpo sobre a terra, deve, neste abandono de amor, estar ocupada para cumprir a vondade do Senhor... A jornada de uma carmelita é assim preenchida minuto por minuto pelo trabalho e pela oração... Queria que me observasse lavando a roupa no tanque com as vestes toda molhada... Com Jesus tudo é delicioso, não há mais dificuldade nem tédio algum em nada... Oh! Como se está bem no Carmelo!..." (Beata Elisabete da Trindade).
Teresa, para combater o mal que afligia o mundo, decidiu viver o Evangelho "com toda possível perfeição", junto a um pequeno grupo de irmãs, o "pequeno colégio de Cristo", enamoradas por Jesus e unidas entre elas por uma profunda amizade. Na organização da vida da comunidade busca-se viver nesta fidelidade e todos os momentos encontram naquele grande objetivo seu sentido.
Os diversos momentos da vida no Carmelo
Despertar: "Louvado seja o Senhor Jesus e a Virgem Maria sua Mãe... À oração, irmãs, ao louvor ao Senhor".
Ofício divino (6 momentos durante o dia): "É tão agradável unir-se ao céu para cantar seus louvores, nessa hora em que o Senhor se encontra tão só... parece então que o céu é a terra e que se unem para entoar um mesmo cântico." (Elisabete da Trindade)
"Os salmos são preciosos e são um grito humilde e confiado que a criatura dirige a seu Pai do Céu. A alma que verdadeiramente se enche deles ficará muito perto do céu, pois cantar o ofício é fazer o que fazem os anjos no céu." (Teresa de los Andes)
"Todo louvou divino se dá por Cristo e em Cristo." (Edith Stein)
"Creio de estar no céu quando estou no coro cantando os louvores à Santíssima Trindade. Jesus também canta com suas carmelitas, Ele eleva junto com suas esposas esse clamor puro e suplicante pelo mundo a seu eterno Pai." (Teresa de los Andes)
Oração mental (2 horas durante o dia): "Para mim a oração é um impulso do coração, um simples olhar dirigido ao Céu, um grito de agradecimento e de amor." (Santa Teresinha)
"A oração não consiste em pensar muito, mas em amar muito. Vede com que amos Ele nos olha." (Santa Teresa)
Eucaristia: "Quem na comunhão O recebe no mais fundo da alma, sentirá atraído mais e mais para a corrente da vida divina e o seu coração será configurado ao coração de Cristo." (Santa Edith Stein)
Trabalho manual: "Seja que cozinhe, trabalhe ou faça oração, tudo me resulta encantador, porque descubro a meu Divino Maestro em todas as partes. A Deus se encontra do mesmo modo, seja na lavanderia como na oração." (Elisabete da Trindade)
Exame de consciência (ao meio dia e à noite): "Quando o exame de consciência nos demonstra que muitas coisas ficaram por fazer, então é bom assumir tudo e deixá-lo nas mãos de Deus... voltaremos a encontrar a paz." (Edith Stein)
Refeições: "A mesa comum é símbolo da comunhão fraterna: durante as refeições as irmãs escutarão a leitura da Bíblia ou outras leituras úteis." (Constituições, 93)
Recreação: "Tudo é alegria e simplicidade no Carmelo e cada um se esmera em colocar um pouco de sua parte para alegrar as irmãs.
Nos divertimos muitíssimo... todas não fomamos senão um só coração." (Teresa de los Andes)
"Procurai dasafogar-se com as irmãs quando recreardes. Sede afáveis e procurem agradar e fazê-las felizes... quanto mais santas mais 'conversáveis' sereis com suas irmãs." (Santa Teresa)
Retiro na cela: "Quão bom é estar em minha querida cela! Tudo está tão cheio de Deus. Passo horas felizes a sós com meu Esposo. Para mim a cela é um santuário destinado só para Ele e para sua pequena esposa... eu calo e O escuto." (Elisabete da Trindade)
Leitura espiritual / formação: é muito bom 'letras' para tudo... Tenham bons livros, porque é tão necessário para a alma quanto a comida para o corpo." (Santa Teresa)
Trabalho: "Obras quer o Senhor e se vês uma enferma compadece-te dela e procura adiantar-te nos trabalhos para livrá-los do próximo, quando se oferecer." (Santa Teresa)
Repouso: "Obrigado por todos os benefícios que me concedeu neste dia. Amanhã, com a ajuda da tua graça, começarei uma nova vida.
Depois de vir assim cada noite, chegarei por fim à última noite da minha vida e então começará para mim o dia sem ocaso da eternidade, no qual descansarei sobre teu Divino Coração." (Santa Teresinha)
Sinal da dignidade da pessoa humana
"Santa Teresa diz que a alma é como um cristal no qual se reflete a Divindade. Eu gosto tanto desta comparação e quando vejo o sol invadir com os seus raios os nossos claustros, penso que Deus invada do mesmo modo a alma que não busca outra coisa senão Ele. Nosso Santo Padre João da Cruz diz: "Tu que és a mais bela das criaturas, alma que desejas tão ardentemente conhecer o lugar onde se encontra o teu Dileto para aí buscá-lo e unir-te a ele, és tu, tu mesma, o canto onde ele se refugia, a morada onde ele se esconde. O teu Dileto, o teu tesouro, a tua única esperança, é tão próximo de ti que habita em ti mesma, e, a bem da verdade, tu não poderias existir sem Ele!" Eis toda a vida do Carmelo: viver nele. Então todos os sacrifícios, todas as imolações tornam-se divinas, e a alma, em cada coisa, vê aquele que ama e tudo leva a ele: trata-se de um contínuo coração a coração!" (Elisabete da Trindade)
Testemunhas de uma felicidade indizível
"A minha felicidade cresce sempre, assume proporções infinitas como Deus mesmo. É uma felicidade calma, tão doce! S. Pedro na sua primeira carta diz: "Porque credes, sereis colmados de uma alegria inefável". Sou convicta que a carmelita alcança realmente toda a sua felicidade nesta fonte divina: a fé. Ela crê, como diz S. João, "no amor que Deus tem por ela", crê que este mesmo amor o atraiu sobre a terra e na sua alma; porque aquele que se é chamado a "Verdade" disse no Evangelho: "Permanecei em mim e eu em vós". Então, com toda simplicidade, ela obedece a um mandamento tão doce e vive na intimidade com aquele Deus que nela habita, que é mais presente de quanto não seja ela a si mesma. Tudo isto não é sentimento, nem imaginação. É pura fé.
Eis a vida da carmelita. Ela é antes de tudo uma contemplativa, uma nova Maria Madalena que nada deve distrair do único necessário... Uma carmelita é uma alma que fixou-se no Crucificado, que o viu oferecer-se como vítima ao Pai pelas almas, e recolhendo-se nesta grande visão da caridade do Cristo, entendeu a paixão de amor da sua alma e quis doar-se como Ele!" (Beata Elisabete da Trindade)
A dimensão missionária da Carmelita Descalça
Este é um dos paradoxos da vida carmelitana! O Carmelo é missionário. E ninguém melhor do que a Padroeira das Missões, Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, para nos falar dele. Ao descobrir que o Amor era sua vocação, Santa Teresinha nos ajudou a perceber que o mar e o céu não são limites para quem ama, pois o amor abraça tudo e todos. Cada Carmelo não é só fonte de irradiação de vida espiritual para sua diocese, seu clero, seu povo, mas é irradiação de vida para a Igreja Universal e para o mundo inteiro. Ao ingressar no Carmelo, entra-se no mundo, em todas as partes, na casa dos pobres e dos ricos, dos que estão perto e que estão longe. Uma carmelita torna-se cidadã do mundo. Ao assumir a pulsão do coração de Santa Teresa, seu coração passa a pulsar por todos. Cada carmelita torna-se cidadã de todos os países. Sofre e se alegra com todos os que sofrem e se alegram. O coração torna-se livre para ir em qualquer parte. O amor faz com que lhe seja possível dar a volta ao mundo. Tudo o que ocorre no mundo, ocorre no coração de quem ama.
Quando o coração se torna pobre, já não vive apegado à sua casa, ao seu quarto, à sua rua, aos seus, negócios: é livre… já pode partir. Pode ir e vir. É um navio que solta as suas amarras. Pode ir mar adentro, pode navegar até ao alto mar.
Ao descobrir que a sua “Vocação é o Amor”, Santa Teresinha compreendeu o verdadeiro sentido da sua vocação contemplativa e como ela influi na Igreja e no mundo. Compreende que ela não actua só, nem principalmente, através das orações de intercessão, mas pela transformação do próprio ser na união cada vez mais ]intima com Jesus. Essa mudança, que acontece em Teresa, e em cada vocação contemplativa, estende-se misteriosamente a todos os membros do Corpo de Místico, a toda a Igreja espalhada pelo mundo inteiro. Não sabemos nem o modo nem a medida desta influência, mas a realidade fala por si mesma, e é certo que existe uma mútua comunicação entre todos os membros. A sua vocação contemplativa não é a de evangelizar mas a de purificar, a de santificar, a de transformar a Igreja desde o interior, desde o coração, desde o Amor.
«Jesus foi mais misericordioso comigo do que com os seus apóstolos, tomou Ele mesmo a rede, lançou-a e retirou-a cheia de peixes… Fez de mim um pescador de almas. Senti um grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores, desejo que não tinha sentido tão vivamente» (A45v).
É assim que Santa Teresinha começa a descrever a sua vocação. Vocação que é resposta ao grito de Jesus na cruz “Tenho sede”, e que ecoava no seu coração. Estas palavras despertaram nela um fogo desconhecido e muito vivo. Consumia-a o desejo de dar a beber a Jesus a tal ponto, que assumiu em si mesma a sede Daquele que o seu coração amava. Isto é o bastante para que se determine a ficar aos pés da Cruz para receber a graça e reparti-la por todos. Ela propõe-se combater a heresia do seu tempo que é também a do nosso: a indiferença de muitos à redenção realizada por Cristo.
Neste combate todas as carmelitas são solidárias e em comunhão com Teresinha. E tal como ela assumem em si mesmas o desejo que Jesus tem de se encontrar com cada homem e mulher do nosso tempo. Este desejo é o impulso amoroso que leva cada Irmã a orar, a trabalhar e a sacrificar-se, fazendo da sua vida uma palavra viva do Deus Vivo.
O lugar de cada carmelita é junto à Cruz, é aí que ela recebe a graça que se converte em maternidade sobrenatural para todos os filhos de Deus. Ela vive a sua maternidade espiritual unida a Maria, a Virgem Sacerdotal, e participa da sua missão de mediadora da graça. Esta participação permite-lhe viver o seu sacerdócio real, comum a todos os fieis, unido ao sacerdócio ministerial de cada presbítero. Não só rezando por ele, mas estando unida a ele por um vínculo muito estreito, porque o sacerdote é o primeiro fruto da sua vocação missionária. É ele que fará da carmelita “mãe das almas”.
Teresa, numa das suas cartas, define a vocação missionária da carmelita duma forma tão interpeladora quanto desafiante para cada uma de suas Irmãs: «A nossa vocação não é ir ceifar os campos das messes maduras. Jesus não nos diz: “Baixai os olhos, olhai e ide ceifar”. A nossa missão é ainda mais sublime. Eis aqui as palavras de Jesus: “Levantai os olhos e vede”. Vede como no céu há lugares vazios; a vós toca-vos enchê-los. Vós sois o meu Moisés orante na montanha: pedi-me operários e eu os enviarei; não espero mais que uma oração, que um suspiro de vosso coração. (…) A nossa missão como carmelitas é a de formar trabalhadores do Evangelho que salvem as almas, das quais nós seremos mães. Parece-me tão bela a nossa missão!» (Ct 135).
A vocação missionária da carmelita entendida assim é de uma beleza rara. Beleza que a muitos atrai e fascina. Mas na realidade, a nossa Grande Missionária, diz-nos que estar em missão no Carmelo é uma “luta dura”, um “martírio doloroso”, que exige viver em pura fé.
«O martírio mais doloroso, o mais amado, é o nosso, porque só Jesus o vê. Não será nunca revelado às criaturas da terra; mas quando o Cordeiro abra o livro da vida, que admiração na corte celestial ao ouvir proclamar, juntamente com o nome dos missionários e dos mártires, o nome de umas pobres Irmãs que nunca fizeram coisas deslumbrantes!» (Ct 195).
Ser Carmelita é viver em Missão! Não é ter apenas uma missão para evangelizar, mas é tê-las todas.
O Mosteiro na Igreja local
"O mosteiro é o lugar que Deus cuida (cf. Zac. 2,9); é a morada da sua singular presença, à imagem da tenda da Aliança, na qual se realiza o quotidiano encontro com Ele, onde Deus, três vezes santo, ocupa todo o espaço e é reconhecido e honrado com o único Senhor.
Um mosteiro contemplativo constitui um dom também para a Igreja local, à qual pertence. Representando para Ela o rosto orante, torna mais plena e significativa a sua presença de Igreja. Uma comunidade monástica pode ser comparada a Moisés que na oração decide os destinos das batalhas de Israel (cf. Ex. 17,11) e à sentinela que vigia na noite na espera da aurora (cf. 21,6).
O mosteiro representa a intimidade mesma de uma Igreja, o coração, onde o Espírito geme e suplica pelas necessidades da inteira comunidade e de onde se eleva sem parar a ação de graças pela Vida que cada dia Ele oferece (cf. Col. 3,17).
É importante que os fiéis aprendam a reconhecer o carisma e a missão específica dos contemplativos, a sua presença discreta mas vital, o seu testemunho silencioso que constitui um chamado à oração e à verdade da existência de Deus.
Os bispos, como pastores e aperfeiçoadores de todo o rebanho de Deus, são os primeiros custodes do carisma contemplativo. Portanto devem nutrir a Comunidade contemplativa com o pão da Palavra e da Eucaristia, oferecendo também, se necessário, uma assistência espiritual adequada por meio de Sacerdotes preparados. Ao mesmo tempo compartilham com a Comunidade mesma a responsabilidade de vigiar para que, na sociedade atual tendente à dispersão, à falta de silêncio, aos valores aparentes, a vida dos mosteiros, alimentada pelo Espírito Santo, torne-se autêntica e inteiramente orientada à contemplação de Deus.
Somente na perspectiva da verdadeira e fundamental missão apostólica que lhes é própria, que consiste em "ocupar-se de Deus somente", os mosteiros podem, na medida e segundo as modalidades que convém ao próprio espírito e à tradição da própria família religiosa, acolher quantos desejam beberde sua experiência espiritual, participando à oração comum da comunidade (Instrução Verbi Sponsa, da Congregação Pontifícia para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, n. 8).