domingo, janeiro 29, 2012

"Meu Senhor onde estavas quando meu coração transbordava de amargura?"

Santa Catarina de Sena, grande mistica e doutora da Igreja, viveu na Itália no século XIX.


Durante sua vida, Catarina teve vários colóquios com o Divino Esposo, mas junto com esses colóquios vinham as tentações. Muitas vezes, em suas visões, ela enfrentara e combatera os demônios que a atacavam com violência inacreditável. Nem mesmo em sonho ela poderia conceber tão violenta investida.
Mas Catarina compreendeu que as tentações que suportava lhe eram impostas com o consentimento do Senhor, para que pudesse enfrentá-las e aproveita-las para o seu próprio bem. 


Certa vez, durante um momento de tentação, Catarina sentiu a alegria sobrenatural dos primeiros dias. E quando um dos demônios, o mais cruel e repugnante lhe gritou ao ouvido: "Em que estás pensando miserável criatura? Tua vida será toda feita de sofrimentos como estes; nunca terás sossego, não deixaremos de te atormentar enquanto não te submeteres á nossa vontade" - ela, porém, replicou: 
" - Escolhi essas tentações como um refúgio e declaro sentir-me feliz em sofrê-las, bem como a todos os padecimentos, seja de que origem forem, por amor ao meu Salvador, meu doce Amigo, e por amor a sua Glória, durante todo o tempo em que Ele, em sua Bondade infinita, quiser impor."
Seus biógrafos contam que a legião de demônios fora bruscamente derrotada. Desorientados, assustados, fugiam em debanda. E aos olhos de Catarina, Cristo Crucificado aparecia cheio de luz, chamando-a pelo nome, falou-lhe: "Filha, pensa nos sofrimentos que padeci por ti, e não julgarás tão penosos os que estás padecendo por Mim."


A visão modificou-se. O Senhor apresentou-Se a Catarina sob seu aspecto habitual. Falou-lhe dos árduos combates em que ela tiveram de empenhar-se para conseguir a vitória. Porém Catarina continuava tão perturbada, pela lembrança dos dias e noites de tremenda provação, que murmurou, como Santo Antônio no deserto: "Meu Senhor, onde estavas quando meu coração transbordava de amargura?"
"Estava em teu coração", respondeu o Senhor.


Estupefata ela pediu uma explicação para esse milagre. Eis o que disse o Senhor:
"Era Minha presença a causa do sofrimento e da angústia que te consumiam, ao sentires ao redor de ti a investida dos demônios. Se não sucumbiste, é que Minha Graça te servia de proteção. Não permiti que esses combates te fossem poupados, como tu me pedias, porque Me alegrava e te ver combater com tamanha intrepidez pela tua coroa de glória. No entanto, quando inspirada por Mim, oferecestes com tamanha generosidade suportar todas as torturas por Meu amor, foi por um ato de Minha vontade que te libertei de todos esses tentadores. Por teres combatido como um cavaleiro, mereceste e obtiveste graças ainda mais numerosas; doravante visitar-te-ei com mais frequência e te farei penetrar em Meu pensamento mais intimamente do que até aqui o fiz."


A visão desapareceu, mas Catarina guardou dela um deslumbramento invisível. E sentia-se sobretudo feliz pelo Mestre tê-la chamado de "Catarina, minha filha".

sábado, janeiro 28, 2012

A Castidade

Para a castidade ser compreendida, e principalmente vivida, exige um conhecimento exato e aceitação da sexualidade. Nos últimos tempos, a sociedade reduziu a palavra "sexualidade" á genitalidade, ou somente ao sexo. Relações sexuais, ou sexualidade, vai dizer a capacidade que os sexos tem de manter relações entre si, seja essa genital ou não. Além do mais, sexualidade, vai marcar aquilo que somos: homem ou mulher; distinguindo-se totalmente de órgãos genitais - a primeira (sexualidade) irá incluir a segunda (genitalidade) completando e superando grandemente.


Portanto a maturidade afetiva de uma pessoa é, pois, medida pela sua capacidade de estabelecer relações sexuais (sexualidade) - não importa se essas relações iram se traduzir ou não em relações sexuais(genitalidade). Ao contrário do que muitos pensam, a expansão da sexualidade de uma pessoa não exige relações genitais, pelo contrário, muitos problemas -  sexuais ou afetivos - que são vividos no casamento e no celibato evidenciam habitualmente dificuldades de relações com outro sexo (oposto ou igual). É nessa falta de maturidade, e principalmente de conhecimento, que vai levar muitas pessoas a associarem a castidade com a abstenção de relações sexuais genitais.


Á semelhança do animal o homem possui necessidades e instintos. O instinto é precisamente este dinamismo vital que leva o ser a agir para responder á sua necessidade. Mas já a necessidade vai tomar dois rumos: 1º a necessidade de ser no plano do individuo: eu assumo os meus desejos e vontades, e principalmente aceito a minha sexualidade, mas reconheço algo maior que a em mim, que me levar a ir á frente: estudar, trabalhar, e reconhecendo o chamado de Deus na minha vida, sigo-O, seja no casamento, no celibato, na vida religiosa ou no sacerdócio; 2º a necessidade da especie: é aqui que entra, de modo singular, a sexualidade genital - pois eu como ser humano tenho que corresponder ás necessidades do meu corpo, não somente sexual é claro, mas em tantos outros âmbitos, como comer, dormir, andar e tantas outras;


A castidade, por fim, terá seu objetivo próprio os impulsos carnais (a necessidade da espécie), pois a partir de um desejo  de doação total ao Reino de Deus, eu busco no domínio libertador destes impulsos e na autenticidade das relações sexuais a autenticidade do amor.


A castidade em sua totalidade, abrangerá todos os estados de vida (solteiros, casados) mas de maneira particular a cada um. A pessoa engajada no celibato consagrado ( o conhecido "voto de castidade") não tem por objetivo único um relação privilegiada com Deus, ela pode manter amizades eletivas, monossexuadas e heterossexuadas, se estas relaçoes se harmonizarem com o seu estado de vida, e principalmente, forem para ela fonte de libertação.






Dica: busquemos contemplar o novo rosto da Igreja hoje pelas novas comunidades, que em seu seio reúnem todos os estados de vida (casais e leigos).